A Multiplan - dona de 20 shoppings no Brasil, dois complexos de torres corporativas e um empreendimento residencial em construção em Porto Alegre - inaugurou a expansão do DiamondMall com um novo piso de lojas de luxo em Belo Horizonte.

O CEO da Multiplan, Eduardo Peres, esteve na capital mineira para celebrar a nova fase do mall.

Em Belo Horizonte, a Multiplan ainda detém o BH Shopping e o Pátio Savassi que também passarão por reformas.

No planejamento estratégico de expansões, a Multiplan vai investir algo em torno de R$ 1,5 bilhão até 2027.

A companhia gera 80 mil empregos no país com ativos que somam R$ 31 bilhões. 

A seguir, Eduardo Peres conta à coluna Minas S/A sua visão de longo prazo:

Qual tem sido atualmente o volume de investimentos? A Multiplan tem um plano de investir R$ 1,5 bilhão até 2027. Minas corresponde a qual percentual desse plano? 

Minas representa uma boa fatia desse plano. A gente tem essa iniciativa aqui no DiamondMall que começou com a revitalização do shopping e inauguramos a expansão do quarto piso com as marcas de luxo. E a gente também tem um investimento bastante grande na reforma completa do Pátio Savassi que passa por uma transformação enorme. Então Minas representa, e como sempre representou, uma parte muito importante desse investimento.

São três shoppings da Multiplan aqui em Minas Gerais, o Pátio, o BH e o DaimondMall. Os três vão demandar ainda muito investimento? 

Sim, sim. Acho que esse é o ano do Diamond. Ano que vem será o ano do Pátio Savasi, onde a gente vai transformar o (piso) L3, refrigerar o shopping, que até hoje não é refrigerado. Então, a partir desse verão, ele vai passar a ser refrigerado. Nós vamos reformular o L3, criar uma área de gastronomia que ele não tem. Então, também é muito bem-vindo para aquela região da Savassi. E o ano seguinte, em 2026, será o ano do BH Shopping. Aí tem algumas surpresas lá no BH que eu não posso adiantar aqui agora, mas vai acontecer bastante coisa lá também.

E isso por quê? Minas Gerais é um Estado estratégico para a Multiplan, para os planos de crescimento? Tem um tíquete maior aqui ou é um volume de vendas maior que justifica esse investimento robusto, por exemplo, como está acontecendo no Diamond que são R$ 200 milhões? 

Minas é o terceiro mercado brasileiro, só perdendo para o Rio de Janeiro e São Paulo. Então, quando a gente trouxe as marcas de luxo para cá (no DiamondMall), uma coisa que me impressionou é que eles não tinham conhecimento do tamanho do mercado de Minas. E, para nós, Minas tem uma importância enorme. A gente (Multiplan) nasceu aqui há 45 anos atrás. A gente vai seguir investindo na cidade. Então, não só pela pujância, uma cidade muito organizada, segura. Você anda com tranquilidade em Minas, em qualquer lugar. Diferente do que as pessoas imaginam, o shopping não se beneficia da violência. É ruim. É bom que as pessoas possam sair e transitar até tarde. A gente, em outros lugares, vê o movimento diminuindo porque as pessoas ficam com medo de transitar na rua. Então, Minas é um lugar seguro. Belo Horizonte é uma cidade bastante segura. Nós vamos seguir investindo aqui por muito tempo.

A Multiplan tem feito algum trabalho nas cidades, nessa questão dos shoppings que ela tem nos centros das cidades? Por exemplo, Belo Horizonte, a gente está aqui numa zona Centro-Sul que está bem próxima do Centro. Para ter mais segurança, para aumentar a sensação de segurança, o que vocês têm feito nessa questão das políticas públicas? 

Olha, a gente procura contribuir com o governo do estado e com as prefeituras naquilo que é possível, iluminando melhor o entorno do shopping. Em muitos locais, como no Rio de Janeiro, a gente participa ativamente, fazendo doação de equipamentos para a polícia, mas aqui em Minas, em Belo Horizonte, não foi necessário. A gente está recuperando o entorno do shopping, Mas, como eu lhe falei antes, é uma situação bastante segura, as pessoas têm muita tranquilidade de circular a pé, no entorno, sem problema nenhum, de ir e vir. Então, está bem cuidado.

Esse R$ 1,5 bilhão de investimentos que a Multiplan tem para os próximos anos, até 2027, ele está predominantemente em qual região do país? 

Ele está distribuído entre Rio, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba e o Rio Grande do Sul. Essas são as cidades que a gente tem mais atuação onde estão destinados. A gente agora passa por um ciclo de consolidação daquilo que a gente construiu. Estamos nessa fase de expansão e reinvestimento nos shoppings que são mais antigos. E aí a gente está renovando o Barra Shopping, o Morumbi Shopping, como foi feito no BH Shopping, para os 40 anos do BH Shopping. Então esse é um movimento muito intenso. Vai levar ainda um ano e meio, dois anos, para terminar essa revitalização. 

E como que vocês estão fazendo frente ao mundo digital? Quer dizer transformar os espaços dos shoppings da Multiplan cada vez mais numa numa experiência? 

No início da era digital se imaginou aí, principalmente durante a pandemia, que o shopping não resistiria e veio toda aquela história do e-commerce. Na realidade todo app digital trouxe mais conexão para o shopping. Você veja o que aconteceu com o Uber. Você tem um estacionamento menos ocupado com uma necessidade menor de vagas, a gente está aqui onde era um estacionamento do DiamondMall, então o que possibilitou a gente fazer mais um piso de lojas. A cidade entende que por força dos aplicativos você não tem uma necessidade tão grande de vagas como você tinha no passado. Eu não entendo que o digital seja um inimigo. Acho que o digital é um amigo do shopping. Ele vem complementar.  A gente tem uma iniciativa digital que é o Multi, onde ali é uma caixa de ferramentas,  você participa de promoção, tem pontos, tem fidelidade tudo embarcado ali pra que aquilo seja um shopping na sua casa. Eu acredito muito que o comércio jamais vai terminar da maneira como a gente faz. Comércio dessa maneira bem voltada pra experiência, as pessoas vêm pra cá pra fazer tudo, até comprar.

É uma tendência nessa reestilização dos shoppings da Multiplan, caminhar para esse público de alta renda? 

Eu não diria que é uma tendência é pontual. Cada shopping que a gente faz precisa estudar exatamente o que ele precisa.  O que cabe no DiamondMall não cabe no Pátio Savassi que não cabe no BH Shopping - são públicos distintos e a gente precisa entender e saber ler a necessidade de cada local. Então aqui no DiamondMall a gente percebia que tinha esse espaço, que tinha essa lacuna na cidade que no local era pra existir as marcas de luxo; assim foi feito. Pátio Savassi era uma outra história, BH Shopping é uma outra história. No Brasil, cada local que a gente está, a gente faz essa leitura.

A Multiplan está com uma dívida super baixa, não está tão alavancada assim. (A Multiplan chegou a uma alavancagem, medida pela dívida líquida sobre o Ebitda - lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização -, de 1,4 vez em junho deste ano). Vai continuar assim ou vocês agora vão alavancar um pouco mais para fazer investimentos pontuais? 

A gente acabou de adquirir 18% da participação de um sócio canadense de R$ 2,4 bilhões então esse endividamento, nos próximos trimestres, vai aparecer mais elevado não num patamar insustentável, patamar bem sustentavel. A gente entendeu que era um valor muito baixo, muito atraente pra quem está comprando. A gente teve um retorno de 13% em cima dessa compra, então era uma oportunidade. Isso foi decidido pela assembleia. Os minoritários votaram a favor, os sócios originais não votaram, então só os minoritários aprovaram a operação que foi um sucesso, então esse endividamento cresceu momentaneamente. Eu quero estar pronto pra poder abocar outras oportunidades, então eu posso vir a negociar participações nos nossos shoppings para poder trazer essa dívida para um patamar mais baixo.

É um desinvestimento. Como que você reconheceria isso? 

É um desinvestimento estratégico, não é uma tendência. Isso vai ser feito se encontrar o valor e as pessoas corretas porque uma sociedade é um negócio complicado, num condomínio sempre deixa preocupação, então não é uma necessidade, é uma oportunidade também.

Desfazer-se de alguns dos 20 shoppings que a Multiplan tem está nos planos? 

Não, não, de maneira nenhuma. São sempre participações minoritárias em shoppings que a gente já é majoritário, seriam sócios passivos - aquele que entra pra participar do resultado não pra palpitar naquilo que eu faço.

E aí tem tido assim um interesse, você tem visto um mercado se movimentar mais agora ou o pessoal põe o pé no freio com esse aumento de inflação e de juros? 

Não, a gente vem sendo abordado por family office, fundo imobiliário. Enfim, os tradicionais compradores de participação em shopping center ou prédio de escritório. A gente vem sendo bastante abordado. É uma questão de você chegar num preço que faça sentido para o que a gente acha que vale. 

E o que é que você acha que vale para entrar uma parceria? 

Depende, tem lugares que não tem preço. Se você estiver ali perto da situação de controle daquele empreendimento, fica difícil vai acabar não fazendo.

Em relação ao volume total de ativos da Multiplan -  que são R$ 31 bilhões - , isso deve ficar nesse valor nos próximos anos ou você também prevê alguma alta? 

A gente espera que siga crescendo, com os investimentos em expansão que a gente está propondo fazer: são 70 mil metros de ABL (Área Bruta Locável) que vai acrescer nos próximos três anos, eu imagino que esses valores vão crescer bastante até porque taxa de juro no Brasil ainda é muito alto. Então, se isso cair, a tendência é a gente se valorizar. Eu estou muito otimista que isso vai acontecer no futuro próximo.

Algum follow-on, alguma outra ação aí no mercado? Tem uma previsão aí na bolsa ou não, por enquanto não. 

Não, não nos valores atuais que se encontra o preço da ação está fora de questão fazer qualquer movimento de venda de ação ou follow on, ou o que quer que seja, ao contrário, a gente acabou de vir de um movimento de recompra de ação, recompramos 18% e cancelamos quase que a totalidade disso. Então, o movimento é o contrário.

Você acha que o ano de 2024 foi um ano bom para a Multiplan, ou foi um ano desafiador? 

Ele está sendo um ano maravilhoso para a Multiplan, todos os anos são desafiadores. É um ano de muita atividade. A gente tem 200 mil m² de área em construção entre revitalização e expansão é muita atividade ao mesmo tempo, mas é um ano mundo muito próspero. Essa operação de recompra de 18% de um sócio tão importante que estava há tanto tempo conosco - estava há 17 anos conosco - num preço tão atraente também traz um valor diferenciado para a companhia, então eu vejo 2024 como um ano muito próspero para a companhia.

Na geração de empregos, a Multiplan tem 80 mil empregos, há também previsão de aumentar isso aí com as expansões?

Isso vai continuar crescendo seguidamente, a gente segue muito forte na geração até porque cada obra dessas você emprega muita gente.

O varejo da Multiplan depende da economia, num momento bom da economia ou não, ele independente? 

Todos dependemos do momento bom da economia - varejo, imprensa, todos dependemos do momento bom da economia, mas eu sou muito otimista. Eu acho que ventos melhores sempre virão pra quem busca melhorar todo dia, então esse é nosso lema, essa é a nossa vontade de estar sempre fazendo o melhor a cada dia que passa.