A iminência do rompimento do talude da barragem da Vale deixa em alerta todo o município de Barão de Cocais, na região Central de Minas, desde o dia 14. Quando acontecer, há 15% de chance de risco de toda a estrutura colapsar, segundo informação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad).
Um relatório de impactos que seriam provocados em caso de ruptura, produzido por uma empresa terceirizada pela Vale ainda no ano passado, aponta que a área potencialmente inundada pela lama abrange uma extensão de 72,5 km. Além de Barão de Cocais, os municípios de Santa Bárbara e São Gonçalo também estão no rastro da lama.
Quais bacias hidrográficas podem ser atingidas?
Uma simulação de rompimento feita pelo Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema) aponta que os cursos d'águas diretamente afetados são: córregos Barão de Cocais/São João, Morro do Queimado, Ben Ventura, Barrocas e rio Santa Bárbara.
O rio Doce, localizado a 195,2 km da barragem, também pode ser comprometido. O manancial já foi atingido em 2015, quando aconteceu o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana. Os rejeitos também podem comprometer o rio Santa Bárbara e rio Piracicaba.
O porta-voz da Defesa Civil de Minas Gerais, tenente-coronel Flávio Godinho negou que o rio Doce possa ser comprometido após o rompimento.
A qualidade da água também deverá ser afetada, tornando-a imprópria para consumo humano e para a própria sobrevivência de peixes e outras espécies aquáticas.
A lama atingiria ainda a Área de Preservação Permanente Estadual Sul RMBH e reservas particulares do patrimônio natural Itajurú e Comodato Reserva Peti. Os rejeitos possivelmente também serão depositados na Usina Hidrelétrica de Peti.
E as áreas urbanas?
Não é novidade que toda a comunidade do Socorro ficará submersa na lama após um rompimento da barragem Sul Superior da mina de Gongo Soco. Os moradores dali já foram evacuados no dia 8 de fevereiro, quando a classificação de risco da estrutura foi elevada de 1 para 2.
Além disso, escola, supermercado, shopping, campos de futebol, igrejas, templo evangélico, centro comercial e até complexo industrial, localizados às margens dos rios Barão de Cocais e Santa Bárbara, são algumas das construções que podem ser destruídas pela lama.
Os imóveis estão espalhados pelos três municípios diretamente atingidos pelo rompimento. Pontos de Barra Feliz, comunidade que fica entre Barão de Cocais e Santa Bárbara, também serão atingidos.
Rodovias podem ser atingidas?
No relatório de risco, há ainda a informação de que a BR-381 poderia ser atingida. A reportagem entrou em contato com a Vale para saber qual exato trecho da rodovia seria afetado em caso de rompimento. Até o momento, a mineradora não respondeu.
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente também informou que as rodovias estaduais MGC-262 e MG-129 podem ser atingidas após o rompimento.
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