Setor do aço demanda aumento de tarifa de importação e diz que pode parar

Em meio à queda das vendas de aço nacional e aumento de importação, especialmente chinesa, o setor siderúrgico pressiona o governo federal para aumentar as tarifas sobre os importados e ameaça: se o ritmo de importação se mantiver no patamar atual, empresas brasileiras podem interromper produção e reduzir empregos.

“Em agosto, entrou o dobro de aço no Brasil do que a média histórica. Se continuar nesse ritmo, certamente as empresas siderúrgicas no Brasil vão ter que parar, porque não vão ter o que produzir, e parar gera desemprego”, declarou opresidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil, presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO da ArcelorMittal Aços Longos e Mineração LATAM, Jefferson de Paula, durante o Congresso Aço Brasil, que ocorre em São Paulo nesta terça-feira (26/09). Em agosto, foram importadas 496 mil toneladas, principalmente da China.

O setor demanda uma taxação de 25% sobre a importação de aço, a exemplo do que países europeus, os EUA e, mais recentemente, o México adotaram. A alíquota atual é de 9,6%, com algumas exceções. A proposta do Instituto Aço Brasil é de uma elevação temporária da tarifa. “Não é para sempre. E não é uma retaliação contra a China. Seria para qualquer aço importado”, complementou de Paula. Neste mês, o governo federal revogou a redução de impostos de importação para 12 produtos de aço, que havia sido realizada pela gestão anterior em 2022. A medida começa a valer em outubro. 

Para alguns analistas, entretanto, aumentar a taxação de produtos chineses não resolve o problema. CEO da Arko International, pesquisador sênior do Centro de Estudos Internacionais e Estratégicos (CSIS) e especialista visitante do Institute of the Americas em relações China-América Latina, Tiago de Aragão explica que o governo chinês pode revidar em outras frentes caso isso ocorra. “Se o governo brasileiro tiver posição de impedir a entrada de aço no Brasil, a resposta chinesa será no agro. Isso tende a paralisar o Brasil na tomada de decisão”, ponderou.

*O repórter viajou a convite do Instituto Aço Brasil.