Esotérico

Médico Eben Alexander relata experiência de quase-morte

Entrevista com Eben Alexander, neurocirurgião e autor de best-seller


Publicado em 23 de fevereiro de 2021 | 03:30
 
 
 
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Ele tem 67 anos, mora em Charlottesville, na Virgínia, nos Estados Unidos, é neurocirurgião, mas atualmente trabalha como autor, conferencista e pesquisador. Em 2008, Eben Alexander viveu uma experiência profunda e transformadora. Foi acometido por uma rara meningoencefalite bacteriana de causa desconhecida e ficou sete dias em coma. Inexplicavelmente, voltou à vida com muita história para contar.

O senhor já tinha operado centenas de cérebros, até que, em 2008, depois de ficar em coma por sete dias, teve uma experiência transcendental. Conte-nos sobre ela. Memórias de minha vida foram completamente apagadas dentro do coma, mas acordei com registros de uma fantástica odisseia em outro reino mais real do que este, terreno.

A parte do cérebro que controla o pensamento e a emoção e, em essência, nos faz humanos desligou-se completamente. Enquanto os médicos tentavam me deixar vivo e já cogitavam interromper o tratamento, eu estive em outros reinos. Viajei para além deste mundo e encontrei um ser angelical que me guiou para os reinos mais profundos da existência superfísica. Lá eu conheci a fonte divina do próprio universo. E ao final dessa “viagem” meus olhos se abriram, para espanto dos médicos. Minha recuperação foi considerada um milagre médico. Hoje eu acredito que a verdadeira saúde só pode ser alcançada quando percebemos que Deus e a alma são reais e que a morte não é o fim da existência pessoal, mas apenas uma transição.

Como foi esse processo? Eu cresci dentro da visão da ciência materialista. Quando alguns dos meus pacientes contavam sobre suas fantásticas jornadas durante a cirurgia ou o coma, eu me restringia a ouvi-los, mas considerava que eles tinham tido sonhos ou alucinações. No entanto, depois da minha Experiência de Quase Morte (EQM), estudei meus exames médicos e relatórios e concluí que não havia nenhuma maneira de meu cérebro ter qualquer habilidade cognitiva significativa enquanto as bactérias devastavam minhas células cerebrais. Então, discuti meu caso com outros médicos e concluí que a EQM não era um produto do meu cérebro. Cheguei a concordar com o novo pensamento científico que diz que nossos cérebros são filtros de consciência. Durante uma EQM ou mesmo durante a meditação profunda, os filtros são diluídos. Nesse momento, temos acesso ao amor incondicional e ao conhecimento que fazem parte da consciência, mas, necessariamente, não temos essa percepção quando estamos vivendo nosso cotidiano. Minha experiência foi ultrarreal, pois transcende o estado de vigília. Visitei três reinos básicos, uma região inicialmente obscura que eu chamei de “Vista dos Olhos da Minhoca”, o “Vale do Portal”, rico com cores magníficas e seres e sons, e o núcleo que é onde existimos em unidade com Deus, com a fonte.

Quem foi esse ser angelical que o guiou? Foi um guia que acabou desenvolvendo uma relação muito especial comigo, embora eu não soubesse na época. Para ser capaz de navegar por esses reinos, eu e meu guia fomos transportados como se nas asas de uma borboleta.

O senhor tinha alguma religião antes do coma? Cresci em uma família que frequentava a Igreja Metodista, e meus pais eram devotos. Comecei a perder a minha crença em um Deus durante minha vida profissional e também porque durante muitos anos tentei sem sucesso entrar em contato com minha família biológica. Fui adotado quando bebê por uma família tremendamente nutridora, mas sempre sofria daquela memória original de ser abandonado pela minha mãe biológica. Suponho que muitos que são adotados têm essa pergunta no fundo de suas mentes.  Então, na época de minha experiência de quase morte, eu tinha passado anos como basicamente um descrente. Mas isso mudou depois dessa experiência.

O que mudou? Percebi que Deus, ou a fonte de todos, existe e não julga, mas oferece amor incondicional a todos nós. Eu não defendo nenhuma religião em particular neste momento, acredito que todas sejam bem-intencionadas, mas foram criadas pelo homem, cada uma com suas regras para tentar explicar Deus e estabelecer limites para a civilização. Apoio plenamente as tradições místicas e meditativas no coração de todas as grandes crenças, mas vejo mais sua comunhão do que suas diferenças dogmáticas superficiais. Infelizmente, algumas delas perdem de vista a coisa mais importante sobre nossa existência: nossas almas são eternas, e o amor sustenta o universo. Os ensinamentos de muitos profetas apoiam a misericórdia e a compaixão. Minha própria crença é que Jesus de Nazaré foi único e o primeiro a nos ensinar que o reino de Deus está dentro de todos nós (o poder do reino mental) e que estamos unidos através de forças infinitamente curativas do amor (que é, em última análise, a natureza de Deus).

A neurociência pode explicar essa experiência transcendental?Acredito que a ciência está fazendo progressos no sentido de explicar o espiritual. Nicola Tesla (engenheiro e inventor) disse que, “se você quer encontrar os segredos do universo, deve pensar em termos de energia, frequência e vibração”. Esses fenômenos científicos podem explicar muito sobre a consciência não local e a mente que nos conecta a todos. A ciência da consciência não só permite que sejamos seres espirituais em um universo espiritual – ela exige isso. O conhecimento dos diferentes campos da neurociência (notadamente o difícil problema da consciência, que na verdade é inviável para a ciência materialista), a filosofia da mente, as evidências para a consciência não local (telepatia, precognição, as experiências de quase morte e a morte compartilhada, as comunicações após a morte, as visões de leito de morte, as memórias passadas em crianças (sugestivas de reencarnação) e a física quântica, tudo sugere a primazia da consciência no universo, com o cérebro servindo como filtro ou transmissor, mas não o produtor, da própria consciência.

Qual a contribuição de sua experiência para o conhecimento sobre outras dimensões? Minha jornada trouxe insights fundamentais para a discussão mente-corpo e para nossa compreensão humana da natureza fundamental da realidade. Minha experiência revelou claramente que estamos conscientes apesar de nosso cérebro – que, de fato, a consciência está na raiz de toda a existência. É um relato, como outros, que oferece uma chave para a compreensão da realidade e da consciência humana. Ela impacta a forma como vemos a espiritualidade, a alma, o reino não material. Quando vejo tudo que vivi, entendo que minha experiência oferece uma reconciliação da ciência moderna e da espiritualidade como um produto natural.

SERVIÇO: Para conhecer a experiência de Eben Alexander, leia seu livro “Prova do Céu: A Jornada de um Neurocirurgião à Vida após a Morte). Em 2017, ele lançou em parceria com sua mulher, Karen Newell, “Living in a Mindful Universe” (sem tradução para o Brasil).

 

 

 

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