Álvaro Damião, prefeito de Belo Horizonte é o entrevistado de hoje na Temporada Minas S/A Desenvolvimento e Construção em todas as plataformas de O TEMPO. 

Caçula de oito irmãos, filho de Dona Maria de Lourdes, faxineira, e Edmundo, policial militar, Álvaro viveu no bairro Concórdia, na região Noroeste da capital mineira.

O jornalista, de 55 anos, com experiência de mais de 30 anos na profissão, quer transformar Belo Horizonte na cidade do "sim". 

Ele fala sobre a municipalização do Anel Rodoviário, após uma espera de 40 anos, e a revitalização do Centro da cidade. 

O prefeito prepara um estudo sobre a população de rua - de 14 mil pessoas, segundo anuário da UFMG, com base nos dados do CadÚnico - e a criação do aluguel solidário, além de um levantamento sobre a necessidade de mais ônibus. 

Atualmente, são 2.800 ônibus na capital.

Para incentivar o turismo, Álvaro quer trazer um artista internacional para se apresentar gratuitamente na Praça da Estação, em 2026.

A seguir, entrevista na íntegra de Álvaro Damião, prefeito de Belo Horizonte:

Álvaro, muito obrigada por nos receber aqui na sede da prefeitura, no coração da cidade. Tudo bem?  
 
AD: Obrigado a você, Helenice. Eu estou aqui viajando em você falando isso tudo, porque para nós também, jornalistas, eu sou jornalista, sou radialista… quanto tempo você não entrevistava um jornalista prefeito da Capital? Acho que o último foi o Sérgio Ferrara, acho que o Sérgio Ferrara era radialista, ele era da AMCE, que é a Associação Mineira de Cronistas Esportivos. É isso, filho da Dona Lourdes, filho do Sr. Edmundo, o pai da Giovanna e do Juninho, que também é pai do Caíque, apesar do Caíque não ter sido eu quem o fiz, ou que o gerei, mas ele é irmão da minha filha e eu ia para a casa da minha filha quando ela era pequenininha, e o Caíque me via lá, e o Caíque via a minha filha me chamando de pai, e o pai dele não era tão presente naquela época, aí ele começou a me chamar de pai também e eu comecei a gostar daquilo e falei “sabe de uma coisa? Eu sou seu pai também”, e o Caíque hoje é meu filho, ele me chama de pai e é meu filho também. 
 
HL: Que legal. Álvaro, e é tão bom ver uma pessoa que viveu a realidade de Belo Horizonte. Eu vi algumas entrevistas que você já deu e você fala que pegava ônibus, passou por dificuldades nessa vida, teve toda a dignidade de um lar, mas foi uma vida muito difícil.  Recebeu vários nãos antes de conseguir entrar na carreira, que era a sua paixão, o jornalismo a gente sabe que é uma profissão muito difícil, Álvaro? Poucos persistem e conseguem ficar nessa profissão, mas qual é a diferença que você acha?  Você não é uma pessoa de gabinete. Eu vejo nas ruas, as pessoas adoram conversar com você, fazer live. Qual vai ser o seu olhar em relação a Belo Horizonte, tendo passado por tanta dificuldade na sua trajetória?  
 
AD: Álvaro Damião, o prefeito, e não o prefeito Álvaro Damião. Primeiro, tenho que ser eu. Eu sou a mesma pessoa, o mesmo radialista, o mesmo jornalista, o mesmo vereador. Foram 8 anos na Câmara. Eu tenho que ser eu e fazer as coisas que eu gosto de fazer, que eu continuo fazendo, sabendo que eu tenho agora uma responsabilidade que é única, de você estar à frente da terceira maior capital do Brasil. E ser simples nas coisas, não é querer mudar, não é querer inventar roda, sabe? É entender que Belo Horizonte já existe, entender que Belo Horizonte é mais importante do que qualquer um de nós, é fazer com que a cidade sempre prevaleça, por isso nós mudamos a logo da prefeitura. Antes, a prefeitura tinha um espaço enorme na logo, e Belo Horizonte um espaço pequenininho. O nome Belo Horizonte era dividido, a prefeitura era muito maior. Hoje não. Hoje Belo Horizonte é maior do que a prefeitura, é maior que o prefeito e é maior do que qualquer um. E fazer essa cidade se destravar, conversar com as pessoas, ver o que as pessoas precisam, o que a gente tem que fazer, o que se eu fizer e vou melhorar a vida das pessoas, acordar e dormir todos os dias pensando em como melhorar. a vida das pessoas, principalmente daquelas que são mais simples, das que mais precisam. Eu não preciso contar a história de muita gente para poder falar de muitos problemas da cidade, basta eu contar a minha. Quando for falar de enchente, fala comigo, fala com o prefeito. Por quê? Porque entrou água na casa dele. Entrou uma vez só, não, entravam todos os anos. Eu não tenho fotos da minha infância, não tenho fotos, porque antigamente a gente tirava foto naquela máquina Kodak, não é igual a essa Sony que está me filmando de frente. Era uma máquina Kodak, aquela FujiFilm, você vai se lembrar. Você ia para a praia e ficava torcendo para o filme revelar, porque se filme se queimasse, você não tinha uma recordação. Os meus filmes não foram queimados porque nós abrimos a máquina no sol, eles foram queimados porque eles foram levados pela enxurrada. Todos os álbuns de família foram levados pela enxurrada, a água entrava lá em casa era um metro, um metro e vinte, a gente teve que colocar ardósia na lateral da casa, tivemos que colocar a ardósia, porque perdíamos a parede todos os anos, era taco, igual esse aqui da prefeitura, lindo, maravilhoso, que a minha irmã colocou com muita dificuldade, mas perdemos o taco na primeira temporada, porque na primeira temporada os tacos não suportaram a chuva.  
 
HL: Você acha que consegue resolver esse problema de enchentes em Belo Horizonte, que é histórico?   
 
AD: Eu estou contando a história de uma pessoa que hoje tem 55 anos, que viveu isso com 8, 10. Eu lembro de mim com 10 anos, no meio da chuva, saindo da casa onde eu morava, na Rua Itaquera, e indo para a casa do vizinho para dormir na casa do vizinho, porque lá em casa não tinha como dormir, a água tinha tomado conta de tudo, e já estou com 55 anos. Aí você vai resolver isso de um dia para o outro? Não, não posso fazer isso. Eu não posso falar para as pessoas que eu estou aqui para resolver isso, mas eu tenho que minimizar o impacto. Você vai conseguir resolver? Deus queira. Deus queira.  
 
HL: São várias gerações e várias administrações. 
 
AD: Várias que passaram por isso. O que eu posso dizer, Helenice, por exemplo, é que esse ano nós tivemos muito menos ocorrências do que tivemos ano passado, que tivemos no ano retrasado, que tivemos há três anos. A nossa Tereza Cristina não foi a mesma de três anos atrás, nós já suportamos bem as chuvas deste ano. Claro que a gente computa, e eu computo, com os casos fatais, nós perdemos uma pessoa por causa da chuva, não foi na chuva, aquela moça que foi levada pela enxurrada, mas por causa da chuva.  
 
HL: Tem um problema todo no Santa Tereza, na Via Expressa 
 
AD: Eu não quero registrar nenhuma morte na próxima temporada de chuva. Nós estamos trabalhando diariamente, falando sobre o mesmo assunto, visitando as bacias de contenção, eu não vou ficar esperando a chuva vir para eu poder visitar. Quando eu falo de ônibus, eu estou falando de chuva. Quando eu falo de ônibus, eu sou aquela pessoa que pegava o 1504 na rua Jacuí, que pegava o 1502, eu sei o nome dos ônibus até hoje, eu nunca esqueci. O 1502 é o Guarani, o 1505 é o Tupi, o 1504 é o Renascença, o 1001 Barreiro, o 4501 é o Bairro São Paulo, o 3503 é o Santa Terezinha, o 3501, enfim. Eu conheço a história dos ônibus, eu peguei os ônibus.  
 
HL: O que você quer melhorar na mobilidade?  
 
AD: Melhorar isso, melhorar a qualidade da entrega, não nem a qualidade do veículo. A qualidade do veículo hoje, por exemplo, é muito boa, nós temos a melhor frota do Brasil. A frota mais nova do Brasil de ônibus, de todas as capitais, é a de Belo Horizonte. Mas nós precisamos atender com mais regularidade.  
 
HL: Por que as pessoas ainda reclamam tanto?  
 
AD: Porque o ônibus não passa na hora que ela precisa.  
 
HL:  Fica lá passando, vai chegar em tantos minutos, aí de repente passa, vai chegar em 20 minutos.  
 
AD: Isso aí, não pode acontecer isso, eu tenho que dar para ela uma previsão e eu tenho que cumprir com essa previsão.  
 
HL: Como faz para cumprir com essa previsão?  
 
AD: Primeiro, você tem que ter reuniões firmes, como nós estamos tendo com SETRA, para eles entenderem claramente que nós temos um contrato e que nós estamos cumprindo a nossa parte, nós estamos cumprindo a nossa parte que é muito alta, é um peso nas costas da prefeitura muito grande.  
 
HL: Qual é a parte da prefeitura?  
 
AD: Só o subsídio nosso são quase R$900 milhões, R$800 milhões por ano. Então, por aí você já viu o quanto a prefeitura investe. Esse é o subsídio, fora o custo hoje do transporte público por ônibus em Belo Horizonte, que é em torno de R$2 bilhões e meio, R$ 3 bilhões por ano. É muito dinheiro.   
 
HL: Só isso da prefeitura, contando prefeitura e empresas, é o custo da mobilidade em Belo Horizonte, do transporte coletivo.   
 
AD: Aí você tem os vales transportes, você tem as outras formas de arrecadação.   
 
HL: O que você vai exigir das empresas de ônibus?   
 
AD: Cumprir horário, não vou aceitar ninguém não cumprir horário.  
HL: E se eles alegarem que o horário não é cumprido por falta de obras na cidade, por que o trânsito está todo agarrado? 
 
AD: Aí eles vão ter que discutir com o prefeito que conhece a cidade. Aí ele vai ter que me falar onde que é, que rua é essa que você está falando, porque eu conheço. Que rua é essa que você está falando que o ônibus não pode passar? Porque hoje você vai conversar com um prefeito que conhece a cidade na palma da mão dele, ele conhece todas as regionais.   
 
HL: Vivenciou a cidade e que não fica em gabinete.  
 
AD: Vivenciei e andei pela cidade todo esse tempo. Então, ele pode não cumprir por falta de pagamento? Não, eu estou te pagando em dia, e nós já estamos conversando. O tolerância zero é isso, Helenice, criado pelo Fuad, inclusive, não foi por mim, foi pelo FUAD, o tolerância zero não permite que o ônibus saia da garagem como estava saindo há alguns anos atrás. Há alguns anos você falava todos os dias no Jornal O Tempo dos ônibus com goteira, um negócio, assim, melancólico.  
 
HL: Problemas nas rodas, ônibus estragando, perdendo o freio...  
 
AD: Hoje, raramente, você vê um ônibus quebrado pela cidade de Belo Horizonte. Claro que tem um caso ou outro, mas temos que lembrar que temos 2.800 veículos rodando pela cidade. Então, você vê um veículo quebrado, olha isso em percentual, hoje não é mais como antes, e isso a gente está cobrando muito das empresas. Eu quero aumentar os horários, eu quero ônibus rodando de madrugada e no final de semana, mais ônibus, e eu já estou fazendo o levantamento na prefeitura para ver o custo disso.  
HL: Quantos seriam necessários?  
 
AD: Não, é esse levantamento que está sendo feito, em parceria com o SETRA, inclusive, porque não tem como, também, as pessoas têm mania de achar que as empresas de ônibus não querem isso, não querem... Claro que elas querem. Quanto mais ele rodar, mais ele ganha, e eu sou daqueles críticos, jornalistas críticos de futebol, que falava sempre: “você não pode fazer o gramado sem consultar o jogador. O jogador que tem que falar se o gramado é bom”, eu não vou implantar nada sem conversar com quem dirige o ônibus, sem conversar com quem é dono de empresa de ônibus.   
 
HL: Tem que ter diálogo. 
 
AD: Tem que ter diálogo no dia a dia.  
 
HL: Quantos ônibus tem atualmente?  
 
AD: 2.800 rodando pela cidade. É muito ônibus.  
 
HL: É muito ônibus, mas a população também… 
 
AD: São 2 milhões e meio de habitantes.  
 
HL: Pois é… 
 
AD: E nós temos alguns problemas. Quais são os problemas? Nós não temos o metrô que São Paulo tem, nós não temos o metrô que o Rio de Janeiro tem.   
 
HL: Precisamos de mais obras. Estamos com o trânsito que as pessoas estão reclamando que em alguns trechos está até pior do que em São Paulo, que precisa de obras.  
 
AD: Isso, precisamos não só de obras, como precisamos de tecnologia. Belo Horizonte ficou parado no tempo durante um bom tempo. desculpa a redundância, mas é verdade. Belo Horizonte ficou parado no tempo. Os semáforos de Belo Horizonte não conversam.  
 
HL: É um atrás do outro, um atrás do outro, você para...  
 
AD: O famoso amarelinho, choveu, tudo amarelo, tudo piscando.   
 
HL: E é um em cada esquina, será que é preciso isso?  
 
AD: Não vai ser assim. A gente já tem um modelo, a gente está estudando vários, tem o modelo de Goiânia, que é muito bom, tem o modelo de São Paulo, que já está sendo aplicado em São Paulo, que é bom, tem o modelo de Curitiba, que é muito bom, a gente está estudando também. A gente está trazendo para Belo Horizonte, estudando todos esses modelos, para trazer o que há de melhor em tecnologia, onde o semáforo, primeiro, ele converse um com o outro, e que o semáforo converse com os ônibus, essa é a grande tecnologia do momento, o semáforo conversa com o ônibus. Quando o ônibus está chegando próximo do semáforo, o semáforo já sabe, e o semáforo sabe que ele tem que estar aberto.  
 
HL: É, porque senão vai parando e aí vai parando o trânsito todo, cada vez mais.  
 
AD: Impedir a cidade de crescer não tem como, a gente não vai fazer isso, a gente quer a cidade crescendo. Então, a cidade vai crescer, e fazer as obras de infraestrutura, aquelas que foram feitas pelo Fuad.   
 
HL: Quais são aquelas que você quer, assim, dar continuidade esse ano ainda? Tocar para que aconteça neste ano.  
 
AD: A gente está tocando, a gente acabou de inaugurar agora dois viadutos na Cristiano Machado, tem outros na Cristiano Machado que a gente está fazendo. A gente já começou a obra da Trincheira em frente a Faminas e a Igreja Católica lá no final da Cristiano Machado, indo para o aeroporto de Confins.  
 
HL: Que também é outro lugar que para tudo.  
 
AD: Para tudo, e a gente está fazendo algumas obras estruturantes em Belo Horizonte, dando continuidade a essas obras que começaram a ser feitas pelo Fuad, e dando continuidade não só nessas obras, como já pensando uma Belo Horizonte para 2050. E na Belo Horizonte que nós queremos para 2050, que a gente pensa para 2050, são várias as obras estruturantes. A gente tem modelo para fazer túneis em Belo Horizonte, a gente tem modelos para fazer muitas trincheiras em Belo Horizonte, nós temos poucas trincheiras. Uma cidade montanhosa como a nossa não pode… 
 
HL: Tem que ter viaduto. Dinheiro para isso, o orçamento da prefeitura é de 22 bilhões de reais, mas é um orçamento que você tem que pagar funcionalismo público, né? Só aí são 9 bilhões por ano, fora as obras, educação, saúde… Onde você vai buscar dinheiro? Já vi que você está buscando no BNDES, no BID dinheiro para gestão ambiental, mas e para as obras?  
 
AD: A primeira coisa que eu estou deixando bem claro para as pessoas de Belo Horizonte, e consequentemente para os governos, é que Belo Horizonte, primeiro, ela é um dos 853 municípios do Estado. Então, Belo Horizonte tem que ser melhor olhada pelo Estado de Minas Gerais.  
 
HL: Você acha que não está sendo?  
 
AD: Não, não é que não esteja sendo, sabe? Eu acho que faltava esse diálogo.  Belo Horizonte não estava conversando com ninguém, essa é a verdade. Belo Horizonte não conversa com o Estado, não conversa com o Governo Federal, Belo Horizonte não se preocupa com emenda parlamentar, Belo Horizonte estava se achando muito autossuficiente.  
 
HL:  A última bolacha do pacote, como nós jornalistas gostamos de falar.  
 
AD: Não quero isso, eu quero Belo Horizonte humilde. 
 
HL: Você já começou a conversar, o Anel Rodoviário, por exemplo, conseguiu a municipalização depois de 40 anos na fila. 
 
AD: Isso. Helenice, muita gente pergunta para mim assim: “Álvaro, 40 anos tentando, ninguém conseguiu, passou por aqui fulano, beltrano, ciclano, como é que você conseguiu?” A primeira coisa que eu fiz, e que eu acredito, não vou falar que os outros não tenham feito, porque eu também não estava na reunião dos outros, mas a primeira coisa que eu fiz, que eu achei que deveria ser feito, é saber que se eu estou pedindo não é meu. Se eu estou pedindo, se você está pedindo alguma coisa a alguém, é porque não é seu.  
 
HL: Você tem que pedir autorização.   
 
AD: Você tem que pedir, tem que ter humildade para pedir. Se você está pedindo, você tem que ter humildade para pedir.  
 
HL: Com arrogância não vai dar não. 
 
AD: Já chegava com arrogância. Belo Horizonte chegava, “não, que vai ser assim…”, calma aí, vamos devagar. O que você precisa? O que você está precisando? Quem está precisando é você, é você que veio aqui a Brasília, não fui eu que fui a Belo Horizonte, então é você que está precisando. E eu comecei a mudar isso, eu comecei chegar em Brasília dessa forma. “Ministro, a gente precisa muito disso aqui, é bom para a cidade, é bom para o Estado, é bom para a região metropolitana, é bom para Brasília também, porque vai tirar de vocês um peso que vocês têm, que é o anel rodoviário”, e comecei a convencê-los.  
 
HL: Onde passam 100 mil pessoas por dia, em cada via.   
 
AD: E dando o crédito a quem tem que dar o crédito, aí eu dou a Fuad Noman. Por quê? Porque na minha primeira viagem para Brasília com ele, ele me falou isso tudo. Eu já tenho como característica, eu sou assim, de reconhecer aqueles que me ajudaram, sempre foi assim minha vida toda, foi no rádio, foi na televisão, é na minha família, são os meus amigos de infância, eu sempre fui assim, já é meu, eu já carrego isso comigo. E o Fuad me mostrou isso, falou “quando você vier à Brasília, peça, converse com os ministros, seja humilde, não venha aqui achando que você é o dono, que você é o prefeito da capital”. E é isso, sabia? Tinha isso. O prefeito de Belo Horizonte não frequentava a região da Granbel, ele achava que era melhor que Betim, ele acha que ele é melhor que o de Contagem?  
 
HL: E não é, né? Se ele não tiver um diálogo com a região metropolitana também, não acontece nada. 
 
AD: Eu sou irmão, eu sou a mesma coisa, eu não sou melhor, nem pior do que Contagem, Betim, Sabará, Vespasiano, Ribeirão das Neves, toda região metropolitana, trato todos os prefeitos e prefeitas com o mesmo carinho, com a mesma dedicação, não trato o de Contagem ou de Betim, porque eles são de municípios maiores, em detrimento ao outro lá que também é da região metropolitana, mas que só tem 40 mil habitantes, nada disso. Temos que fazer isso, sabe? Levar isso para cidade.  
 
HL: E aí, Álvaro, o anel rodoviário ainda tem que ter obra do Governo Federal, são dois entroncamentos, dois adultos ali no entroncamento da 040 e outro da Via Expressa.  Essas obras, como é que você vai fazer para elas saírem? São coisas que há décadas que esperam, acidentes que continuam acontecendo lá. Outro dia eu peguei um Uber, falei com ele assim: “se você tivesse com a caneta na mão, do Álvaro Damião, o que você ia fazer?” Aí ele, primeira coisa, que ele é engenheiro também, “iria tirar os caminhões do anel rodoviário durante o trânsito mais pesado”. Aí eu me lembrei, gente, a Nossa Senhora do Carmo passava caminhão e tiraram, e ela continuou acontecendo, a cidade. Você acha que isso é possível?  
 
AD: Olha, antes não era, porque a gente não podia nem mexer no anel, isso não era municipalizado. O que Belo Horizonte ganhou, Helenice, com a municipalização do anel? A primeira coisa é que nós podemos gerir, eu já posso discutir esse assunto, antes eu não podia nem discutir. As melhorias que serão feitas no anel rodoviário, muitas delas nós já estamos fazendo. Nós tiramos toneladas de lixo do Anel Rodoviário.  
 
HL: Você já tem quantas toneladas?  
 
AD: 300 toneladas. Você tem ideia do que são, né? 300 toneladas de lixo que Belo Horizonte tirou em apenas um mês do Anel Rodoviário. Você acha que já melhorou ou não?  
 
HL: Já, eu passo lá sempre para ir para o Jornal.  
 
AD: Claro que não é ainda o que a gente quer, porque quando você fala do Anel Rodoviário, o que as pessoas pensam? As grandes obras, acabar com aquele trânsito que tem na descida do Betânia. 
 
HL: Pesadíssimo, aqueles caminhões que a gente teve com medo deles passarem por cima da gente. O que você vai fazer com aquilo? 
 
AD: A gente vai fazer. A gente vai fazer as alças que a gente tem que fazer, essas duas que você falou, da 040, da Via Expressa. E se não vier ao Governo Federal? Você perguntou antes para mim, eu não te respondi, enrolei, enrolei, não te respondi. Não enrolei não, é porque eu comecei a falar de uma coisa e eu me perdi, agora eu lembrei. Você perguntou como conseguir dinheiro. 
 
HL: É muito dinheiro, a prefeitura não tem esse orçamento. 
 
AD: Planejamento, planejamento sério. Simples. Mostrando para o Governo Federal, para o Governo Estadual o que eu vou precisar para investir naquilo.  
 
HL: Quanto que é mais ou menos ali?   
 
AD: Depende. Cada viaduto desse aí pode custar de 50 a 60 milhões. A gente falou em 60 para 2? Nada, 60 não vai dar para fazer 2, da forma como a gente quer não vai dar.  
 
HL: Vocês já estão gastando R$60 milhões para fazer o recapeamento, a pavimentação toda lá, que está um tapete.  
 
AD: Nós vamos fazer o quê? Nós vamos, primeiro, fazer o nosso planejamento, aí depois nós vamos colocar esse escopo no papel, ver qual vai ser o custo do anel rodoviário e se precisarmos fazer, o que hoje a gente está fazendo, um empréstimo num banco para poder fazer uma obra estruturante em Belo Horizonte, nós vamos fazer, vamos apresentar para a Câmara. É esse tipo de projeto, quando eu levar… “você vai levar um projeto importante para a Câmara?” Vou. Aqueles que mudam a vida das pessoas na cidade.  
 
HL: É, porque tudo tem que passar pela Câmara.  Você foi vereador durante 8 anos e viu, né? Como está, em? Está esse tom bélico ainda ou melhorou?  
 
AD: Não, acabou, isso não existe. 
 
HL: Você acha que isso não existe mais?  
 
AD: Não, não existe. A gente está muito tranquilo, a relação é muito boa. Eu converso muito com os vereadores, não é só para ter uma boa relação. Ontem, por exemplo, eu tive uma reunião com eles, e aí a gente falou sobre a relação prefeitura e câmara, mas eu falei também de câmara-câmara. Por quê? Porque eu vivia ali dentro. Falei “gente, aquele ambiente é muito ruim. Eu não quero aquilo para mim, mas não é porque eu estou lá, eu não quero para vocês viver aquilo ali. Quatro anos, é uma confusão, é um querendo puxar o tapete do outro, não. Eu vou fazer com que vocês possam viver em harmonia”.  
 
HL: Você acha que passa pedido de empréstimo na Câmara? Você tem apoio suficiente para ter essas aprovações?  
 
AD: Sabe por que eu tenho? Porque o empréstimo não é para mim, o empréstimo é para a cidade, para resolver o problema da cidade. Igual a gente passou agora o do hospital. O hospital que vai ser construído vai ser um dos maiores equipamentos de saúde do Brasil, será feito em Belo Horizonte, na região do Gameleira, ali próximo a Via Expressa.  
 
HL: Como está esse projeto do hospital?  
 
AD: Já passou no primeiro turno, a liberação do terreno para o governo do Estado já passou no primeiro turno e será, acredito, que não terá dificuldade para passar no segundo turno.   
 
HL: E qual será esse tamanho do hospital, número de leitos, você já tem isso tudo ou não? Agora ainda tem que fazer o plano, né?   
 
AD: Esses números estão com o Governo do Estado e a gente está conversando muito sobre eles.  
 
HL: Quanto que vai custar esse hospital?  
 
AD: Eles que têm os números.  
 
HL: É, né? Porque geralmente uma obra dessas é uns R$300 milhões.  
 
AD: Mas tem coisa que é melhor não ficar sabendo, não procurar saber muito, senão vai acabar jogando a conta no meu colo. (risos) 
 
HL: Dá uma contrapartida aí, ‘meu filho’. (risos) 
 
AD: A contrapartida já é o terreno que nós estamos dando, que é muito bacana, que é o que vocês precisam.  
 
HL: Que tamanho é esse terreno?  
 
AD: É grande, muito grande, e vai ser feito um hospital. Quando eu falo de projetos na Câmara é isso. Os projetos que eu vou mandar para lá são projetos para melhorar a vida das pessoas, aí por que o vereador não vai votar? Antes tinha muita politicagem, deixavam politizar essas coisas.  
 
HL: Ficava um cabo de força, eles puxando para o lado deles.  
AD: Não quero isso para mim, não quero isso para os vereadores e vereadoras que lá estão hoje. Eu quero viver em harmonia, porque eu quero que todos nós possamos entender a mesma coisa. O Fuad e eu, os outros 41 vereadores e vereadoras, nós fomos eleitos na última eleição para melhorar a vida das pessoas, apenas isso, e é o que nós vamos fazer durante 4 anos, tenho certeza disso.  
 
HL: Isso aí, legal, melhorar a vida das pessoas. Álvaro, vamos falar do centro de Belo Horizonte? Outro dia, naquele café da ACMinas, ouvindo o Cledorvino Belini, o presidente, ele me falou, “Helenice, precisa resolver a questão do morador de rua”. Aí você falou: “o problema não é o morador de rua, o problema é o morar na rua”. A gente tem um dado do anuário da UFMG, dado de março de 2025, com base no CADÚnico, que são 14 mil moradores de rua em Belo Horizonte. Não sei se esse é o dado que a prefeitura trabalha, mas o que a gente pode fazer? A gente já viu em outros lugares do mundo aquele housing first, moradia primeiro para eles terem aquela segurança, essa é a minha casa, não é só abrigo. O cara não quer ir, tem que seguir outras normas. Como está sendo feito? Você acha que consegue tirar o morador da rua? Essa sensação que as pessoas ficam? Vejo nos seus comentários nas redes sociais todo mundo reclamando “precisa resolver esse problema, Álvaro. Precisa resolver fezes, urina na rua, o centro todo sujo”. O que você vai fazer, Álvaro? 
 
AD: A primeira coisa que a gente está fazendo é mudar alguns verbos. Eu não vou tirar ninguém da rua, eu vou levá-los para um lugar melhor. Eu vou mostrar para ele que o que eu tenho para oferecer para ele é melhor do que o que ele tem hoje, e vou mostrar isso claramente para quem mora na rua. Você hoje tem isso aqui, é esse piso molhado ou seco, não depende de você para ele estar molhado ou seco, é isso aqui para você dormir. Eu vou te levar para esse lugar para você dormir e vou te oferecer essas condições. Cuidar da saúde dessa pessoa, da saúde física, da saúde mental dessa pessoa, eu vou dar para essa pessoa condições de morar num lugar melhor e vou oferecer para essa pessoa o que tiraram dela ou o que foi tirado dela, não que tiraram, mas o que foi tirado dela durante esse tempo que ela ficou na rua, a dignidade. Ele já perdeu a esperança, ele não tem mais esperança de dias melhores, ele dorme na rua sem esperança de acordar amanhã e amanhã ser um novo dia para ele. Amanhã é só mais um dia para ele, amanhã não é um novo dia, amanhã é mais um dia. Eu quero dar pra ele a esperança de que amanhã será um novo dia pra ele, que ele vai conseguir reconstruir a vida dele, mesmo que seja num lugar mais simples, mas com certeza muito melhor do que o que ele tem hoje. Nós já temos um projeto, é isso que nós estamos fazendo. Eu não consigo fazer isso, não posso fazer isso, de um dia pro outro, até porque se fosse assim, outros já teriam feito.  
 
HL: É um projeto complexo.  
 
AD: Nós temos um projeto que já está em andamento da prefeitura, que foi feito pelo Fuad, que é o ‘Tamo Juntos’. O ‘Tamo Juntos’ já resgata as pessoas e dá para essas pessoas condições de trabalho. Durante a campanha foi mostrado, nós já fizemos isso, eu já entreguei vários diplomas, mais de 100, centenas de diplomas para alguns aqui, já mostrando para eles, capacitando essas pessoas para trabalhar, mas nós já estamos sentando todos os dias. Hoje teve uma reunião com a Secretaria de Assistência Social, com a Arquidiocese, nós conversamos durante mais de uma hora sobre o problema dos moradores em situação de rua. E nós vamos fazer o quê? Nós vamos fazer com que essas pessoas tenham um lugar para morar.  
 
HL: É o quê? Vocês vão construir casas para elas?   
 
AD: Não só construir, como o aluguel solidário, que é isso que você está falando. Nós vamos oferecer uma bolsa para poder fazer com que ela possa morar num lugar, ela possa dormir num lugar muito melhor do que dormir na rua.   
 
HL: Vai ser dela o lugar ou vai ser um abrigo?  
 
AD: Não, é abrigo, o abrigo você está com várias pessoas. O aluguel solidário não é com várias pessoas. Nós vamos pegar, por exemplo, vagas em pequenos hotéis de Belo Horizonte, onde a gente consiga fazer isso, hotéis que estão abandonados, que a gente pode fazer através de um retrofit. Nós já temos um estudo que está sendo feito na prefeitura, eu vou apresentar esse estudo para a população, para Belo Horizonte, esse ano ainda. De que forma nós vamos fazer? Não é eu chegar aqui agora e eu vou resolver esse problema, não é assim, porque para eu poder fazer da forma como a gente imagina fazer e não... “Você vai resolver o problema de morador de rua em Belo Horizonte?” Não é fácil resolver, porque hoje é no mundo inteiro. Qualquer cidade do Brasil, não é só na capital mais, se você for interior...  
 
HL: São Paulo tem 96 mil, o Rio quase 22 mil… 
 
AD: No interior de São Paulo, se você for na região metropolitana de Belo Horizonte, são várias as cidades.  
 
HL: Levaram 12 anos para reduzir em 65% o número de moradores de rua, é uma coisa de décadas.  
 
AD: E por que ele é complexo? Ele é complexo, porque você mexe em vários ambientes ao mesmo tempo. A pessoa está ali por que ela quer aquilo? Não, ela não está ali porque ela quer, ela foi sujeitada àquilo. O que fez ela ir para aquela situação? É isso que nós estamos fazendo um estudo bem detalhado, a prefeitura já está fazendo para eu poder saber um diagnóstico. Eu tenho um diagnóstico, saber quem está ali, por quê? Porque perdeu a família na pandemia, desistiu da vida, problema com dependência química, foi expulso de casa, porque a família não aceita o fato de ele ser ou dela ser homossexual, aí foi tentar morar sozinha, não conseguiu, perdeu o emprego, mora na rua. São vários os problemas que envolvem as pessoas para que elas morem nas ruas da cidade. Eu tenho que oferecer soluções para esses problemas delas e dar a elas a esperança de ter dignidade. Se eu conseguir dar a ela a esperança de ter dignidade, eu tenho certeza de que essa pessoa vai sair comigo. Quem vai fazer isso? A nossa Secretaria junto com o prefeito. Eu vou estar em todas as ações, eu vou participar junto, eu vou mostrar para ela que o que eu tenho para oferecer para ela é muito melhor do que estar onde ela está hoje, e nós vamos começar esse trabalho, o trabalho nós já estamos fazendo, nós vamos começar na prática, sermos efetivos, por que a pessoa quer o quê?  Quem está me assistindo agora quer efetividade.  
 
HL: Ela quer saber quando você vai começar esse trabalho, todo mundo já está cansado de ouvir que tem reunião. Esse ano ainda você acha que a população que passa no centro de Belo Horizonte vai ter essa sensação de que os moradores começam a ter um lar? 
 
AD: Já está percebendo, já são muitos já que a gente conseguiu levar para outros lugares, a gente já conseguiu com muitos, a gente já está fazendo isso. Se você passar pelo centro da cidade hoje, você vai ver que a sua sensação de segurança vai ser muito melhor do que alguns meses atrás. A nossa guarda municipal está trabalhando no centro. Se você for na feira hippie, como reclamavam comigo, “Álvaro, está impressionante aqui, estão roubando aqui” e não sei o quê, se você passar lá, você vai ver, falar que realmente mudou.  
 
HL: E a sujeira do centro, Álvaro, esses passeios lindos que a gente tem, né, de pedras portuguesas. Eu sou de uma época, eu sou de Barbacena, eu vim aqui no final da década de 80, com meus pais, a gente gostava de fazer compras e andar pela avenida Afonso Pena, que era maravilhosa, e não somente eu, as pessoas reclamam muito. A gente vai fora do país, você conhece 54 países que você já falou, a gente vê aquelas máquinas lavando esse chão dessas pedras portuguesas, tem jeito de ter isso aqui? Ou você quer que a gente faça um mutirão e vamos para a rua com escovão e a gente lava? Eu participo, se você quiser, e sabe se eu já conversei com vários empresários e eles topam?  
 
AD: A gente já está fazendo isso. Eu ando pela cidade. Um dos diferenciais é justamente esse, Helenice, eu ando pela cidade, eu mando áudio. Me dá meu celular aqui, deixa eu mostrar um negócio aqui… Eu vou te mostrar o que falo com o secretário, e eu mando na hora para ele. Eu chego para o secretário, quer ver? Agora não lembro se foi de obras, o Leandro ou se foi o Leonardo. A gente tem a dupla Leandro e Leonardo aqui também, estão tendo dificuldade comigo. Eu mando toda hora aqui, eu cheguei para ele e mandei para ele. Mandei pra ele o vídeo.   
 
HL: Aqui, mostra pra câmera aqui, mostra para o Júnior lá.   
 
(vídeo) 
 
AD: Isso eu mandei na hora, e ele já na hora, preocupado, mandou, ele falou assim: “Prefeito, nós estamos aqui em cima, na parte de cima da Afonso Pena”. Aí eu falei assim “está reformando?”, e ele “estou reformando todo ele, já mapeei os buracos”. Foi lá, tirou a foto dos buracos e já me mandou um áudio.   
 
HL: Não é comentário só de jornalista chata, que eu sei que eu sou, não, mas as pessoas falam, “olha esse centro, ele é lindo”, mas todo pichado, é cheio de lixo, as calçadas... Você vai lavar as calçadas? Como vai ser? 
 
AD: Vamos, a gente já está lavando já, é porque é muita coisa na cidade.  
 
HL: É muita coisa, né? Eu vi outro dia, tinha até caminhão Pipa lavando ali perto do viaduto Santa Tereza.   
 
AD: Tem coisas que infelizmente a gente tem que educar as pessoas ainda. Você está falando, por exemplo, dessa limpeza, nós inauguramos, Helenice, a rua Sapucaí, no primeiro dia já não dava para voltar lá no dia seguinte, porque já tinham quebrado a praça. Quebraram a rua Sapucaí, toda destruída, em um dia, um dia. Gente, estou falando para vocês, 24 horas depois. 
 
HL: É difícil demais. E o que você vai fazer? Você vai colocar câmeras? Vai colocar o pessoal para tomar conta, para não deixar destruir?  
 
AD: Olha, câmeras a gente já tem em muitos lugares, a gente vai colocar também, mas a gente queria, primeiro, que as pessoas se conscientizassem que tudo que é feito na cidade é para a cidade e para você. Quando você destrói um equipamento desse, aí a prefeitura vai lá fazer de novo? Vai, a prefeitura vai lá fazer de novo, vai gastar mais dinheiro público com aquilo, sabe? Nós estamos fazendo, nós estamos recuperando todo o centro, o ‘Centro de Todo Mundo’, que é um projeto lançado pelo Fuad, nós acampamos esse projeto. Nós inauguramos uma praça, que eu fui domingo num pagode para ver, que o pessoal falou que está tendo um pagode lá domingo e eu falei “vou lá pra ver”, que é a praça que vai levar o nome do prefeito do Fuad, que é a praça aqui do Sulacap, na Afonso Pena, do Viaduto Santa Tereza. Linda aquela praça, olha o que era aquilo ali no centro da cidade, nós estamos recuperando.  
 
HL: A Lagoinha, gente, parece um The Walking Dead, né? Quando você passa por lá, assim, tarde da noite, cheio de gente lá ‘zanzando’. 
 
AD: Nós estamos recuperando, nós estamos recuperando a cidade, nós estamos melhorando o centro da cidade, nós estamos dando mais segurança para as pessoas no centro da cidade, e tudo isso já está acontecendo. Pode não ter tido o efeito ainda de você passar hoje lá e falar que realmente mudou tudo? Não, mas estou te mostrando, mostrei a você a obra que estamos fazendo, isso não foi combinado, você nem falou para mim fazer isso, não é verdade? Estou te mostrando aqui, a gente está fazendo. Então, isso aqui são obras que nós estamos fazendo. Pedra portuguesa, é de quase 100 anos essas pedras, a manutenção da pedra portuguesa não é simples, não é fácil, solta. 
 
HL: Mas você pensa em usar aquelas máquinas de lavar? 
 
AD: A gente já tem, em muitos lugares a já faz, é porque ela é complexa para nós usarmos, por causa do nosso piso irregular, o nosso piso é muito irregular. Aquilo ali a gente consegue fazer, igual você está falando, consegue numa praça que o piso dela seja bem nivelado, senão haja máquina daquela ali, na primeira descida daquela ali, num buraco ali, ela quebra completamente, mas nós fazemos toda essa limpeza, isso é feito quase que diariamente nas principais avenidas do centro, na Afonso Pena é feito, na Amazonas é feita. A gente está cuidando da cidade, porque o que acontece também, Helenice? Eu paro aqui de vez em quando na varanda, depois vou te mostrar a varanda dali, e eu fico olhando para a cidade, nós temos uma cidade linda, Belo Horizonte é maravilhosa, porque do jeito que falam alguns, dá impressão de que o centro da cidade está destruído. Então, eu falo: “pera aí, anda pelo centro, senão você vai andar um quarteirão e esse quarteirão está com problema, você vai falar que o centro não está funcionando”. Falar, poxa, “os ônibus de Belo Horizonte…” não são os ônibus, amiga, é um ônibus que quebrou lá na Afonso Pena, e você tem que olhar primeiro se esse ônibus também é meu, porque às vezes o ônibus metropolitano quebra, vocês acham que é de Belo Horizonte, e é o metropolitano que quebrou. 
 
HL: Depende também da cidade.  
 
AD: Sabe? Belo Horizonte é linda, Belo Horizonte é a minha paixão, Belo Horizonte é a minha vida. Já recebi N propostas para sair de Belo Horizonte quando jornalista, nunca pensei em deixar a cidade. Deus me deu a oportunidade de ser prefeito dessa cidade e nós estamos melhorando todos os dias a vida das pessoas em Belo Horizonte. Claro que não vamos conseguir fazer tudo de um dia para o outro, eu tenho três meses à frente da prefeitura.   
 
HL: Essa sabatina aqui que eu estou fazendo. (risos) Deixa eu te dar um refresco aqui, Álvaro.   
 
AD: E outra coisa, eu agradeço todo dia a Deus por tudo que Deus me ofereceu, Deus foi... nossa, tenho que todo dia agradecer, ele foi muito bom comigo. Ele me deu muito mais do que eu mereço, mas eu vou te falar um negócio, uma das grandes coisas que eu tenho que agradecer a Deus, dos grandes feitos que eu tenho que agradecer a Deus, é ter pegado uma prefeitura depois do Fuad. Para pegar a prefeitura que o Fuad estava comandando, isso aqui é um navio indo já flutuando. 
 
HL: Mas não pode ser um Titanic, né?  
 
AD: Não, não, o nosso não é. O nosso está indo bem, tranquilo. O problema é quando você pega cheio de dívida, cheio de problema, cheio de confusão.  
 
HL: Contas a pagar, aí não dá pra fazer nada.  
 
AD: No ano passado, o Fuad conseguiu, nesse ano eu vou conseguir pagar o décimo terceiro no meio do ano.   
 
HL: Pois é menino, que notícia ótima para o servidor, R$242 milhões que você está injetando na economia. 
 
AD: E quando a gente injeta isso, é isso que você falou, injeta na economia. 
 
HL: E aí ela gira a roda.  
 
AD: Gira no bairro, gira no centro, gira em tudo quanto lugar da cidade.  
 
HL: Mas isso só quando tem um caixa saudável. 
 
AD: Um caixa saudável e responsabilidade, porque se você também não tem a responsabilidade que o Fuad tinha, embarca no começo e depois você se perde e na hora que você tentar voltar, aí você não consegue mais voltar.   
 
HL: Aí a torneira já está arrombada.  
 
AD: Então, nós tivemos a responsabilidade e temos muita responsabilidade com dinheiro público, mas nós pegamos o legado de Fuad Noman, e quem pega o legado de Fuad Noman tem que agradecer o resto da vida. 
 
HL: Dá uma notícia boa aqui, dá um spoiler. O Nadim Donato, presidente da Fecomércio, me falou: Helenice, pergunta para ele, para o Álvaro, se vai ter um cantor internacional, igual teve no Rio, Madonna, Lady Gaga… Belo Horizonte, você está trazendo também um cantor internacional, já está em negociação, pode dar alguma dica para a gente? O Nadim falou que apoia isso, apoia Meia Maratona, Maratona, que são iniciativas que incrementam o turismo da cidade, como a gente viu no Rio, o que aconteceu, né?  
 
AD: Não só trazer eventos internacionais e nacionais de grande porte para Belo Horizonte, mas já saber, por exemplo, que o presidente da Fecomércio, que o presidente da FIEMG, que o presidente da CDL, que todos eles estão encantados com tudo isso, ou seja, as pessoas estão encantadas com tudo isso.  
 
HL: E vão apoiar.  
 
AD: Vão apoiar. E apoiam por quê? Porque é isso que a gente precisa, é o que a gente quer. É fomentar a cidade, é fomentar a economia da cidade, é fazer a roda girar, sabe? Fazer a roda girar. Nós temos esse projeto, sim, nós queremos um grande artista cantando para o povo da nossa cidade, na nossa praça da estação.   
 
HL: Já está em negociação? 
 
AD: A gente não está em negociação com o cantor. Primeiro, a gente tem que levantar a verba, porque a gente sabe que o valor disso também é muito alto, mas a gente tem uma certeza que é a melhor, porque quando se fala do valor, a pessoa pensa o que? Gasto. Vai gastar isso? Não, não, é investimento. A gente já tem uma certeza, através de estudos, que o que a gente for investir, a prefeitura recupera só com imposto. 
 
HL: Olha só, é o restaurante, é o hotel, é a cidade lotada.  
 
AD: Isso aí. Só com o imposto a prefeitura já recupera. Então, se eu gastar 5, 10 ou 15 milhões num grande projeto desse, como o Rio de Janeiro faz, como São Paulo faz, a prefeitura recolhe, eu emprego muita gente com isso, eu faço a roda girar de tal forma que eu coloco Belo Horizonte no lugar dela. Onde é Belo Horizonte? Belo Horizonte tem que ser estrela, Belo Horizonte tem que ter papel principal em qualquer novela, Belo Horizonte tem que ser protagonista, Belo Horizonte não é coadjuvante, Belo Horizonte não é cidade que fica escondida atrás do carrinho de pipoca, não. Belo Horizonte tem que ser o artista principal, a câmera tem que estar fechada no rosto de Belo Horizonte, mostrar a cidade para o Brasil inteiro e para o mundo inteiro, e eu quero ver cantores internacionais, eu quero grandes eventos. Quando isso vai acontecer? A gente não pode adiantar, porque são projetos que a gente faz com muita cautela, porque a gente também... Algumas coisas não acontecem, é bom explicar isso, porque nós também não temos um precedente para podermos apoiar juridicamente.  Às vezes eu quero fazer, mas nunca foi feito, e como nunca foi feito, como que você vai fazer isso? De onde vai vir esse investimento? É da Belotur? É da Secretaria de Cultura?  De onde que vai vir esse investimento? Como vai ser isso juridicamente falando, de que forma você vai embasar isso. Então, é isso que nós estamos fazendo para fazer tudo certinho, bonito e dar um presente para a nossa cidade.  
 
HL: A gente pode esperar isso esse ano ainda ou mais para 2026, deixar um pouco mais para frente? 
 
AD: Eu acredito que a gente consiga fazer esse ano ainda.  Mas o meu projeto é para 2026, o meu projeto não é fazer esse ano, meu projeto já é lançar esse ano, mas para 2026 a gente quer estar na Praça da Estação com o povo todo da cidade numa data festiva para poder estar com alguém que aquelas pessoas que forem para a praça, principalmente aquelas que não têm condição de ver aquele cantor, aquele artista ali, vai ficar olhando e falar: “poxa, eu vi fulano de perto”, do mesmo jeito que eu posso falar que um dia eu vi fulano de perto, ele também vai poder falar.  
 
HL: É o povo na rua, é a democracia, né? A prefeitura trabalha para todo mundo. 
 
AD: É isso que eu quero fazer. Não é particular, não vai ser evento particular. Quando a gente for fazer isso, a gente vai fazer nos mesmos moldes que o Rio de Janeiro está fazendo. 
 
HL: Não tem praia, mas a gente tem uma Praça da Estação maravilhosa.  
 
AD: Pode chamar de praia da estação que a gente também aceita. No carnaval é a nossa praia da estação.  
 
HL: É isso mesmo. Álvaro, deixa eu ir lá um pouquinho para os lados do Belvedere, eu conversei com muita gente, conversei com o ex-procurador-geral de justiça, o Jarbas Soares, e ele me falou assim: “Helenice, Belo Horizonte tem uma questão que precisa ser resolvida”, que ele chama de ditadura da minoria. O que o Álvaro vai fazer com isso? E ele intermediou esse processo de negociação para as obras entre Nova Lima e Belo Horizonte e viabilizar essas obras da mobilidade na região do Belvedere. O trânsito lá está parando, tem gente falando que está pior do que São Paulo, aquela região. O que você vai fazer em relação a essas minorias que vão tentando barrar os projetos? Essas obras vão sair, eventos também. A gente viu a Stork Car no segundo ano, já tendo resolvido todas as questões, não vai ser em Belo Horizonte. Me fala dessa questão que as pessoas ficam muito preocupadas, na entrada da cidade e o trânsito todo parado.  
 
AD: A gente tem que mostrar, primeiro, para essas pessoas, que o que a gente está fazendo ali é uma obra, independentemente de ser no Belvedere ou em Venda Nova, o que a gente está fazendo ali é uma obra para melhorar a vida daquelas pessoas ali. Eu não posso pensar no grupo A, no grupo B, não é isso, eu tenho que pensar na cidade. Eu sou prefeito de Belo Horizonte, eu não sou prefeito dessa condição aqui ou daquela condição ali. A gente está mostrando isso. O Belvedere, por exemplo, já é o retrato disso que eu estou falando aqui. A gente conseguiu, depois de várias conversas nesse nível que você está falando, porque tem um grupo que não quer, tem outro grupo que quer, mas a gente conseguiu construir e mostrar para todos a importância daquilo ali, e as pessoas têm que entender que Belo Horizonte é aquela filha que cresceu, sabe? Deixa ela ir para o mundo, deixa ela ganhar o mundo dela, sabe? Para de ficar puxando pra baixo, ficar... “Não, você não vai sair, não, você não vai sair”. Calma! Deixa ela ir, deixa ela ganhar o mundo, o mundo é dela, ela já tem condição para isso, vamos parar de segurar Belo Horizonte, sabe? Belo Horizonte não pode fazer nada, Belo Horizonte não pode, não quero, não dá, não. Belo Horizonte é a cidade do sim, nós vamos fazer, nós vamos fazer grandes obras com responsabilidade, nós vamos deixar Belo Horizonte crescer, mas com responsabilidade.  Ninguém aqui quer o mal da cidade, nós queremos o bem da cidade, o crescimento da cidade, mas com responsabilidade.  
 
HL: As obras lá já começam agora? Já estou vendo os tapumes lá, as máquinas, agora vai? Vai ter o viaduto ali, a ferradura, ligando já a 040.  
 
AD: A nossa parceria com a prefeitura de Nova Lima é muito boa, sabe? A gente faz muita coisa em parceria com o João Marcelo, com a prefeitura de Nova Lima, somos dois prefeitos, ele, apesar de ter ido para a reeleição, está no primeiro ano do segundo mandato dele, eu estou no primeiro ano desse nosso mandato. Então, a gente tem quatro anos para poder mudar a história ou parte da história da nossa cidade e para melhor. É o que nós estamos fazendo. A gente vai ter que mostrar para essas minorias que o que a gente está fazendo é bom para todo mundo. 
 
HL: Você está conseguindo convencê-los?  
 
AD:  Já. Muita coisa a gente está fazendo.   
 
HL: E os leds aqui na Praça Sete? Você falou, na palestra lá das Acminas, que tem led na Catedral de Milão, por que aqui não pode ter, né? 
 
AD: Isso. 
 
HL: Não vai descaracterizar o Cine Brasil, no Cine Brasil não vai ter LED, né? Vai ter LED é no P7. Quando começarão a ser instalados? Já que eles já estão autorizados.  
 
AD: Não é porque está autorizado que ele vai lá e instala. Isso tudo vai passar por alguns conselhos dentro da prefeitura, sabe? Vai passar por alguns conselhos, é tudo bem estruturado. Não é chegar amanhã uma televisão gigante e colocar na lateral do prédio lá, não é isso que a gente quer para Belo Horizonte. 
 
HL: Você acha que esse ano ainda tem essa discussão toda, não é para esse ano, então? 
 
AD: Não, mas a discussão já está acontecendo. A gente tem que entender que Belo Horizonte é uma das grandes cidades do mundo, sabe? E que o mundo caminhou para isso. Ela é uma metrópole, e a gente vai mostrar isso aos poucos para as pessoas. Nós não vamos descaracterizar o centro, a Praça 7, a nossa Praça 7 é linda, emblemática, é histórica, quantas vezes eu estive ali trabalhando, comemorando e cobrindo ao mesmo tempo títulos do Cruzeiro, do Atlético, do América.  São muitas as histórias da nossa Praça 7. Nós não vamos descaracterizar a Praça 7, mas nós podemos modernizar, nós podemos modernizar a cidade com responsabilidade, sem descaracterizar a cidade.  
 
HL: Lagoa da Pampulha. Outro dia eu fiz uma entrevista… 
 
AD: Vamos andar de barco lá ainda. 
 
HL: Vamos? Porque o Márcio Lacerda falou que a gente ia andar de jet-ski na Copa do Mundo, em 2014, de barco e não aconteceu. Abraço, Márcio, não é nada contra você, você teve toda boa vontade, e aliás, o patrimônio ali da Lagoa da Pampulha se transformou em patrimônio da humanidade, na Unesco, devido ao trabalho dele. 
 
AD: Até porque, se a gente vai comemorar, se a gente vai fazer a construção que a gente está fazendo, é porque a gente tem legado também, né, Helenice? Eu não posso chegar para as pessoas e falar que isso sou eu. Não, peraí, você tem que reconhecer o trabalho que foi feito por outros aí, porque senão não estaria nessa condição hoje.  
 
HL: Claro. Já foi um passo grande dado. Agora, tem o esgoto que ainda é jogado lá. Eu fiz uma entrevista com o presidente atual da Copasa, o Fernando Passaglio, e ele falou assim, “olha, a Copasa não tem poder de polícia. Para a fazer a intervenção lá, precisa da anuência das prefeituras de Belo Horizonte e Contagem, que tem o esgoto jogado lá”. E para isso, precisa mudar a instalação de 10 mil residências no entorno da lagoa. Como é que estão esses entendimentos para essas anuências com a Copasa?   
 
AD: Primeiro, sobre esse esgoto que é jogado na parte de cima da lagoa e a navegação vai acontecer na parte de baixo, a lagoa é muito grande. A navegação é na parte de baixo, próximo da igreja de São Francisco, naquela região. O esgoto é jogado lá em cima, na parte de cima da lagoa. Esse esgoto que vem de Contagem, por exemplo, a gente já conversou com a Copasa, já tem vários entendimentos, e todas as obras que a Copasa já se comprometeu a fazer ela já está fazendo. A gente já está retirando esse esgoto de lá. Aquela parte de baixo, onde fica a cabeceira do aeroporto da Pampulha, muita gente passa por ali, e mais uma vez, vou deixar claro, aquele cheiro que você sente quando passa ali não é da lagoa, por favor, aquilo não tem nada a com nossa lagoa não, aquilo não é a lagoa, aquilo é um esgoto da Copasa na cabeceira do aeroporto e já está sendo consertado pela Copasa, e vão terminar esse ano ainda, graças a Deus, para acabar com aquele cheiro ali e não dar a impressão que a água cheira daquela forma. Não! Eu naveguei na água. A nossa água ainda não é o que a gente gostaria que fosse, mas ela já é o que a gente quer para ser navegável. Não é só eu agora que falo, é a Marinha que foi lá, são os técnicos que estão passando por lá. E esse ano ainda, no aniversário da cidade, se Deus quiser, a gente já vai estar navegando na Lagoa da Pampulha. A gente quer fazer isso esse ano ainda. O nosso projeto é para poder fazer, eu falei isso numa entrevista, esse ano ainda eu quero navegar na Pampulha. Não é só porque eu quero, não, é porque, primeiro, eu fui lá. Segundo, eu naveguei. Aí eu fui e fiz a pergunta para os meus secretários: “pera aí, por que o Belo Horizontino, como eu, não pode fazer o mesmo passeio que eu estou fazendo aqui? Num barco apropriado, não na balsa”. Aí eles falaram “Prefeito, já está bem próximo disso. Se o senhor quiser, é só apertar o passo aí que a gente consegue”. Então vamos apertar o passo e vamos fazer. E estamos fazendo. O projeto para a Lagoa da Pampulha… a Pampulha foi muito maltratada durante muito tempo, Helenice, não foi só pelo esgoto, sabe? Pelas palavras. A Pampulha não consegue responder, ninguém responde por ela. Ninguém defende a Pampulha. Não veio um prefeito aqui para falar “para de falar desse jeito da lagoa”, está dando impressão da lagoa ser a pior coisa do mundo. Para de falar assim da lagoa, gente.  
 
HL: Obras do Niemeyer, ela é mundialmente conhecida.  
 
AD: Ninguém defende a lagoa, e a lagoa fica lá. Não, a nossa lagoa é bonita, nós temos uma lagoa bonita, nós temos um investimento mensal, que é alto, porque a lagoa também é muito grande. 
 
HL: Qual é? Você tem de cabeça aí?  
 
AD: É de R$ 20 milhões a R$ 22 milhões.  
 
HL: Nossa, muita coisa, hein?  
 
AD: É, mas olha o tamanho da nossa lagoa. Nós vamos ter uma lagoa navegável até o final do ano, é o trabalho que nós estamos fazendo diariamente aqui na prefeitura.   
 
HL: Parque das Mangabeiras. Outro dia eu vi você lá falando que as obras já estão ficando prontas… 
 
AD: Praça do Papa.   
 
HL: Isso, Praça do Papa. O Parque das Mangabeiras é ali para cima. Aquela região também, ela vai receber uma atenção especial, a população lá fica com medo de ter uma invasão imobiliária, ou tem que ter mesmo? Qual é a sua visão e o seu entendimento em relação ao Mangabeiras?  
 
AD: Não tem que ter invasão imobiliária, não vai ter, se depender de mim. Investimento, nós já estamos fazendo, porque a praça do Papa é um investimento na região, né? E vai ficar linda, vai ficar linda. Muita gente fala assim, eu vi um rapaz comentando, porque eu tirei uma foto lá no dia que eu fui lá, né? “Você está falando esse tempo todo e não estou vendo mudança nenhuma”. Gente, mas não posso mudar mesmo não, a praça tem que ser a mesma. Eu não posso reinagurar a praça e colocar ela colorida, ela é tombada. O piso dela, se você for visitar a praça daqui alguns dias, você vai ver que o piso dela é o mesmo de 20 anos, 30 anos atrás, e é isso que a gente quer que você perceba. Nós não estamos lá para mudar a praça, nós vamos mudar algumas coisas que permitem ser mudadas. Por exemplo, aquela rua que separa praticamente uma praça da outra, o afunilamento dela, o bico dela, com a parte de cima que é onde o Papa esteve, tem uma rua ali no meio ali, aquilo ali não vai ter mais, a praça vai estar toda integrada. E isso já é investimento na região do Mangabeiras. E dá uma olhada lá para cima, sabe? Vê como está a situação do Mirante, para poder chegar ao Mirante. Eu confesso para você, faz tempo que eu não vou naquele Mirante.  
 
HL: Eu também, faz muito tempo. 
 
AD: Vamos depois, fazer uma visita ao Mirante? Eu quero ir lá no Mirante, quero saber como as pessoas fazem para ir no Mirante, se as pessoas estão indo no Mirante também.  
 
HL: Se elas estão indo também. Antigamente a gente ia muito, né? Agora, depois eu parei.   
 
AD: Eu acho que foi parando aos poucos, foi parando por insegurança… 
 
HL: E é um ponto turístico, é lindo lá, você ver o pôr do sol, né? Fazer fotos ali. 
 
AD: Nós somos da época da Rua do Amendoim. 
 
HL: Então, eu ia te falar isso agora, Alvaro. (risos)  
 
AD: Nós somos da época da rua do Amendoim, eu colocava uma lata lá para ver se a lata andava para um lado e para o outro.   
 
HL: (risos) Aquela rua é uma peça, né? Deixa eu te falar, Plano Diretor, você vai mandar para a Câmara, vai tentar negociar para a gente voltar a ter arranha-céu de 50 andares, ter uma coisa diferente em Belo Horizonte, da lei de uso e ocupação do solo ou não?  
 
AD: Quando eu falo arranha-céus, quando eu falo prédio de 50 andares, que tomou uma proporção assim, todo mundo fala, deixar bem claro que isso é uma forma de ligar Belo Horizonte à modernidade, não significa dizer que nós vamos sair fazendo prédio de 50 andares em Belo Horizonte inteiro, nada disso. Se fizer um, dois, eu já vou ficar feliz ali e será pontual. Nós estamos querendo mostrar para as pessoas que nós estamos ligando Belo Horizonte à modernidade, e é isso que nós vamos fazer. E para nós fazermos isso, a gente tem que fazer algumas mudanças sim. A primeira mudança é de filosofia, é estruturante. E qual é a mudança de filosofia? É entender que Belo Horizonte pode crescer, é entender que o Barro Preto pode ser a extensão do Lourdes e do Santo Agostinho, sendo Lourdes, Santo Agostinho e para. No Barro Preto não pode, Barro Preto é só galpão, e vai ser isso aqui?  
 
HL: E por que não pode?  
 
AD: Por que não pode? Por que ele não é a extensão do Santo Agostinho e do Lourdes? Por que a Lagoinha vai ser do jeito que você está falando pelo resto da vida? O bairro onde eu nasci, Helenice, eu posso falar com propriedade do bairro Concórdia, eu estou a pé a 15 minutos do centro da cidade, e eu não tenho um prédio de 10 andares, nem vou falar de 50 não, eu não tenho um prédio de 10 andares no bairro onde eu nasci, no Concórdia, porque não pode. E aí você vai vendo o que acontece, os lotes vão passando de família para família. “Oh, isso é bonito, passa de geração pra geração”. Não é que passa de geração para geração porque é bonito, é porque a gente não tem para quem vender. O lote da minha família já foi colocado à venda umas 10 vezes, ninguém comprou. Sabe por que ninguém comprou? Eu vou comprar um lote para construir uma casa? Para quê? Eu não vou comprar um lote para construir uma casa. Eu vou comprar um lote para construir um prédio.  
 
HL: Para vender, rentabilizar, e isso leva outros prédios para a região e vai valorizando o bairro. 
 
AD: Mas não pode construir um prédio de 5 andares no Concórdia, então para que eu vou comprar um lote lá? Não é verdade? São essas mudanças que a gente vai fazer.  
 
HL: Sim, essa revitalização.  
 
AD: Isso, é isso que a gente vai fazer, a gente vai dar um pouco mais de modernidade para a cidade, nós não vamos mexer na história de Belo Horizonte. Saibam todos que o prefeito de Belo Horizonte nasceu aqui, em casa. Eu sou filho de parteira, minha mãe não saiu de casa para me ganhar, só estava eu e ela no quarto, que ela contou a história para mim. “Era só eu e você, deitado na cama lá. Na verdade, era só eu, você estava escondido dentro de mim ainda, quando, de repente você começou a vir e eu gritei e a dona Ana veio pra fazer o seu parto”.  
 
HL: Quando ela chegou foi só cortar o cordão umbilical.  
 
AD: Essa é a minha história, nasci na cidade, sou apaixonado por ela, não vou chegar e mudar a história de Belo Horizonte. E por que tem que ser assim, sabe? Eu tenho que ter humildade para eu saber que eu sou belorizontino, mas eu não sou melhor do que ninguém.  Não tem aquelas pessoas que falam “você não conhece um atleticano mais atleticano que eu. Você não conhece um cruzeirense mais cruzeirense que eu”. Mas quem te falou que você é mais cruzeirense do que o seu vizinho? Quem te falou que você é mais atleticano do que o seu vizinho? E quem falou que o prefeito é mais belorizontino do que outro belorizontino? Não, eu sou belorizontino só e eu tenho que ter humildade para reconhecer que a história dessa pessoa que vai me contar nas ruas da cidade é importante, é importante eu ouvir e chegar para ela e falar “o senhor tem razão, se eu fizer isso aí vai melhorar”. E fazendo as coisas simples. Olha para você ver o que nós fizemos aqui que deu uma repercussão, você não tem ideia, sabe o quê? Uma das coisas que mais deu repercussão nesses 3, 4 meses de mandato? Você não vai acreditar. Olha que nós já inauguramos posto saúde, já inauguramos EMEI, já falei de ônibus… 
 
HL: Educação, que você quer melhorar o IDEB. 
 
AD: IDEB, já inaugurei viaduto na Cristiana Machado, mas todo lugar que eu passo alguém chega perto de mim e fala: “prefeito, pode agradecer um negócio? O senhor abriu o Parque Municipal”.  
 
HL: Ah, nossa! Esse é demais!  
 
AD: É impressionante! É parte da história de todo mundo, esse parque. Falam assim “o senhor abriu o Parque”, e eu falei “você está falando sério? Você está me agradecendo?”. “É, prefeito, porque o parque tem cinco, seis portarias, só uma que estava aberta. A gente não ia no parque, porque o parque estava fechado. Eu queria cortar caminho, eu vou para aquela área de hospitais, eu queria cortar caminho para o parque, não posso não, porque se eu for lá, chega lá, a porta de lá está fechada, eu vou ter que voltar para ir pela rua”. Gente, para você ver que Belo Horizonte é simples, o belorizontino é simples. 
 
HL: Ele quer viver a cidade. 
 
AD: Isso, ele gosta da cidade. Eu falo assim: “Álvaro, para de inventar. Não precisa de você ficar inventando muita coisa”.  
 
HL: O povo vai para Nova York para ver o Central Park. Gente, pelo amor de Deus, aqui tem um parque lindo, maravilhoso.  
 
AD: Lindo o nosso Parque Municipal, só que nós vamos melhorar. Eu fui lá, eu andei sozinho lá… e eu não marco também não, viu? 
 
HL: Chega de surpresa, né?  
 
AD: Chego de surpresa, porque se você marcar, aí eles vão arrumando os ‘trem’ tudo. 
 
HL: Aí dão umas maquiadas, né?  
 
AD: Aí não dá, né? Para cima de mim. 
 
HL: É coisa de jornalista, gente, desconfiado.   
 
AD: É o que eu falo, você pode até me dar uma volta, mas você vai ter dificuldade em me dar uma volta, porque eu já estou meio cabreiro, você não vai conseguir me enganar o tempo todo. (risos) Eu cheguei, acordei domingo, acordei cedo, aí fiz o café lá em casa, que eu mesmo faço o meu café, aí eu falei assim “vou dar uma volta. Onde que eu vou dar uma volta? Vou lá na feira hippie”. Liguei só para um amigo meu, não liguei para segurança, não liguei para motorista, não liguei para ninguém, fui lá sozinho, eu e meu amigo. Peguei o carro, saí andando, cheguei, a guarda municipal estava tocando e eles assustaram. “Uai, prefeito, você aqui?”. Eu falei “qual é o problema de eu estar aqui?”. “Você chegou agora? Nós acabamos de tocar”. Eu falei: “pois é, eu vim aqui, mas não tem problema não. Estou rodando”. Fui ali, converso com um, converso com o outro, no Parque Municipal andei, converso com um, converso com outro. Tem pessoas que até hoje acham que eu não sou prefeito, você acredita? Já trombaram comigo na rua e falaram: “você é prefeito mesmo?” E eu falei “sou”, “então o que você está fazendo aqui?” 
 
HL: O prefeito tem que ficar preso no gabinete?   
 
AD: Eu fui almoçar num bar que eu almocei a vida toda lá, Jatobá, vou fazer uma propaganda para eles aqui, lá no bairro Ouro Preto. Aí, sentei lá com um amigo meu, assessor meu aqui, sentamos lá para almoçar, está eu e o Demétrio almoçando, aí chegou um senhorzinho e falou assim: “você é o Álvaro Damião?”, eu falei “sou”. “Então, você é o prefeito da cidade? O que você está fazendo aqui?” Eu falei “no restaurante, eu estou almoçando”. Aí ele falou: “mas você vem aqui?” Eu falei: “sempre vim, mas é a primeira vez que eu venho como prefeito”. E ele disse: “o gerente está sabendo que você está aqui?” Eu falei: “eu não sei, eu não avisei para ele”. E ele falou “mas ele tem que saber!”. Menina, ele arrumou um alvoroço no lugar, ele foi lá, chamou o gerente, chamou o dono do restaurante, aí eu falei: “não era isso, não. Eu vim só para poder almoçar. Eu estava só conversando”. Aí eu tirei uma foto lá com eles, comecei a conversar… essa é a minha vida, o que eu gosto de fazer é isso.  
 
HL: Você não é um novo Álvaro Damião que não vai mais frequentar as casas que você frequenta com seus amigos.  
 
AD: Álvaro Damião virou prefeito, não é o prefeito que virou Álvaro Damião. O Concórdia vai estar sempre dentro de mim, nasci naquele bairro humilde, aqui na região nordeste de Belo Horizonte, que é o Concórdia, minha família, meus irmãos, minha história, minha origem…  eu perdi um amigo de infância, aí onde que eu estava? Estava lá no velório, todo mundo chegou lá no velório, estavam acontecendo três velórios ao mesmo tempo no cemitério da Saudade, e eu não avisei para ninguém que eu ia, eu ia no velório do amigo meu, ficar avisando para os outros que eu vou no velório. O diretor do cemitério “prefeito, o senhor por aqui?” Eu aqui, uai, parente meu morre também, amigo meu morre. Eu falei: “não, sô, só vou ali no velório ali, vão andando comigo aqui”. Subi com eles, cheguei lá, sentei, conversei com meus amigos. O pessoal que estava no velório do lado falou assim “o que ele está fazendo aí?” Eu “gente, é meu amigo que faleceu, vim aqui dar um abraço”. 
 
HL: Têm a liturgia do cargo, mas continua sendo humano, né, Álvaro?  
 
AD: “Mas ele fica no meio da gente aqui?” Fico. Aí fui lá, conversei com a família do senhor que estava lá do lado, sendo velado também, fiquei um pouco lá. A minha vida não vai mudar, Helenice, eu não quero que mude, eu quero continuar assim, fazer as coisas que eu gosto de fazer, tendo a responsabilidade de comandar a terceira maior capital do Brasil, fazer a vida do belorizontino melhorar. Eu estou aqui para isso. Se tem uma pessoa que dorme e acorda todos os dias pensando em como melhorar a vida das pessoas, sou eu, é só isso. 
 
HL: Você tem planos para 2030? Porque já me falaram que você tem um sonho de ser candidato a governador de Minas Gerais em 2030.   
 
AD: Pelo amor de Deus, você volta lá em que gente falou isso, eu nunca sonhei em ser prefeito, não tem isso não. É porque as coisas vão acontecendo, aí as pessoas vão começando na cabeça delas a formatar…  
 
HL: Se você fizer uma boa administração em Belo Horizonte, as pessoas vão falar: “ele está cacifado para ser candidato”. 
 
AD: Porque outros foram. Eduardo Azeredo foi, Pimentel foi… enfim, foram vários dos prefeitos que viraram governador do Estado, não tem problema nenhum. Juscelino foi... “Álvaro, você tem esse projeto?” Não, não tenho esse projeto, não faço esse projeto. O meu projeto é o que Deus me deu, que não era... Eu nunca pensei, eu nunca acordei para sentar numa reunião, para participar de uma reunião que fosse discutir eu ser ou não ser candidato a prefeito de Belo Horizonte.  
 
HL: “Vou fazer um plano plurianual para a minha vida política, ser liderança política, vou ser vereador, depois eu vou ser candidato a prefeito, depois deputado federal, senador…”  
 
AD: Eu tinha um sonho sim, o meu sonho era ser Deputado Federal. Eu tinha o sonho, fui candidato duas vezes a Deputado Federal, e Deus reservou para mim esse momento agora que é de se tornar prefeito da cidade, e eu faço com muito carinho, com muito orgulho, agradecendo a Deus e ao Fuad todos os dias, Deus por ter me dado a possibilidade, o Fuad por ter acreditado em mim e ter me feito prefeito da cidade. Não faço projeto para 2026, 2028, 30, as coisas vão acontecer na minha vida como aconteceram nos meus mandatos. 
 
HL: Está no tempo de Deus, né? 
 
AD: No tempo de Deus, no tempo dele, o futuro a ele pertence.  
 
HL: Você é católico, acredita, vai à missa...  
 
AD: Igreja Nossa Senhora das Graças, no bairro Concórdia, igreja São Judas Tadeu, no bairro da Graça, onde eu tomava conta de carro lá quando eu tinha 10 anos.  
 
HL: É mesmo? Nossa!  
 
AD: Olha pra você ver. Esses dias eu entrei lá, fiquei olhando, falei: “gente, olha o que Deus faz na vida da gente”. Vou à Aparecida do Norte, gosto de ir ali, gosto de ir ali para poder contemplar o templo, sabe? Momento de oração, de fé, eu sou daqueles que têm fé, que acreditam que Deus é capaz de mudar a vida das pessoas e mudou a minha.  
 
HL: Que bom. Álvaro, vai ter sempre muita coisa para a gente conversar, eu volto aqui numa outra época para saber, cobrar tudo de você, o que você falou que ia fazer.