Completo um mês, nesta quinta-feira (21), da queda de uma aeronave de pequeno porte na esquina das ruas Minerva e Rosinha Sigaud, no bairro Caiçara, região Noroeste de Belo Horizonte, continuam internados os passageiros Thiago Funghi Torres, 32, e Srrael Campras dos Santos, 33. Estes permanecem na Unidade de Tratamento de Queimados (UTQ) do Hospital João XXIII, mas estão estáveis e apresentam melhoras clínicas, segundo último boletim médico, publicado pela Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) há três dias. 

Veja vídeo com a decolagem e queda do avião no Caiçara, em Belo Horizonte

Além dos dois passageiros, o piloto do avião Allan Duarte de Jesus Silva de 29 anos chegou com vida à unidade médica, mas não sobreviveu às queimaduras – que atingiram mais de 90% de seu corpo – e morreu no dia seguinte ao acidente. Após análise, peritos da Polícia Civil comprovaram que, não fosse a explosão que levou ao incêndio da aeronave, o piloto teria sobrevivido à queda do avião. O acidente deixou, no total, quatro vítimas fatais. 

Thiago e Srrael seguiram para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), onde ficaram em estado grave por dez dias antes de serem transferidos para a unidade específica ao tratamento de vítimas com queimaduras. O primeiro deu entrada com 55% do corpo queimado, enquanto Srrael foi atingido em 32% por chamas. 

Relembre

Um avião de pequeno porte caiu sobre carros na manhã de 21 de outubro, nas esquinas das ruas Minerva e Rosinha Sigaud. A aeronave decolou minutos antes da queda do Aeroporto Carlos Prates com destino a Ilhéus, na Bahia. De acordo com o plano de voo, havia quatro ocupantes no avião no momento do acidente.

Veja fotos e vídeos do avião que caiu no Caiçara em BH e deixou três mortos

Três dos passageiros conseguiram ser socorridos com vida (Allan, Thiago e Srrael), mas o quarto ocupante, Hugo Fonseca da Silva, não resistiu aos ferimentos e morreu na hora. Além dele, também morreram no momento do acidente os pedreiros Pedro Antônio Barbosa, 54, e Paulo Jorge de Almeida, 61. 

Estes dois homens eram vizinhos no bairro Mantiqueira, em Venda Nova, e estavam em um Chevrolet Corsa, a caminho de uma obra, quando foram atingidos pelo avião. O carro foi arrastado pela aeronave até a porta de uma academia de ginástica e, em seguida, pegaram fogo.

A família de Paulo precisou esperar dez dias após o acidente para enterrá-lo, isto pois houve dificuldades para confirmar a identidade dele. Segundo a Polícia Civil, a vítima não possuía exame odontológico para reconhecimento pela arcada dentária e também não havia sido possível identificá-lo através de suas digitais, consumidas pelas chamas. Só pôde ser feito o exame de reconhecimento através do DNA e a previsão inicial era de que o resultado demorasse até 90 dias para sair. 

Fechamento do aeroporto

Após a nova tragédia envolvendo uma aeronave que partiu do Aeroporto Carlos Prates, moradores do bairro Caiçara, na região Nordeste, confessaram viver com bastante receio de novos acidentes. Eles pedem, desde então, o encerramento das atividades no aeroporto e, assim, este projeto já é movimentado por um grupo de vereadores. Ainda no início de novembro, moradores colheram assinaturas pelo fim da operação na região. O abaixo-assinado será entregue ao Senado durante audiência federal para discutir o problema em Brasília, prevista para acontecer na próxima semana. 

Histórico de acidentes

Esta não foi a primeira vez que uma aeronave de pequeno porte caiu no bairro Caiçara. O médico Francisco Gontijo, 45, morreu em 13 de abril deste ano após uma colisão do avião por ele pilotado, que caiu também na esquina da rua Minerva – mas, desta vez, com rua Nadir. Francisco pilotava um avião de modelo francês Socata ST-10 Diplomate, com capacidade para quatro lugares, e tentava retornar ao Aeroporto Carlos Prates antes de colidir com fios da rede elétrica e parar no portão de uma residência.  

No intervalo de um mês, em 2014, dois aviões que decolaram do mesmo aeroporto caíram em áreas residenciais. O primeiro acidente aconteceu em 29 de novembro daquele ano, quando um monomotor atingiu o telhado de uma casa logo após decolar. Já em 30 de dezembr, outra aeronave caiu na marginal do Anel Rodoviário. Nestes dois casos, ninguém morreu e os passageiros sofreram apenas ferimentos leves.