Não, astrologia não é ciência, desista de entendê-la dessa forma. Mas se tem uma coisa que já estava escrito nas estrelas – e 2020 tem nos mostrado – é que, mesmo que não seja possível adivinhar, a astrologia consegue apontar tendências e nos ajuda a tomar resoluções mais assertivas. E este ano não nos deixa mentir. A maioria das previsões já garantia que 2020 seria um ano com mais baixos do que altos. Alguns astrólogos, inclusive, afirmaram que este ano seria um dos mais desafiadores dos últimos 200 anos, isso tudo por causa da tríplice conjunção entre Júpiter, Saturno e Plutão – para se ter uma ideia, esse posicionamento é muito próximo daquele em que os céus estavam durante a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria.
A má notícia é que as coisas não vão melhorar tão rápido, os astros não vão facilitar pelo menos até 2023. O céu está todo retrógrado, e, para piorar, nos próximos dias, Marte, o planeta relacionado à raiva e ao sexo, vai andar para trás até 15 de novembro. Se você tem sol, lua ou ascendente em capricórnio, áries, câncer ou libra, te desejamos boa sorte. Mas os escorpianos, leoninos, aquarianos e taurinos também precisam começar a se preparar, o céu não vai estar favorável nos próximos dois anos.
“As pessoas temem tanto o mercúrio retrógrado, mas ele é só uma chuvinha se comparado à retrogradação de Marte e do que outros planetas representam. Essa questão de Marte vai fazer com que uma nova onda do coronavírus possa surgir. Em 2021 e em 2022, vamos ter uma quadratura de Urano e Saturno, e os signos fixos, como escorpião, leão e aquário, vão sentir mais, vamos passar por mudanças importantes, será uma briga entre passado e futuro, mudanças que precisam ser feitas, mas que é preciso maturidade para entendê-las", explica a astróloga Bárbara Burgo.
"Temos que ter em mente que nada é de todo ruim. Estávamos na vibração dos signos de terra, em que as coisas materiais tinha muito valor, até por isso vivemos a explosão do êxodo rural com as pessoas saindo do campo. Isso gerou muitas desigualdades. Agora com o fim desse ciclo, estamos encerrando isso e vivendo a era dos signos de ar, que fala sobre a propagação da informação. O importante é a liberdade. Até 2022 temos que nos reorganizar a essas mudanças de paradigmas, vão ser momentos difíceis para a sociedade repensar em como vive e consome. Definitivamente 2020 foi o ano mais difícil, gradualmente vai melhorando, mas só em 2023 viveremos uma fase de mais harmonia, entendimento e equilibrio", completa a especialista.
De acordo com a astróloga Carolinne Salvio, 2020 é um ano regido pelo sol, marcado pelo egocentrismo. Para o próximo ano o foco será nas relações. "Até por isso se tem a questão do isolamento. Já sabíamos que 2020 seria transformador, enquanto não houver mudanças não existe transformação, sem esse impacto a tendência é que vamos levando com a barriga as situações, isso é natural do ser humano. Claro que cada pessoa vai ser impactada de uma maneira, mas pessoas com sol em capricórnio e câncer tendem a sentir mais esse processo. Em 2020 foi o ano de olhar para dentro, por isso, 2021 as atenções serão para as relações", afirma a paulistana, dona do instagram @carolsalviop.
Para o astrólogo Leonardo De Moura, idealizador do Astrollogia do Seer, "tudo na vida é cíclico". "O estágio atual que estamos passando vem representar finalizações e novos começos, ou seja, é um período de transmutação. Aqueles que têm consciência disso podem encontrar meios de se adaptar, preparar-se e ter paciência para a chegada dos novos tempos. Por isso, 2021 será um ano de necessidades de novos aprendizados e desenvolvimento de novas habilidades para enfrentar os resultados materiais e psicológicos do contexto caótico que terá sido 2020”, pontua.
Mas, calma, nem tudo depende só dos astros. Para a rainha do tarô e da astrologia nas redes sociais, Tatiane Lisbon, ou melhor, a Papisa, a astrologia pode ser comparada a um GPS – você não precisa seguir à risca, mas ela te orienta a seguir os melhores caminhos.
“A astrologia é uma metalinguagem poderosa que acompanha a humanidade há mais de 6.000 anos. Claro que na era mais digital de todas, onde tudo é online, ela vem com tudo. Digo que a astrologia é um grande algoritmo da vida, milenar, está dizendo como o universo funciona mais como um grande pensamento do que como uma grande máquina", avalia a canceriana com ascendente em aquário, lua em peixes e mercúrio em leão. Traduzindo: não tem como duvidar. Papisa sabe tudo, é ambiciosa, coloca as questões sociais à frente de tudo, ouve e fala só depois de muito analisar.
A astróloga Carolinne Salvio também corrobora a tese que astrológia não é previsão, mas sim ferramenta de autoconhecimento. "Astrologia é energia, é tendência, é uma ferramenta necessária que se aprenda a usar para aplicar em nossas vida. A astrologia traz toda energia que existe dentro de nós através do mapa astral e do mapa atual, mas cabe a nós trabalhar essas forças", destaca.
Minientrevista
Tatiane Lisbon, a Papisa
Astróloga, numeróloga e taróloga
As previsões já explicavam que 2020 seria um ano difícil, mas, astrologicamente falando, por quê 2020 deu esse "olê"na gente"? Refrescos só no ano que vem? Como você avalia astrologicamente 2021? Como será? Um dos aspectos mais desafiadores do ano está relacionado a essa aglomeração de planetas no eixo capricórnio e agora em aquário. Toda vez que acontece estas conjunções, os planetas ficam muito próximos um do outro, principalmente nos astros que indicam questões sociais e estruturais e tem impacto maior no coletivo. A análise astrológica, que se tem há décadas, é que são momentos de crise, de situações inoportunas. A primeira conjunção que teve foi logo no início do ano, em janeiro, entre Saturno e Plutão, em uma conjunção exata em capricórnio. No dia 9 de setembro, Marte vai ficar retrógrado em áries. Marte é tudo aquilo que representa nossa iniciativa, coragem e vontade de ir para frente e ir atrás do que desejamos. Com ele retrógado vai ser o momento de reaver, ressignificar e reorganizar tudo que pode acontecer. A próxima conjunção muito importante que teremos vai acontecer no dia 20 de dezembro, entre saturno e júpiter em aquário. Vai ser um marco para a nova fase. Mas, para 2021, vindo de todo esse ano, vai ser um momento de entender que as coisas podem parar de piorar, mas será preciso ter responsabilidade e entendimento com tudo que 2020 representou. Essas coisas que estão acontecendo não são do nada. Astrologicamente é um encontro, mas as influências e simbologias representam coisas muito complexas. Enfim, para 2021, considerando tudo isso, dá para considerar que as coisas param de piorar, mas ainda teremos muita restrição, as coisas vão acontecer com influências e marcado do que foi 2020, mas isso já vai para o lado de viver e conviver com isso e seguir em frente ao mesmo tempo enquanto estamos sendo transformados.
Existe algum signo que é mais impactado ou sente mais esses movimentos? Os signos mais impactados nessa história toda eu vou considerar aqueles que estão no eixo, que seriam capricórnio, onde tudo está acontecendo; câncer, que é seu oposto complementar e está na base recebendo o rebote de tudo; gêmeos, onde vão rolar os eclipses em 2021; e sagitário, dando sensação que as coisas estão passando para um lado, mas elas estão indo para um outro.
Saindo das previsões, esses movimentos dos planetas sempre afetam as nossas vidas. Esse ano temos mais um mercúrio retrógrado, que é conhecido e temido por muitos. Por que temos tanto medo dessas retrogradações? Sempre que um planeta fica retrógrado é como se as influências daquele astro passassem em revisão na nossa vida. Não quer dizer que o planeta está andando para trás, é mais uma ilusão de ótica da gente aqui da Terra olhando para o céu. Mas essa desaceleração do movimento, que gera a retrogradação, traz atrasos e empecilho. Mercúrio é muito conhecido porque ele fala de toda parte de comunicação, contato e pessoas. E, na era onde é tudo é digital, não precisa nem dizer porque ele é mais temido que os outros.
E a curiosidade que todos querem saber: por que Papisa? Eu me identifico muito com uma das cartas do tarô que é a carta número 2. Identifico com a simbologia dela, os significados e tudo mais e, curiosamente, há uns dez anos, alguns amigos me chamavam de Papisa, porque sempre quando lia tarô saia a carta da Papisa. Depois de alguns anos, só em 2015, quando eu reconheci esse meu potencial e gosto, vi que poderia ser algo rentável também. Se eu gosto do que eu faço e as pessoas tem interesse, por que não? Então resgatei o nome Papisa, porque tinha tudo a ver. E hoje estou aqui fazendo umas das coisas que eu amo muito e estou encontrando significados para os acontecimentos cósmicos também.
Mitos e verdades
Horóscopo: crer ou não crer
Segundo os astrólogos ouvidos pela reportagem, o problema da maioria dos horóscopos é que ele são muito genéricos. As previsões que lemos por aí são baseadas apenas nos signos solares, o que é muito pouco para definir e prever as características e tendências para um indivíduo. Um horóscopo completo seria aquele que leva em conta o seu mapa astral inteiro.
Inferno Astral existe?
Sim, mas não é o fantasma que a maioria das pessoas imaginam. O que explica o motivo de muitas pessoas sentirem os 30 dias que antecedem o aniversário como o verdadeiro inferno é que o período é como se fosse o universo te cobrando a fazer uma autoanálise do que você realizou no último ano.
Mapa astral vale a pena?
Sim, é uma ótima ferramenta de autoconhecimento. Sabendo como os astros estavam posicionados no momento exato do seu nascimento é possível conhecer e refletir quais são suas características, tendências e atitudes. A boa notícia é que tem mapa astral para todos os gostos e bolsos. Existe mapa astral até por R$ 500.
Eclipses: como me proteger?
Os eclipses são períodos marcados por crise, mas nem sempre é só coisa ruim. Os astrólogos explicam que durante os eclipses algumas forças que estavam adormecidas vêm à tona. Então, são momentos importantes para autorreflexão.
Astrologia não é psicologia
É preciso responsabilidade. A astrologia e outras ferramentas de autoconhecimento, como o tarô, podem até te indicar alguns caminhos, mas é preciso autorresponsabilidade. Só a terapia te dará respostas definitivas.