Com o olhar perdido, a voz enfraquecida e o coração dilacerado. É assim que Eliane Vieira Couto Lima, de 60 anos, está nesta segunda-feira (18). No último sábado, o filho dela, Marcos Vinicius Vieira Couto, conhecido como Marquinhos, foi morto com três tiros após uma abordagem policial na Vila Barraginha, em Contagem. Ele tinha 29 anos e era pai de três filhos.
"Por que não levaram ele preso? Por que mataram meu filho? Meu coração está sangrando, minha vida acabou", lamenta a idosa.
Vestidos com blusa verde e com dizeres #ser família não é crime, Eliane e outras pessoas da comunidade estão de luto mais um vez. Essa é a terceira morte na Vila Barraginha, em um mês. Em todos os casos, o autor dos disparos é um policial militar.
"Meu filho já errou no passado, mas há um tempo estava reerguendo a vida dela. Estava trabalhando, sustentando a família dele", afirma.
A Polícia Militar alega que Marquinhos reagiu à abordagem e teria tentado tomar a arma do agente. Familiares, amigos e vizinhos negam a versão da PM e falam em execução.
"O cara não fez nada. Ele estava cooperando. O PM executou a queima roupa e depois arrastou o corpo como se fosse um lixo", conta um morador que não quis se identificar.
"A gente fica com medo. A polícia tem que proteger a gente, não matar, né?", questiona.
A mãe pede justiça pela morte do filho
De acordo com Eliane Vieira Couto Lima, o filho estava bebendo com amigos em um bar, quando ocorreu uma desavença e a polícia foi acionada.
A morte dele aconteceu exatamente um mês após dois outros homens terem morrido em circunstâncias semelhantes e a um dia do filho caçula completar três anos.
"No mundo a gente nasce, sabendo que vai morrer. Se eu estivesse aqui na hora em que mataram meu filho, eu também estaria morta, porque eu abraçaria meu filho e tentaria impedir que matassem", conta.
A família está programando uma manifestação pacífica para os próximos dias. Quando os dois outros homens morreram, a população fechou uma via da Avenida Eugênio Paccelli, no sentido Belo Horizonte. Atearam fogo em restos de madeira e pneus.
"Queremos justiça! Esse policial é um assassino fardado. Aqui é comunidade, mas não somos cachorros, não ", reclama.
O PM que atirou contra Marquinhos foi levado ao 39° Batalhão da PM e teve a arma apreendida. O caso está sendo investigado pa corregedoriada polícia. O Ministério Público afirmou que também vai averiguar as circunstâncias da ação policial.
"Será que ele (PM) já se perguntou , já olhou a consciência dele, sobre o que ele fez? Porque eu só dr pensar, não consigo suportar essa dor", diz.