O Ministério da Agricultura confirmou, nesta quarta-feira (22/02), a ocorrência de um  caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina, doença conhecida como mal da "vaca louca", em um frigorífico do Pará.

Segundo a Adepará, o caso ocorreu em uma fazenda no sudeste do estado, que tem 160 cabeças de gado. O animal de sete anos apresentou sintomas da doença, foi abatido, a fazenda isolada, e a propriedade foi inspecionada e interditada preventivamente.

Com a confirmação, o Brasil suspendeu temporariamente a exportação de carne para a China. O risco da doença voltar a terras brasileiras tem assustado muitas pessoas devido aos seus graves efeitos em humanos.

Nas últimas décadas, houve registros apenas de casos isolados da doença, que foram devidamente controlados e eliminados. As últimas ocorrências de doença da vaca louca no Brasil foram registradas em 2021, em frigoríficos de Belo Horizonte (MG) e de Nova Canaã do Norte (MT). 

Além disso, de acordo com a classificação da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), o Brasil é considerado território de risco insignificante para a ocorrência do mal da vaca louca.

O que é a vaca louca?

Mal da vaca louca é o nome popular dado à encefalopatia espongiforme bovina (ou BSE, na sigla em inglês). A doença degenerativa afeta o sistema nervoso do gado e é provocada pelo acúmulo de um príon (pequena e resistente proteína) no cérebro. Essa  proteína atinge o sistema nervoso central do gado adulto, é transmissível e progride lentamente. 

A doença, não tem cura nem tratamento, e o gado contaminado apresenta alteração comportamental. A comorbidade também pode ser confundida com outras patologias que afetam o Sistema Nervoso Central dos animais, como raiva, intoxicações, Babesiose, entre outras.

De acordo com o Pós PhD em neurociências e Biologia, Fabiano de Abreu Agrela, o período de incubação da doença é bastante longo. 

“São cerca de 5 anos até o aparecimento dos sintomas, o que leva o animal rapidamente à morte, mas essa grande janela abre a possibilidade de disseminação, em especial por não haver atualmente qualquer tipo de tratamento", explica.

Quais os principais sintomas da vaca louca?

  • Nervosismo
  • Apreensão
  • Medo
  • Ranger dos dentes
  • Hipersensibilidade ao som, toque, luz
  • Ataxia, ou seja, dificuldade para andar

 

Como a epidemia começou?

Acredita-se que o primeiro caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina, ou doença da vaca louca, foi detectado em 1986 em uma fazenda do Reino Unido.

Na época, vacas e bois foram contaminados após o consumo de rações compostas por partes de carcaças de carneiros infectados por príons modificados.

O pico do mal da vaca louca ocorreu em 1993, depois que mais de mil casos foram notificados, pelas autoridades de saúde britânica, por semana. Um novo surto da doença ocorreu na Europa, em 1996, e acabou afetando outros países. O mesmo ocorreu em 2000, quando milhares de bovinos foram sacrificados em praticamente toda a Europa e o Japão. 

Vaca louca também afeta humanos?

A doença da vaca louca é transmissível ao ser humano devido a uma variante da Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJv), também conhecida como "vaca louca". Portanto, a contaminação ocorre após consumo de carne contaminada. 

“A DCJv é adquirida através da ingestão de carne bovina ou derivados do gado contaminados com a EBB. No entanto, existem pessoas infectadas com a DCJv que se mantêm assintomáticas, o que facilita a sua transmissão por meio de transfusão de sangue ou procedimentos cirúrgicos”, alerta o Dr. Fabiano de Abreu.

Em humanos, o Pós PhD em neurociências e Biologia esclarece que doença da vaca louca causa uma série sintomas como:

  • alterações de personalidade;
  • cegueira;
  • perda de memória;
  • perda de equilíbrio e coordenação; 
  • perda progressiva da mobilidade e da função cerebral.

Como prevenir a doença? 

Atualmente, não existe tratamento ou vacina para a vaca louca. A forma de conter a doença é prevenir que vacas e bois desenvolvam a proteína infecciosa, usando apenas as rações autorizadas. 

Além disso, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento disponibiliza detalhes da prevenção através de uma cartilha educativa.