Muitos dizem que a idade não é nada além de um número, mas quando se trata de relacionamentos, principalmente nos casos em que a mulher é mais velha que o homem, o casal certamente enfrenta alguns olhares desconfiados.
Durante muito tempo, mulheres bem-sucedidas e mais velhas – especialmente aquelas que se relacionam com homens mais jovens – foram vistas de forma negativa e rotuladas como cougars (pumas) e “Milfs” (sigla em inglês que significa “Mães com quem eu gostaria de transar”), evocando a imagem de velhas senhoras desesperadas que atacavam a carne jovem fresca.
Percebendo a discrepância com a realidade e para expressar sua aversão ao termo “cougar”, a escritora Bibi Lynch criou uma nova expressão – Whip, um acrônimo que, em inglês, significa “Women Hot, Inteligent and in their Prime”, ou seja, mulheres sensuais, inteligentes e no pico sexual (que é atingido até os 50 anos, segundo alguns estudos).
“Eu queria um termo que não fosse grosseiro”, explicou a escritora Bibi Lynch, que depois dos 50 anos também percebeu que os homens que se aproximavam dela eram bem mais jovens. No entanto, segundo Bibi, não é possível determinar um perfil. “Não significa apenas ser atraente para os homens. É sobre a atitude. O sexo é um aspecto glorioso da vida da mulher Whip, mas o poder delas está em todo um modo de levar a vida”, afirma.
A escritora conta que se inspirou nos casos famosos, como o da cantoras Madonna, 59, (que namora o modelo Kevin Sampaio, 31) e Mariah Carey, 47, (que namora o dançarino Bryan Tanaka, 34), da cineasta Sam Taylor-Johnson, 50, (casada com o ator Aaron Taylor-Johnson, 27) e, sobretudo, na história de amor entre a primeira dama francesa Brigitte Macron, 64, e o presidente Emmanuel Macron, 39.
No Brasil, o caso mais comentado recentemente é o da apresentadora Fátima Bernardes, 55, com seu novo namorado, o advogado pernambucano Túlio Gadêlha, 30. Mas não faltam exemplos, como o da cantora Elba Ramalho, 67, que já namorou um rapaz 33 anos mais jovem; da apresentadora Marília Gabriela, 69, que, durante oito anos, foi namorada do ator Reynaldo Gianecchini, 25 anos mais novo; e da atriz Marília Pêra, que morreu, em 2015, aos 72 anos. Ela foi casada, desde 1998, com o economista e produtor Bruno Faria, de 50 anos.
“Por serem poderosas, ricas e bem-sucedidas, essas famosas parecem ter coragem para subverter a lógica da dominação masculina que estabelece que o homem deve ser superior à mulher”, diz a antropóloga Mirian Goldenberg, autora do livro “Por que os homens preferem as mulheres mais velhas?”. “Ao inverter essa equação, em qualquer um dos seus elementos, a mulher provoca um questionamento das regras sociais que são internalizadas”, afirma. Isso se dá tanto pelos homens quanto pelas próprias mulheres, que acabam usando apelidos pejorativos, como “coroas periguetes”, “velhas papa-anjo” e “velhotas depravadas”.
No entanto, o livro também mostra o outro lado, de como a realidade do mercado matrimonial está mudando rapidamente. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estão crescendo as uniões em que as mulheres têm idade superior à do homem. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), de 1996 a 2006, essas uniões cresceram 36%, passando de 5,6 milhões para 7,6 milhões.
Muitas mulheres, mesmo não sendo celebridades, também conseguem subverter a mesma lógica, como é o caso da decoradora Regina de Oliveira, 46, casada há dez anos com o mecânico Alberto Rangel, 37. Ela reconhece que, quando a diferença de idade é muito grande, há uma certa desconfiança dos interesses por trás da relação, mas diz que o casal nunca enfrentou nenhuma situação de preconceito. “Se existe, está na cabeça das pessoas e não atinge a gente. Até esqueço esse negócio de idade porque, no dia a dia, é o que menos importa”, afirma.
Para o marido, esse tipo de julgamento também está diminuindo. Segundo Rangel, a maturidade independe da idade. “Já tive outros relacionamentos com mulheres da minha idade e até mais novas, mas não deu certo, nem sempre a idade interferiu”, conta.
Casados, o gerente de projetos Luiz Viégas, 30, e a publicitária Mariana De Pina, 35, dizem que as brincadeiras e comentários de amigos não incomodam, mas, depois do nascimento da filha, há cinco meses, o assunto surgiu como uma reflexão entre eles. “Quando a filha tiver 5 anos ela vai ter entrado na temida idade dos 40 e eu vou estar com 35”, disse ele. “Penso mais pela questão da energia e disposição, mas não pela idade”, complementa ela.
Sensuais e no auge, ‘Whips’ encantam os homens jovens
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