Fatal em quase 100% dos casos, a raiva matou 60 animais em Minas Gerais, entre janeiro e junho deste ano. Um homem morreu pela doença. Os dados foram confirmados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), nesta sexta-feira (14 de julho), e ligam o alerta para os sintomas e riscos da infecção.
Os casos foram confirmados em 40 bovinos, quinze morcegos, quatro equinos e em um mico. Em Belo Horizonte, já são sete diagnósticos positivos para a infecção.
Em 2022, segundo a SES, 164 animais morreram por raiva em Minas. Os diagnósticos ocorreram em bovinos (101), morcegos (49), equinos (11), canino (1), felino (1) e Ovino (1).
O estado registra ainda a morte de um homem pela doença. A vítima era um criador de gado de 60 anos em Mantena, no Leste de Minas, que teria manuseado um um bezerro que apresentava comportamento atípico e salivação excessiva. Dias depois, o trabalhador procurou o serviço de saúde após apresentar quadro de confusão mental. Ele foi atendido no hospital Estadual Dr. Alceu Melgaço Filho, em Barra do São Francisco (ES), no dia 7 de abril.
O paciente permanece internado em estado crítico. E, na madrugada do dia 16 de abril, considerando a gravidade do quadro, foi realizada a transferência para o Hospital Estadual Dr. Jayme dos Santos Neves, no município de Serra-ES, onde o homem teve o óbito constatado.
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) afirmou que investiga “todos os casos suspeitos” com objetivo de determinar a fonte da infecção; “realiza busca ativas de pessoas sob exposição de risco; determina as áreas de risco; realiza bloqueios de foco; e promove campanhas de vacinação.
A pasta também disponibiliza orientações para quem for atacado por um animal potencialmente transmissor da raiva. Uma das recomendações é “a limpeza do ferimento com água corrente abundante e sabão, ou outro detergente”, o mais rápido possível, “pois isso diminui o risco de infecção”.
“A limpeza deve ser cuidadosa, visando eliminar as sujidades sem agravar o ferimento; em seguida, devem ser utilizados antissépticos que inativem o vírus da raiva (como o polivinilpirrolidona-iodo, por exemplo, o polvidine ou gluconato de clorexidine ou álcool-iodado)”, afirma.
“Os antissépticos deverão ser utilizados uma única vez, na primeira consulta, e, posteriormente, sempre que possível, a região deve ser lavada com solução fisiológica. Não se recomenda a sutura dos ferimentos”, completa.
Montes Claros adota 'bloqueio vacinal'
A morte de um macaco por raiva no bairro Jardim São Geraldo, em Montes Claros, no Norte de Minas, fez com que a prefeitura intensificasse a vacinação de cães e gatos, além de promover ações de investigação e de análise do cenário epidemiológico local.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, até a próxima terça-feira (18), será realizado um “bloqueio vacinal” na cidade. O objetivo é vacinar todos os cães e gatos dos bairros Jardim São Geraldo/São Geraldo, Canelas, Chiquinho Guimarães, Ciro dos Anjos, Vargem Grande e Maracanã.
Raiva
A raiva é uma doença viral que afeta mamíferos, incluindo seres humanos. Ela é transmitida principalmente por meio da mordida de um animal infectado. A infecção afeta o sistema nervoso central e tem letalidade de aproximadamente 100%.
Sintomas
Segundo especialistas, as primeiras alterações são sensitivas, com alteração de sensibilidade, coceira, principalmente na região que foi infectada. Após o período de incubação, surgem os sinais e sintomas clínicos inespecíficos (pródromos) da raiva, que duram em média de 2 a 10 dias. Nesse período, o paciente apresenta:
- Mal-estar geral;
- Pequeno aumento de temperatura;
- Anorexia;
- Cefaleia;
- Náuseas;
- Dor de garganta;
- Entorpecimento;
- Irritabilidade;
- Inquietude;
- Sensação de angústia.
- Podem ocorrer linfoadenopatia, hiperestesia e parestesia no trajeto de nervos periféricos, próximos ao local da mordedura, e alterações de comportamento.
A infecção da raiva progride, surgindo manifestações mais graves e complicadas, como:
- ansiedade e hiperexcitabilidade crescentes;
- febre;
- delírios;
- espasmos musculares involuntários, generalizados, e/ou convulsões.
- Espasmos dos músculos da laringe, faringe e língua ocorrem quando o paciente vê ou tenta ingerir líquido, apresentando sialorréia intensa (“hidrofobia”).
- Os espasmos musculares evoluem para um quadro de paralisia, levando a alterações cardiorrespiratórias, retenção urinária e obstipação intestinal. Observa-se, ainda, a presença de disfagia, aerofobia, hiperacusia e fotofobia.