Cinema

Filme aborda crianças índigo

Wagner de Assis desvela o universo dos seres que se encarnam com percepção especial da vida


Publicado em 03 de outubro de 2017 | 03:00
 
 
 
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Sofia é uma criança sensível, inteligente ao extremo, pacifista e que sabe ouvir as pessoas e senti-las. Ela tem compaixão e amor ao próximo. Tem espiritualidade genuína.

A estreante Letícia Braga dá vida a Sofia, protagonista do filme “A Menina Índigo”, do diretor, roteirista e produtor Wagner de Assis, 46, que também dirigiu “Nosso Lar”, responsável por levar 4.060.300 espectadores aos cinemas brasileiros e que foi exibido em outros 40 países. O novo filme estreia no próximo dia 12 em todo o Brasil.

Assim como Sofia, existe uma geração de seres, nascidos a partir de 1990, que são considerados índigo, em referência à cor de seus corpos energéticos, e que vieram com um desenvolvimento espiritual mais elevado a fim de mudar a energia do planeta. São indivíduos que questionam velhos conceitos e desafiam os pais, os educadores e a sociedade a enveredar por um novo caminho.

No filme, Sofia é filha de Luciana (Fernanda Machado) e Ricardo (Murilo Rosa), que vivem se desentendendo, o que gera sofrimento para a menina. “Letícia foi escolhida em um teste em que participaram quase 30 atrizes. Ela entrou na sala e começou a desenhar na parede. Olhou para mim sem se preocupar. Foi para a frente da câmera e mostrou toda a sua força e empatia”, conta Assis. Ele diz que Murilo é um grande ator, que conhece o universo do personagem, é pai de dois meninos incríveis e embarcou no projeto como coprodutor. Fernanda, afirma, é uma mulher muito inteligente e teve a feliz coincidência de filmar estando grávida. “Não aparece no filme, mas tem uma criança na barriga dela”, revela Assis.

Nascido no Rio de Janeiro sob o signo de peixes, o diretor se considera espírita cristão, mas acha esse tipo de rótulo desnecessário para vivenciar essa filosofia.

“Gosto das boas histórias acima de tudo. Há histórias maravilhosas no universo de temática espírita e espiritual, tema que me interessa sempre. Mas, claro, há outros projetos que não fazem parte desse universo e que também me interessam e espero filmar um dia”, diz.

Para ele, fazer cinema é uma das coisas mais difíceis do mundo moderno. “Exceto as áreas que lidam com a vida humana, todo o resto me parece mais fácil do que fazer um filme. Juntar arte e indústria é sempre um processo desafiador. E não importa o tema”.

Em “A Menina Índigo”, “o desafio de uma história original, com reflexos em várias histórias reais, foi perceber o nível de complexidade que essas crianças estão enfrentando”, diz o diretor. “Há uma crise educacional enorme, e não nos atentamos para isso. Estou falando da educação que se oferece pela família, não à informação e transmissão de conhecimento e socialização da escola apenas”, afirma.

“Percebemos que, por trás de um véu de alegria do Facebook, há milhões de crianças com questões impressionantes de convivência. Remédios são dados sem muito critério. Diagnósticos errados. Pais terceirizam o cuidado dos filhos. Pediatras e psiquiatras não concordam. Enfim, um mundo revolto que quisemos trazer para as telas respeitando a dramaturgia. Muito difícil isso”, comenta Assis.

O motivo principal que levou o diretor a se dedicar a essa temática espiritualista “foi a percepção do mundo em que vivemos e uma vontade de chamar a atenção para essas crianças que apresentam comportamentos diferenciados”. “É muito doloroso ver talentos desperdiçados, superdotados sendo legados ao descaso escolar e também professores perdidos”, analisa.

A educação deve começar em casa

A mensagem que o filme “A Menina Índigo” quer passar é clara: “Tem uma nova geração que chegou ao planeta e que pede novas formas de ser olhada. Tem uma nova geração que pede que não a tratemos com os modelos de antigamente. Tem uma nova geração que pede que pensemos nos modelos educacionais dentro de casa e nas escolas. Tem uma nova geração que ama e nos ensina diariamente. Tem uma nova geração que precisa ser muito bem cuidada, educada, porque pode se perder na volúpia da vida moderna. E talvez esta seja a última chance de consertar a nossa sociedade”, alerta o diretor Wagner de Assis.

É inevitável aquela ansiedade antes da estreia. “A gente sempre espera que o filme entretenha e faça pensar. Que as pessoas o vejam rindo e chorando e que levem para casa uma história que tenha conversado com elas de forma suave, doce e poética. E, se forem pais, que olhem para seus filhos diferentes não com o orgulho ou a presunção de os acharem melhores ou especiais, mas com amor e interesse em ajudá-los. Educação começa em casa, não?   Quando um filme chega à tela, a gente perde o controle. Ele ganha vida própria e vai em frente. E a gente fica por aqui, aplaudindo”, reflete.

FOTO: Ique Esteves/divulgação
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Fernanda Machado e Murilo Rosa são os pais de Letícia Braga no filme

Diretor anuncia as novas filmagens

Fazer filme no Brasil é complicado, exaustivo. Como produtor, Wagner de Assis diz que a dificuldade é geral, em todos os setores. “Os temas transcendentais são bem-vistos quando apresentados da forma que eu sempre quis apresentar – universais, falando a todos os públicos, respeitando o meio de comunicação chamado ‘cinema’. Não fazemos proselitismo nem propaganda de um tema ou outro. Contamos boas histórias – e espero contá-las bem – para todas as pessoas. Esse é, talvez, um dos pilares do sucesso de ‘Nosso Lar’”, avalia o diretor.

Por outro lado, a temática assusta os investidores. “Isso ocorre, no primeiro momento, por conta de preconceitos atávicos ainda presentes. Mas, quando veem a proposta legítima e ampla, logo entendem nossos propósitos, e, se não investem, é devido à crise que vivemos”, analisa Assis
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Com ou sem crise, o diretor avisa que está finalizando a edição de “Amor Assombrado”, projeto que foi rodado no início deste ano, com Vanessa Gerbelli e Carmo Dalla Vecchia.

E logo ele vai começar a rodar a cinebiografia de Kardec, “projeto muito esperado e trabalhado”. O “Nosso Lar 2: Os mensageiros”, começa a ser gravado em dezembro. “Que a gente tenha força para tanto”, finaliza o diretor.

FOTO: Ique Esteves/divulgação
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O diretor, roteirista e produtor Wagner de Assis nas filmagens

 

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