Cérebro

Maconha afeta hormônio do prazer e pode levar à depressão

Efeito é contrário às reações do uso abusivo do álcool e de outras drogas


Publicado em 26 de julho de 2014 | 03:00
 
 
 
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O abuso do uso de maconha interfere na capacidade do cérebro de produzir dopamina, neurotransmissor que é responsável pelos sentimentos de prazer, motivação e recompensa. Dessa forma, esses efeitos do excesso da droga podem levar à depressão e à ansiedade, de acordo com um novo estudo publicado recentemente no “Proceedings of the National Academy of Sciences”.

Apesar de muito discutidos, os efeitos da maconha sobre o cérebro ainda levantam inúmeras dúvidas entre os pesquisadores. O uso abusivo de muitas substâncias pode ser estimulante à sinalização de dopamina – mecanismo subjacente aos efeitos de recompensa de medicamentos, alimentos e sexo. Mas, enquanto os estudos mostraram que a cocaína e o álcool, por exemplo, aumentam a liberação de dopamina na região de recompensa do cérebro, essa relação não foi demonstrada de forma consistente para a maconha.

Assim, para investigar o impacto da maconha sobre o cérebro humano, uma equipe liderada por Nora Volkow, do Instituto Nacional Sobre Abuso de Drogas dos Estados Unidos, recrutou 24 usuários de maconha que fumavam em média cinco baseados por dia, cinco dias por semana, durante uma década. Usando questionários de personalidade e dois tipos de exames de imagens, a equipe analisou a forma como seus cérebros reagiram ao metilfenidato da droga – um estimulante que eleva a dopamina, usado para tratar Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e narcolepsia. Outros 24 participantes serviram como grupo de controle.

Ambos os grupos produziram dopamina extra depois de ingerir a droga, mas os que usaram em excesso tiveram uma reação alterada no comportamento. A frequência cardíaca e a pressão arterial foram menores em comparação com os demais, e eles relataram sentir inquietação e ansiedade.

A associação entre a mesma quantidade de dopamina e uma resposta física reduzida sugere que o circuito de recompensa no cérebro foi danificado. Ao contrário da cocaína e do álcool, os usuários de maconha em excesso parecem produzir a mesma quantidade de dopamina com metilfenidato como as pessoas que não são usuárias, mas seus cérebros não sabem o que fazer com ele.

Os pesquisadores acreditam que o efeito de respostas da dopamina sobre a região de recompensa do cérebro pode contribuir para comportamentos de dependência e de uma tendência para a depressão e ansiedade.

Por outro lado, substância se mostra eficaz em tratamentos

Uma criança britânica que sofria diversas convulsões toda semana começou a se recuperar depois que seus pais iniciaram um controverso tratamento com maconha medicinal. Médicos disseram a Paige e Matt Figi que sua filha, Charlotte, 6, não teria muito tempo de vida depois de ser diagnosticada com uma condição rara de epilepsia.

Depois de anos pesquisando uma forma de curar a doença, eles passaram a alimentá-la com doses controladas de cannabis sativa. Os pais relatam que poucos meses depois de dar início ao tratamento, Charlotte começou a caminhar e falar pela primeira vez, e suas convulsões praticamente pararam.

Em abril, a Justiça brasileira autorizou uma família a importar dos EUA um remédio derivado da maconha. Anny Fischer, 5, tem um tipo de epilepsia e chegou a ter 80 convulsões por semana – crises que foram consideravelmente reduzidas com o uso da substância.

Flash

Luta. Em 2013, os pais de Anny importaram cladestinamente um medicamento à base de canabidiol (derivado da maconha). Foi o único remédio que surtiu efeito.

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