Custódia
Falta de água chega à área urbana de cidade
Em uma estrada vicinal poeirenta, estava Francisco de Assis Sales da Silva, 43, a bordo de uma carroça içada pelo jumento Roxinho. O homem levava alguns galões d’água para casa. Morador da zona urbana de Custódia, Pernambuco, num conjunto popular entregue a famílias de baixa renda há poucos anos, Francisco é mais um que sofre com a falta d’água em casa e vai em busca do suficiente para tocar a vida por cinco dias, junto com a mulher e o filho de 18 anos. Quando questionado sobre sua profissão, ele ri: “Sou um faz-tudo. Pedreiro, servente, marceneiro... Tudo... (risos)”.
O semblante alegre só muda ao falar das expectativas para as obras de transposição que, um dia, foram aguardadas com ansiedade. “Não tenho esperança de que essa água chegue. Tudo está parado por aqui. Já perdi a fé há um tempo”, fala. Os olhos do homem ficam marejados, e ele se cala. Olha em volta e segue seu caminho, num incômodo silêncio. A alguns metros de onde Francisco parou há uma escola municipal, que foi abandonada por causa da seca.
“Não tem muito o que dizer para ele”, afirma Luiz Roberto da Silva, responsável pelo abastecimento rural de Custódia.