Coronel Fabriciano, município mineiro no Vale do Aço, deve reabrir as escolas a partir do dia 4 de maio. Com isso, a cidade pode se tornar a primeira do Estado a permitir o retorno dos alunos às salas de aula em meio à pandemia de coronavírus. A intenção foi confirmada pelo prefeito da cidade, Marcos Vinícius Bizarro (PSDB), em entrevista à rádio Super 91,7 FM nesta quarta-feira (22). 

De acordo com o prefeito, o plano de reabertura está sendo elaborado pela secretaria municipal de educação e a data definitiva de reabertura depende, apenas, da chegada de material de saúde encomendado pela prefeitura — como máscaras reutilizáveis para todos os alunos e funcionários e 100 termômetros do tipo pistola (que medem a temperatura ao serem apontados para a testa da pessoa). 

As 14 escolas municipais de Ensino Fundamental (que atendem entre o 1º ao 9º ano) devem ser reabertas gradualmente — em um primeiro momento, seriam apenas “uma ou duas”, que o prefeito não especifica quais são. Já as 10 escolas municipais infantis vão permanecer fechadas. Se oficializada, a decisão colocará 5 mil alunos de volta às salas de aula, segundo os números da prefeitura. Cerca de 700 funcionários também retornariam às escolas, enquanto outros 120, enquadrados em grupos de risco, permaneceriam afastados.

Bizarro diz que a abertura das aulas favorece as crianças academicamente, além de trazer um reforço na alimentação durante a merenda e proteção contra violência doméstica e abusos sexuais (que, de acordo com ele, têm aumentado na cidade). “A gente entende que, hoje, o lugar mais seguro para as crianças é na escola. É ilusão falar que estão em isolamento, porque estão na rua brincando entre 20, 30 crianças”.  

Conforme explica Bizarro, a temperatura das crianças vai ser medida por termômetro de pistola operado por agentes comunitários da saúde na entrada da escolas, e quem estiver com febre vai ser conduzido a uma unidade de saúde. Ainda de acordo com o prefeito, o recreio dos diferentes anos vai ser em horários distintos e se concentrar na merenda, sem maior interação entre os alunos: “Não precisa brincar mais, já brincaram por 40 dias”. A educação física vai permanecer suspensa. 

Nas salas de aula, as carteiras vão permanecer a, pelo menos, 1,5 m de distância umas das outras, respeitando o limite de cerca de 20 estudantes por aula. A limitação pode levar à criação de mais turnos de aula ou à transferência de alunos de uma escola para outra, informa o prefeito.  

Caso os pais não se sintam seguros para enviar as crianças às aulas, os alunos vão perder conteúdo, explica Bizarro. “O pai tem todo direito (de não enviar à aula), mas o ano letivo começa quando eu iniciar às aulas. Eu não tenho como retomar conteúdos”.

A escrevente de cartório Nayara Souza, 34, diz que não vai enviar a filha às aulas, caso elas se iniciem no dia 4: “Eu não me sinto segura, porque minha filha tem asma. Há necessidade de as aulas voltarem, mas acho que deveria ser feito algum programa online ou os pais buscarem material na escola”. Nayara conta que tem visto crianças pelas ruas em seu bairro, o Santa Terezinha, mas sem muita aglomeração. 

Outra mãe, uma diarista de 30 anos que prefere não divulgar o nome, diz ter confiado nas decisões do prefeito, que é médico, mas também se sentiria insegura em deixar a filha frequentar as aulas. “Tem mães, como eu, que usam a escola para deixar a criança e poder trabalhar. Mas tem a questão dos idosos, porque, querendo ou não, as crianças convivem com eles”. 

Prefeito de Coronel Fabriciano também pretende reabrir mais o comércio

Parte do comércio de Coronel Feliciano está aberto desde o dia 27 de março, após seis dias fechado. Na época, a cidade tinha um caso confirmados de Covid-19 e, hoje, soma seis casos e nenhum óbito, segundo o boletim da Secretaria de Estado de Saúde mais recente. Além disso, conforme os dados da prefeitura, há 428 casos suspeitos, 298 descartados, e nenhum óbito suspeito. 

Agora, o prefeito quer uma abertura mais extensa do comércio, abraçando estabelecimento como clínicas de estética, que incluiriam salões de beleza. De acordo com Bizarro, ele vai consultar o governo do Estado nesta sexta-feira (25) para avaliar a reabertura também de academia, bares e restaurantes. “Quando tivermos (novos) 60 leitos, quero flexibilizar mais ainda”, diz o prefeito. 

Segundo Bizarro, com a limitação do comércio a arrecadação da cidade caiu cerca de R$ 2 milhões na primeira quinzena de abril, e o município, que tem aproximadamente 110 mil habitantes, registrou mais 400 novos desempregados. 

A princípio, a reabertura do comércio de Coronel Fabriciano levou o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), a impedir a entrada de ônibus da cidade na capital, parte do decreto, publicado no dia 7 de abril, que bloqueava a chegada de coletivos vindos de locais que afrouxaram o isolamento social. 

O decreto de Kalil foi derrubado pela Justiça na semana seguinte, mas, antes disso, o prefeito de Coronel Fabriciano já havia entrado com uma Ação Civil Pública contra o prefeito da capital