Em BH

Excesso de viaturas estragadas prejudica atendimento à população

Denúncias de militares apontam que o atendimento de ocorrências chega a demorar quase 3h em algumas regiões da capital mineira; segundo a Aspra-MG cerca de 30% das viaturas do Estado estão paradas;

Por JOSÉ VÍTOR CAMILO
Publicado em 12 de maio de 2015 | 18:06
 
 
Mais de 30 viaturas estariam paradas somente no pátio do 34º Batalhão WEB REPÓRTER

Conforme a reportagem de O TEMPO adiantou em março deste ano, cerca de 30% das 11 mil viaturas da Polícia Militar (PM) mineira estariam paradas por falta de manutenção. Apesar do comando da corporação já ter garantido que uma licitação para aluguel de viaturas está prevista para sanar parte do problema neste primeiro semestre de 2015, parte dos batalhões da capital mineira sofre com a falta de carros, chegando a demorar três horas para atender à população. 

Um policial militar, lotado no 34º Batalhão (que atende a região Noroeste de Belo Horizonte), e que preferiu não ser identificado temendo represálias, afirma que mais de 30 veículos estão parados na sede do batalhão, na avenida Américo Vespúcio, no bairro Caiçara. "A população é que está sendo mais prejudicada. No feriado de Tiradentes, teve dia que teve caso de roubo na nossa região que as vitimas precisaram aguardar mais de 3h até que conseguimos uma viatura para nos deslocarmos. Havia 79 ocorrências em espera por volta de 12h de um domingo", disse.

Além disso, os militares ainda estariam sendo obrigados a andar em veículos precários e com cinco militares em um veículo de passeio, colocando em risco suas vidas. "Todos nós estamos indignados, pois queremos trabalhar, mas não há recursos para isso. Os comandantes reprimem a tropa, falando para não darmos entrevistas mais. Isso sem citar a longa espera nas Centrais de Flagrante (Ceflan), que acabam fazendo que percamos viaturas por um longo período de tempo", denuncia o militar.

O 22º Batalhão, que atende principalmente a região Leste, teria ficado vários dias sem viaturas do Tático Móvel, impedindo os policiais de atenderem ocorrências. A reportagem recebeu também uma foto de outro policial militar, desta vez lotado no 16º Batalhão, mostrando o quadro de veículos em baixa. "Na 22ª Companhia, que atende ao bairro Santa Tereza, na região Leste da capital, a situação está precária. Como vamos trabalhar sem um veículo?", questionou.

FOTO: WEB REPÓRTER
Quadro mostra grande número de viaturas em baixa na 22ª Cia do 16º BPM

A falta de veículos teve início em janeiro de 2014, quando chegou ao fim o contrato que o Estado mantinha desde 2005 com a empresa Júlio Simões, responsável pela manutenção dos veículos. O acordo previa o fornecimento de mil veículos a um custo total de R$ 35,4 milhões. Desde então, a responsabilidade passou para os batalhões, que receberiam um crédito para a manutenção das viaturas, entre R$ 1.000 e R$ 5.000 por mês.

Problema é generalizado

Segundo o soldado Berlinque Cantelmo, diretor jurídico da Associação dos Praças Militares e Bombeiros Militares de Minas Gerais (Aspra-MG), o problema atinge praticamente todas as regiões da capital. Porém, tem causado mais problemas nas áreas do 49º Batalhão (Venda Nova), 13º (Norte) e 22º (Leste). Além disso, o 61º batalhão, de Sabará, na região metropolitana, também estaria entre os mais graves.

"O problema é geral, porém, nestas regiões, a coisa fica mais grave no quesito segurança pública devido ao grande número de aglomerados existentes", explicou. Ainda conforme o diretor jurídico da associação, houve um caso no 1º Batalhão (que atende à região central) em que a população ficou sem atendimento por cerca de 2h30, devido ao acúmulo de chamadas.

"Tem se tornado algo corriqueiro. A falta de viaturas é uma situação pontual, mas mesmo quando temos um número expressivo de veículos nós esbarramos também na falta de efetivo da Polícia Civil, que acaba prendendo os militares nas delegacias", reclama Cantelmo.

Procurada pela reportagem de O TEMPO, a assessoria da PM afirmou que o comandante geral da corporação, Marco Antônio Bianchini, determinou recentemente a abertura de uma licitação para locação de 2.650 viaturas em caráter de emergência. A previsão é de que a locação ocorra ainda no primeiro semestre deste ano. A PM prevê ainda que a substituição das viaturas antigas aconteçam até 2017.