Adinkra é uma palavra africana que significa “adeus”. É um conjunto de ideogramas que tem como objetivo valorizar e preservar o legado e as tradições africanas. Esse sistema de escrita sagrado conta com elementos simbólicos presentes na cultura, na arquitetura e no cotidiano africano. Cada um dos ideogramas possui um significado.
Quem ensina sobre esse sistema ancestral é Pérès R. Songbe, 26, professor de francês, tradutor, ator, pesquisador e arquiteto em final de formação e nascido em Benin, pequeno país situado no oeste da África. Há cinco anos no Brasil, ele chegou aqui por meio de um intercâmbio e em breve voltará para sua terra natal.
“As tecnologias ancestrais africanas estão presentes em todo o mundo e são compostas por mais de 400 símbolos de escritas que expressam histórias, filosofias, sabedorias e provérbios africanos, normas sociais, valores tradicionais, códigos de condutas e muito mais. Elas se originaram dos povos Akan, da atual região de Gana, Costa do Marfim, Togo e Benin”, explica Songbe.
O pesquisador revela que esses símbolos eram inicialmente utilizados em tecidos, roupas, joias, esculturas em paredes, madeira e ferro, também em obras de arquitetura, pinturas e tatuagens. “Este sistema de escrita é uma forma de comunicação milenar considerada sagrada, muito avançada e muito bem-elaborada. Espalhou-se depois pelo mundo inteiro com as invasões coloniais”.
Aqui, no Brasil, a adinkra, diz Songbe, “está presente em elementos arquitetônicos como grades, portões, janelas, paredes, sacadas, forro, azulejos etc. Mas também são muito utilizados em tatuagens, na moda, em joias e diversos acessórios”.
Os africanos que foram trazidos para o Brasil, diz Songbe, “não só trouxeram esse sistema de escrita, mas também toda a tecnologia e conhecimento para essa concepção. E isso é só a ponta do iceberg da riqueza da contribuição de nossos ancestrais africanos. As mãos africanas que construíram o Brasil detinham muito conhecimento, inteligência, ciência e tecnologia em todas as áreas. Inclusive, ensinaram ao colonizador, mas sabemos quem de fato levou os créditos”, enfatiza o pesquisador.
SERVIÇO: Mais informações:@peres.songbe_oficial
A escrita sankofa significa “volte e pegue”. Ela nos ensina sobre a importância de voltarmos às nossas raízes e ao nosso passado para aprender com eles, para construirmos melhor no presente o nosso futuro.
Dwenimmen (chifres de carneiro) é um símbolo de humildade e força (na mente, no corpo e na alma) e também de sabedoria e de aprendizado. Ele aparece como destaque no logotipo da Universidade de Gana, a mais antiga e a maior das 13 universidades públicas nacionais e uma referência para o intercâmbio no continente africano.
Asaase ye duru (a terra tem peso) é símbolo da providência e da divindade da Mãe Terra. Representa a importância da Mãe Terra na manutenção da vida.
Nyame dua (árvore de Deus) significa a presença de Deus e a sua proteção.
Odo nnyew fie kwan (o amor nunca perde o caminho de casa) expressa o poder do amor, fidelidade e lealdade.