Recuperar Senha
Fechar
Entrar

SENTINDO NA PELE

Esfregão, luvas e pano de chão: é assim que se deixa o Mineirão limpo

Repórter do Super FC encarna o papel de auxiliar de limpeza para cuidar dos banheiros, dos corredores, da esplanada e até dos vestiários do Mineirão

Enviar por e-mail
Imprimir
Aumentar letra
Diminur letra
PUBLICADO EM 04/09/15 - 21h02

Um Mineirão moderno não combina com sujeira. O visual clean de hoje nada lembra o velho Gigante, de saudosas paredes pichadas, áreas de terra e pintura desgastada com o tempo. Mas onde tem gente, tem o lixo. Nada mais feio do que um papel no chão, um copo jogado, um rastro de pegadas pelo caminho.



Mas se o torcedor, vez ou outra, se mostra mal-educado, entra em campo a equipe da conservação, a função encarnada da vez. De uniforme impecável e botinas de proteção, pego a vassoura e aprendo lições de higiene e, por tabela, de cordialidade também, porque não.

Ao entrar no estádio, qual o primeiro lugar que os aficionados procuram? Apertados depois de horas de concentração, bebedeira e comilança do lado de fora, o banheiro dá as boas vindas.

Tudo já tinha sido limpo com antecedência, logo depois do último jogo. A tarefa, agora, é manter o espaço em bom estado. Só que as solas do sapato deixam marcas no piso, a água no rosto respinga em toda a pia.

Não pode, não é apresentável. Com balde e esfregão seco tudo, em movimentos no formado de 8. Vale até a técnica do rodo na bancada do já experiente auxiliar Élton. “Só não pode usar o mesmo rodo no chão”, adverte.

FOTO: Moisés Silva
 Mineirão sentindo na pele
No banheiro, é preciso atenção em qualquer marca de sujeira

O público aumenta, é gente de um lado para o outro e você ali, limpando a sujeira que parece eterna. “Ah, não, espera secar, menino”, diria minha mãe. Não tem como. No dia da experiência, o jogo Cruzeiro e Goiás não levou grande público – pouco mais de 11 mil. Sorte a minha, porque, em dia de alvoroço, a lixeira chega a virar mictório, assim como os cantos das paredes, como relatam os faxineiros.

Lixeiras têm aos montes. E quem é que usa?

Na chegada do torcedor, ainda na esplanada, a triagem ajuda bem. Latas e garrafas vão direto para o lixo. Um trabalho a menos. Ou não. Parte do time, já separado em áreas e funções, tem que ficar esperto para o volume nos coletores. Em uma volta na região de acesso, dou uma mãozinha, retiro e reponho o saco plástico.

Mas a pipoca, hein? Maldita pipoca, que se espalha por todo lado. Aí não tem jeito. Vassoura e pazinha, grão por grão. Mas quisera eu se fosse apenas a pipoca. Bitucas de cigarro, panfletos picotado, chiclete. A esplanada está toda manchada desses últimos. Ah, se o torcedor fosse menos sujão!

FOTO: Moisés Silva
Mineirão na pele
Na esplanada, os lixos menores vão para os coletores

E, às vezes, nem adiantam tantas lixeiras espalhadas. Coloridas, identificadas para plástico, papel, metal e produtos orgânicos, quase nunca, recebem o descarte correto.

Emoção sem razão

O jogo começa e, claro, não vou poder acompanhar nenhum lance, nem sequer por radinho, salvo em andanças pelos corredores aliadas às espiadas nas TVs, o que não pode, diga-se de passagem.

Pelas cadeiras, o torcedor leva consigo o famoso tropeirão – servido em marmitas de isopor –, copos de água ou de refrigerante, sorvete no palito e até um caderninho com informações distribuído ao torcedor, tudo, potencialmente candidatos a lixo. O espaço, aos poucos, vai ficando imundo. E quem vai se importar com isso frente à ansiedade de ver seu time em campo. É gol! E tudo se espalha ainda mais.

Com a colaboração da Asmare – que já havia passado nos bares para recolher o lixo para ser reciclado –,  a concessionária distribui sacolas plásticas para que o torcedor ensaque o próprio lixo. Eu vou lá, incentivo. Houve até quem solicitasse a sacolinha por iniciativa própria.

Será que deu certo? No fim do espetáculo, a equipe se reúne e parte para o mutirão de catação. Vamos lá que o serviço está acabando! Não esperava uma atitude tal como os japoneses na Copa, mas até que me surpreendi.

FOTO: Moisés Silva
 Mineirão sentindo na pele
Após o jogo, a equipe faz mutirão para catar lixo na arquibancada

Falei com o colega: “vai estar cheio de sacolas vazias pelo chão”. Não encontrei nenhuma. Embora quase ninguém tenha tido o trabalho de levar o lixo para a lixeira mais próxima, muitos torcedores ensacaram e amarram as sobras. Ficou pelos degraus. Taí um primeiro passo para um Mineirão cada vez belo.

O vestiário e seus restos

E você pensa que só os torcedores jogam lixo no chão. No fim do expediente, a tarefa derradeira era passar o pente-fino no vestiário dos atletas. Restos de atadura, copos, papel, tampas e garrafas de hidrotônico, sabonetes, comprimidos para gripe e ainda restos de grama. Para loucos e fanáticos, aquilo pode até ser batizado de relíquia daqui a alguns anos. Para mim, é lixo como todos os outros.

FOTO: Moisés Silva
Mineirão sentindo na pele
A sujeira no vestiário fica toda espalhada pelo chão

Espaço para vômitos

Ao receber as orientações do supervisor Claudio, fui apresentado a um termo curioso, para não dizer estranho. Sabia que o Mineirão é cheio de vomitórios?

Os corredores de acesso às arquibancadas são popularmente chamados assim por serem locais onde os torcedores costumeiramente soltam as golfadas. Normalmente, não dá tempo de chegar ao banheiro. Ainda bem que por essa situação eu não precisei limpar.

Rádio Super

O que achou deste artigo?
Fechar

SENTINDO NA PELE

Esfregão, luvas e pano de chão: é assim que se deixa o Mineirão limpo
Caracteres restantes: 300
* Estes campos são de preenchimento obrigatório
Log View