O secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, afirmou não vai aumentar os recursos disponibilizados pelo Estado para o hospital Risoleta Neves, unidade responsável por atender cerca de 1,5 milhão de pessoas da região Norte de Belo Horizonte e de municípios do entorno. A unidade filantrópica, que realiza, em sua totalidade, atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), opera com um déficit de R$ 2 milhões, o que, segundo a diretora geral do hospital, Alzira de Oliveira Jorge, inibe melhorias de infraestrutura, readequação salarial das equipes e custeio das despesas, comprometendo o atendimento de pacientes. 

"O Risoleta recebe mais de 10% do orçamento da saúde. Um único hospital entre 400. A gente não pode deixar um desequilíbrio entre os outros hospitais, não tem como receber mais desse custeio. O Governo Federal e o município (Belo Horizonte) precisam aumentar seus repasses", afirmou Baccheretti. A responsabilidade pelo custeio do Risoleta é repartida, sendo 54% do Estado, 33% da União e 13% do município de Belo Horizonte. "O Risoleta, em especial, recebe cerca de R$ 128 milhões por ano, o que foi pactuado lá atrás é de cerca de R$ 60 bilhões de reais, ou seja, ele recebe o dobro", garante o titular da pasta. 

A prefeitura de Belo Horizonte afirma que trabalha para recompor os valores financeiros solicitados pela instituição, e que acordou, de modo excepcional, o repasse a mais de R$ 15 milhões anuais, por meio de fonte municipal. A medida, segundo a prefeitura, se deu por reconhecer o papel do hospital no sistema de saúde da capital e de cidades do entorno. “A Secretaria Municipal de Saúde também já encaminhou à Secretaria de Estado da Saúde pedido de recomposição – a ser direcionado ao Ministério da Saúde”, disse em nota. 

O Ministério da Saúde não respondeu aos questionamentos feitos pela reportagem referentes ao hospital Risoleta Neves. A pasta pontuou somente que reconhece a situação de déficit financeiro das instituições filantrópicas pelo país, como a unidade da região Norte da capital, e admite que a falta de recursos dificulta a universalização do serviço. “Nos últimos anos, essas entidades têm enfrentado dificuldades financeiras, o que compromete a assistência para a população de várias regiões do país”, relatou. 

Desafios para gestão

O secretário acredita que além do aumento dos recursos destinados pela União e pela prefeitura de Belo Horizonte, a unidade precisa otimizar sua gestão, a fim de garantir a operação. "A Santa Casa de BH, por exemplo, que tem mais de 1200 leitos, recebia R$ 14 milhões, enquanto o Risoleta recebe R$ 128 milhões. Você vê uma desproporção entre os dois hospitais, considerando o tamanho que eles tem. Essa otimização é algo que temos discutido com a UFMG para deixar o Risoleta no azul", acrescentou.

De acordo com Baccheretti, o Governo de Minas mantém diálogo com os gestores do hospital, a fim de avaliar a capacidade operacional da unidade e projetar novos investimentos, como a compra de equipamentos. "O Governo vai investir em um novo tomógrafo para que o hospital consiga melhorar sua capacidade. Temos conversado ainda sobre novos investimentos, isso para melhorar os atendimentos e garantir mais receita", completou.

Autoridades em alerta com o hospital

A superlotação e as condições de atendimento ao público do hospital Risoleta Neves serão temas de uma audiência pública a ser realizada na próxima terça-feira (4), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O encontro vai discutir o déficit mensal do Risoleta Neves, de cerca de R$ 2 milhões, além do cenário de superlotação, filas para atendimento e queda na qualidade do serviço prestado.  A audiência foi convocada pela deputada estadual Beatriz Cerqueira, do Partido dos Trabalhadores (PT).

O hospital

O hospital Risoleta Tolentino Neves funciona como porta-aberta 24 horas/dia, e é referência para a população da região Norte de Belo Horizonte, além de residentes de municípios do entorno da capital, como Lagoa Santa, Pedro Leopoldo, Ribeirão das Neves, Santa Luzia, São José da Lapa e Vespasiano. As portas de entrada do hospital para os atendimentos de urgência e emergência são o pronto-socorro e a maternidade. A unidade realiza acompanhamento clínico, cirúrgico, materno-infantil e intensivo.