Você já teve a sensação de que seu cérebro estava “desativado”? Já se sentiu desencorajado, sem foco ou sobrecarregado? Existem tendências nocivas em sua família ou em sua vida que aparentemente você não consegue interromper? Você começa o dia exausto e deprimido? Está ansioso quanto ao futuro?
Se você respondeu “sim” a uma dessas perguntas, não está sozinho. Mais e mais pessoas estão sofrendo de ansiedade, depressão e esgotamento mental, frustração, angústia, raiva, desgosto, sinais físicos de alerta de um desequilíbrio que não pode ser ignorado.
A patologista de linguagem e neurocientista Caroline Leaf, respaldada por pesquisa clínica e baseada em estudos de caso de grande impacto, apresenta um plano de cinco passos, comprovado cientificamente, para eliminar esses pensamentos tóxicos. Esse gerenciamento estratégico da mente, que denominou de neurociclo, passa pelas etapas de reunir, refletir, escrever, verificar e alcançar.
“Você pode se tornar o design de interior de sua mente e cérebro usando os princípios da neuroplasticidade. Quando nosso pensamento é tóxico, pode comprometer a reação ao estresse, que então passa a trabalhar contra nós, não a nosso favor. Isso, por sua vez, pode nos deixar vulneráveis a doenças”, ensina Caroline.
A lógica é fácil. “Quando a pessoa se encontra em um estado de pensamento tóxico, a liberação dos hormônios do estresse, como o cortisol e a homocisteína, pode afetar significativamente os sistemas imunológico, cardíaco e neurológico. O gerenciamento mental é o segredo para a paz mental, o lugar onde você encontra sua própria medida de sucesso”, diz a neurocientista.
O cérebro é o órgão físico que filtra e reage à mente. “Creio que a mente é a maior parte de nós, ou seja, abrange de 90% a 99% de quem somos. Há forte evidência de que a mente em ação, ou seja, nosso pensamento, sentimento e escolha, incluindo os atos de prestar atenção em alguma coisa, fortalecer a memória de modo deliberado, prever algo e aguardar um evento – afeta nossa plasticidade cortical (neuroplasticidade). Reformula nossa paisagem mental”, salienta Caroline.
Com base em suas pesquisas de mais de 30 anos, a neurocientista desenvolveu um processo simples de cinco passos para o gerenciamento mental, que chamou de “neurociclo”, respaldado na ciência do pensamento. “A verdadeira transformação pessoal exige gerenciar a mente para reprogramar e regenerar os caminhos neurais e criar novos hábitos. Com o tempo, à medida que gerenciamos nossos pensamentos, o estado inteiro do cérebro, bem como as estruturas celular e bioquímica, muda e define um novo nível saudável de equilíbrio na mente, no cérebro e no corpo”, resume Caroline.
O primeiro passo proposto é reunir. “Você aceita as memórias físicas, emocionais e informativas interligadas dentro de seus pensamentos. Esse passo força você a sintonizar os estímulos da mente não consciente. O objetivo é prestar atenção e concentrar-se em seus comportamentos, particularmente nos sinais vindos da mente que são conscientes”, explica a neurocientista.
Chega a hora de fazer uma autópsia mental
O passo dois, diz ela, é refletir. “É nele que você pergunta, responde, discute as informações reunidas no passo um com as perguntas ‘o que, quando, onde, por que e como’. O propósito é entender seus comportamentos e sua comunicação e como eles se relacionam com o que você está pensando, sentindo, escolhendo e experimentando para encontrar a origem, a raiz daquilo que você está sentindo”, ensina Caroline Leaf.
A próxima etapa é escrever. “O cérebro produz ou ‘escreve’ proteína quando os genes são ligados ao pensamento, ao sentimento e à escolha. Quando você escreve o que pensou no passo dois, a escrita consolida a memória e acrescenta clareza ao que você está pensando, permitindo-lhe identificar a área que precisa ser desintoxicada ou qual pensamento que precisa ser formado”, comenta a neurocientista.
Pronto para o próximo passo? “Verificar o que você escreveu. Trata-se de um processo de edição para checar a precisão e encontrar padrões em seu modo de pensar como se fosse uma autópsia mental. Você muda do ‘por que, o que’ para mais perguntas do como e quando’. Esse processo permite reconceituar o pensamento tóxico e transformá-lo em um hábito de pensamento saudável”, acentua Caroline.
E, por fim, tomar uma atitude. “Você decide qual é a ação diária enquanto se dedica aos cinco passos. Ela deve ser simples, rápida e eficiente e fácil de aplicar. Pode ser um exercício de respiração ou uma frase simples que você diz para se lembrar do que aprendeu com os quatro passos”, finaliza a neurocientista. (AED)
Os cinco passos
* Transformar em hábitos pensamentos úteis de longa duração e desintoxicar pensamentos tóxicos e traumas por meio da neuroplasticidade direcionada exige tempo, trabalho e repetição diária;
* Limite o tempo que você passa desintoxicando hábitos tóxicos e traumas, que deve ser por volta de sete a 30 minutos por dia;
* Para ter saúde mental, você precisa ser um aprendiz todos os dias;
* Qualquer coisa que você vivenciar na mente será vivenciada também no cérebro e no corpo;
*Lidar com traumas e pensamentos tóxicos significa que toda aquela energia turbulenta, caótica e tóxica precisa ser transferida do pensamento negativo para o pensamento saudável e reconceituado, a fim de devolver equilíbrio e coerência à mente.
“Organize sua Desordem Mental”
Caroline Leaf
Editora Hábito
336 páginas
R$ 49,90
Lançamentos
“Ponto”, Kieran E. Scott, editora Sextante, 160 páginas, R$ 49,90.
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“A Voz na Sua Cabeça”, Ethan Kross, editora Sextante, 240 páginas, R$ 39,90.
A obra é resultado de diversas pesquisas que mostram como as conversas silenciosas que as pessoas têm consigo mesmas influenciam intensamente suas vidas e atualizar as narrativas que sustentam nosso senso de quem somos.
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O autor apresenta exemplos de iniciativas missionárias voltadas para a juventude que podem ser replicados com eficácia. Ele compartilha dicas de estudos bíblicos para aqueles que não frequentam os ambientes cristãos.