Estão em um abrigo, sob a tutela do Estado, as duas garotinhas de 1 e 2 anos que são irmãs dos meninos que foram resgatados na última terça-feira (21) em uma casa do bairro Lagoinha, na região Noroeste de Belo Horizonte. A informação foi confirmada à reportagem de O TEMPO nesta quinta-feira (23 de fevereiro) pelo Conselho Tutelar de São Joaquim de Bicas, na região metropolitana da capital mineira.
O órgão foi acionado no último dia 6 de fevereiro depois que a mãe das crianças, uma mulher de 30 anos, foi presa após levar um de seus cinco filhos, um garoto de 4 anos, com ferimentos para uma unidade hospitalar da cidade. O menino acabou morrendo devido à gravidade dos ferimentos que sofreu.
A presidente do Conselho Tutelar de São Joaquim de Bicas, Maria José, detalhou que, após o acionamento no hospital, uma conselheira tentou localizar familiares das duas meninas mais novas. "Ninguém foi localizado e, por isso, elas foram encaminhadas para um abrigo e estão sob a tutela do Estado, dentro da nossa unidade de acolhimento municipal", contou.
Mulher não contou sobre filhos mais velhos
No momento da prisão, a mãe dos meninos teria omitido a existência dos dois filhos mais velhos, de 6 e 9 anos, que, mais de duas semanas depois, acabaram sendo resgatados em cárcere privado, completamente desnutridos.
"Ela não falou da existência de mais filhos, só citou essas duas que estão amparadas pelo conselho, que só teve conhecimento destas outras crianças, que estavam em BH, pela mídia", completou a conselheira tutelar.
Sobre as duas crianças mais velhas resgatadas na terça, o Conselho Tutelar Noroeste foi procurado pela reportagem. A conselheira informou, por telefone, que, até o momento, o caso ainda não teria sido repassado ao órgão.
Já a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) afirmou, por nota,
que o Conselho Tutelar da cidade foi notificado pela PM sobre a ocorrência. "Os agentes de segurança foram orientados a encaminhá-las ao plantão do órgão. Até o momento, não houve encaminhamento. É importante reforçar que o conselho atuará para a garantia da proteção integral, além de adotar as providências necessárias", completou o órgão.
Crianças receberam atendimento médico
No início de fevereiro, após a prisão da mãe pela morte do filho do meio, as duas meninas foram resgatadas e receberam atendimento médico. "Foram assistidas, passaram por exames, receberam alguns medicamentos para fortalecimento, já que estavam sem se alimentar, e receberam alta", conta Maria José, presidente do Conselho Tutelar da cidade.
Depois do atendimento médico, as duas meninas foram institucionalizadas, no abrigo, e, em seguida, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) foi acionado para acompanhar todo o processo.
"Hoje o Conselho Tutelar só trabalha com essas crianças sob ordem judicial, como, por exemplo, para obtenção de documento. Inclusive já conseguimos a certidão de nascimento destas duas meninas", finalizou a profissional.
Relembre o caso
No início do mês, a mulher levou o filho de 4 anos ao médico, mas a criança já estava morta. O menino chegou com lesões no olho, inchaço no pé e queimaduras no tornozelo. Os profissionais da saúde tentaram uma manobra de reanimação cardiorrespiratória por trinta minutos, mas a criança não resistiu. A mãe deu várias versões aos policiais.
Conforme informações do boletim de ocorrência, ela afirmou que o menino teria caído, que teria se queimado com uma lagarta e que também teria se queimado com uma bota molhada no tornozelo. Ainda conforme informações da Polícia Militar, os relatos da mulher não condiziam com as lesões encontradas na criança.
Depois disso, as outras duas crianças, de 6 e 9 anos, da mulher presa, foram resgatadas com desnutrição em um apartamento no bairro Lagoinha, nessa terça-feira de Carnaval. Elas ficaram trancadas por três dias sem comida e cuidados. Os meninos foram encaminhados ao hospital Odilon Behrens e, posteriormente, ficarão sob os cuidados do Conselho Tutelar. A Polícia Militar foi chamada após uma vizinha relatar a situação dos pequenos.
A mulher chegou a alimentar as crianças por um buraco na parede. A porta estava trancada com um cadeado e correntes. Um dos meninos contou que havia vindo de São Joaquim de Bicas na semana passada e que a avó teria passado a noite de sábado com ele e o irmão, mas não retornou.