Fungo resistente a diversos medicamentos e descoberto há cerca de dez anos, o Candida auris pode estar sendo disseminado pelo planeta graças ao aquecimento global.
É o que sugere um estudo publicado na “mBio”, revista da Sociedade Americana de Microbiologia.
O microrganismo, que se tornou uma ameaça à saúde pública, pode ser o primeiro exemplo de uma nova doença que surge em consequência das mudanças climáticas.
“O aquecimento global pode levar a novas doenças fúngicas que nem conhecemos agora”, afirma Arturo Casadevall, um dos autores do estudo e especialista em imunologia da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg, em Maryland (EUA).
“Nosso argumento, com base na comparação com fungos parentes, é que, como o clima ficou mais quente, alguns desses organismos, incluindo o Candida auris, adaptaram-se à temperatura mais alta e, à medida que se adaptam, romperam a barreira protetora humana”, diz.
Disseminação
O fungo, descoberto em 2009, emergiu em três continentes simultaneamente. Em cada um deles, o microrganismo era diferente geneticamente. Ele atinge pessoas com o sistema imunológico debilitado e pode causar diversos tipos de infecção e até a morte.
Até agora, não estava claro o que estaria por trás da disseminação desse fungo. “As razões pelas quais as infecções fúngicas são tão raras em humanos é que a maioria dos fungos no ambiente não pode crescer à temperatura ou ao nosso corpo”, diz Casadevall.
“O aquecimento global levará à seleção de linhagens fúngicas mais tolerantes termicamente”, alerta, acrescentando que é preciso investir na vigilância de doenças fúngicas.