Uma semana depois da queda do avião no cruzamento das ruas Minerva com Rosinha Sigaud, no bairro Caiçara, região Noroeste de Belo Horizonte, ainda está difícil apagar as lembranças de um pesadelo que está tirando o sono dos moradores da vizinhança.

As cenas do avião caindo e arrastando carros, pegando fogo, com vítimas correndo como tochas humanas, dificilmente serão esquecidas por quem mora, trabalha ou frequenta a região. 

Na entrada da academia de ginástica, onde o avião e um carro pegaram fogo, o muro continua danificado e as marcas do incêndio na calçada, e também de sangue, a chuva anda ainda não conseguiu apagar.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

'MINHA RUA INTEIRA ESTÁ DE LUTO' Moradores do bairro Caiçara, onde, há uma semana, um avião caiu vitimando seis pessoas, vivem com medo de uma nova queda de aeronave no bairro da região Noroeste de BH. Uma dela é Maria Auxiliadora (primeiro vídeo), 60 anos, que destaca que a rua está de luto desde o último acidente. "É desconfortável, um terror, um sentimento de luto", afirma. O sentimento é compartilhado por Margarete de Souza Santos (segundo vídeo), de 51 anos. "Fico aterrorizada [ao ouvir barulho de aviões", comenta. Leia a matéria completa de Pedro Ferreira no link da bio. #Caiçara #Avião #Acidente Crédito: Ramon Bitencourt/O TEMPO ( @ramonbitencourt)

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Do outro lado da rua, a faixa de isolamento, colocada no dia do acidente pela polícia e pelos bombeiros, permanece enrolada no poste da placa de sinalização. Quatro pessoas morreram, vítimas das queimaduras, duas permanecem em estado grave. 

No início do ano, outro avião que decolou do aeroporto Carlos Prates também caiu naquele mesmo quarteirão, matando o piloto.
A comerciante  Margarete de Souza Santos, de 51 anos, mora ao lado de onde caiu o último avião. "Eu já fico aterrorizada. É o segundo acidente que presencio em menos de seis meses. No primeiro, eu estava trabalhando e morreu o piloto. Agora, neste último, as marcas ainda estão aqui. São poucas perto das marcas que a gente vai levar na memória, que não se apagam facilmente", lamenta a comerciante. "É um trauma que gente vai levar para sempre. Desde segunda-feira, tomo remédio para dormir e estou me tratando de uma renite por que inalei muita fumaça ", finalizou.

A professora Maria Auxiliadora Araújo Costa, de 60 anos, mora numa casa abixo do local onde o avião caiu na semana passada. Ela aguardava crianças para aulas de reforço escolar bem no horário que o avião caiu. Quando escuta o barulho de aeronavaes passando sobre a casa dela, a sensação é de desespero, segundo ela. "É desconfortante. Um terror. O sentimento é de luto. A minha rua inteira está de luto. Quando caiu o primeiro avião, foi um horror. Caiu o segundo é veja só o que aconteceu? O que eu vi aqui foi uma cena de guerra", conta a professora.

Sobreviventes

Dois sobreviventes permanecem internados no HPS Hospital de Pronto-Socorro João XXIII. Thiago Funghi Torres, 32, e Srrael Campras dos Santos, 33, continuam em estado grave.

A Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG) divulgou boletim médico dos pacientes hoje e a informação é que os pacientes serão submetidos a um novo procedimento cirúrgico ainda no decorrer desta semana.

Thiago deu entrada na unidade médica com 55% de seu corpo queimado, Srrael chegou a unidade com 32%. O piloto Allan Duarte, de 29, também chegou a ser levado ao hospital, mas não resistiu e morreu um dia após o acidente. 

Além do piloto, a queda do avião também foi responsável pela morte de Hugo Fonseca da Silva, 38, passageiro do aeronave, que morreu na hora, e dos pedreiros Pedro Antônio Barbosa, 54, e Paulo Jorge de Almeida, 61 – os dois seguiam para o trabalho, em um carro, quando foram atingidos. 

Homenagem

No sábado (26), moradores do bairro Caiçara e familiares das vítimas se reuniram nas ruas da região e caminharam até o cruzamento onde o avião atingiu o solo, para uma missa. 

Durante o trajeto, eles cobraram posicionamento das autoridades e voltaram a pedir o encerramento das atividades no Aeroporto Carlos Prates, de onde a aeronave decolou.