Após 78 dias, os 22 elevadores sociais do prédio Minas, na Cidade Administrativa, seguem inoperantes. A situação causa o esvaziamento do edifício: servidores foram autorizados a realizar teletrabalho ou transferidos para o prédio Gerais. Ausência de trabalhadores significa falta de clientes para o restaurante Minas Bistrô, que operava no nono andar e precisou fechar as portas em dezembro, demitindo 12 funcionários.

Dona do restaurante, Alice Neiva Xavier diz ter sido surpreendida pela interdição dos elevadores sociais em 21 de novembro. “Eles pararam tudo e não deram perspectiva de volta. Nunca me posicionaram de nada”, reclama. A empresária explica que atendia, diariamente, de 250 a 300 pessoas. “Passei a atender 30. Não tinha público. Como eu conseguiria manter aberto?”, desabafa.

“Eu precisei fechar [o restaurante] e estou à beira da falência. Tive que fazer a dispensa de todos os funcionários para eles conseguirem o seguro-desemprego, mas não consegui pagar a rescisão de ninguém. Inclusive, todos vão me acionar na Justiça do trabalho, e com razão”, acrescenta Alice, que se diz desesperada ao ver as contas no vermelho. “Nunca tive dívida na vida”, lamenta.

Sem previsão de retorno 

Não há prazo para os elevadores voltarem a operar. Em nota, o governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag-MG), afirmou que “o processo de execução do reparo está em andamento” e que há empenho “para ser concluído o mais breve possível”. “Todas as providências estão sendo tomadas para a situação ser sanada rapidamente”, acrescentou.

O governo também afirmou que “todos os elevadores de chamada antecipada do prédio Minas, inclusive os que não apresentaram problema, passaram por um diagnóstico detalhado e individualizado”. Com relação ao prazo para solução do problema, o Executivo argumentou que “a administração pública possui características próprias para contratação de serviços” e que “desde a identificação do problema estão sendo adotadas as medidas necessárias para garantir a correção das falhas de forma segura e ágil”.

A reportagem também questionou o governo de Minas sobre o diálogo com os lojistas e se alguma medida efetiva está prevista, mas o questionamento não foi atendido. O conteúdo será atualizado em caso de retorno.

Alice afirma que reabrir o restaurante “é uma luz no fim do túnel”, em meio às dívidas contraídas com o fechamento. “Eu preciso ter público novamente. Para isso, preciso do restabelecimento do funcionamento dos elevadores. Acredito que com o retorno dos servidores, eles voltem a consumir as refeições no meu restaurante”, completou.

Problema de funcionamento

Os 22 elevadores sociais do prédio Minas estão desativados preventivamente desde 21 de novembro, após serem encontradas falhas no funcionamento de alguns equipamentos durante os procedimentos de manutenção.

Em 27 de novembro, o servidor Marcos Tadeu Rozemberg morreu após sofrer um mal súbito. Ele teria passado mal após subir seis andares de escada devido à paralisação dos elevadores.

Nota do governo na íntegra:

A Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag-MG) informa que o processo de execução do reparo dos elevadores do prédio Minas da Cidade Administrativa está em andamento e que todo o empenho é para que seja concluído o mais breve possível. Todas as providências estão sendo tomadas para que a situação seja sanada rapidamente, considerando, principalmente, a segurança dos servidores e visitantes do complexo. Atualmente, 22 elevadores sociais do prédio seguem desligados preventivamente. Dessa forma, os elevadores privativos do Prédio Minas e todos os elevadores do Prédio Gerais e demais prédios do Complexo seguem funcionando normalmente.

A Seplag-MG reitera que, além dos elevadores de chamada antecipada, o prédio Minas conta com elevadores privativos que estão funcionando e foram disponibilizados para uso de todos. Os servidores que executam suas atividades no prédio também foram autorizados a realizar teletrabalho ou, caso precisem ir presencialmente, a utilizar estações de trabalho no Prédio Gerais, que estão sendo disponibilizadas pela Intendência da Cidade Administrativa.

Todos os elevadores de chamada antecipada do prédio Minas, inclusive os que não apresentaram problema, passaram por um diagnóstico detalhado e individualizado. Importante explicar que a administração pública possui características próprias para a contratação de serviços que podem impactar no prazo de execução e conclusão dos reparos necessários e, nesse contexto, desde a identificação do problema, estão sendo adotadas as medidas necessárias para garantir, de forma segura e ágil, a correção das falhas identificadas.