O FGC (Fundo Garantidor de Crédito) fechou o primeiro semestre do ano com liquidez de R$ 121,1 bilhões, alta de 6% na comparação com o saldo de dezembro de 2024, quando o órgão tinha R$ 114,1 bilhões para garantir aos depositantes e investidores parte dos recursos aplicados em caso de falência de uma instituição financeira.
No semestre, o FGC operou praticamente no limite da liquidez permitida por regulamento, registrando 2,32% do total de depósitos elegíveis à garantia de ressarcimento. Pelas regras estabelecidas, a meta de liquidez é de 2,5% do total dos saldos das contas cobertas pela garantia, mas existe uma faixa de variação aceitável para o índice, que vai de 2,3% a 2,7%.
O patrimônio líquido do FGC saltou de R$ 140,3 bilhões em dezembro para R$ 153,4 bilhões em junho, indicando uma boa saúde geral da companhia.
No período, o resultado financeiro registrou superávit de R$ 13 bilhões, impulsionado pelos investimentos, que chegaram a R$ 10 bilhões -quase o dobro dos R$ 5,2 bilhões do primeiro semestre de 2024. Na conta também estão as contribuições das instituições financeiras associadas, que totalizaram R$ 3,1 bilhões.
Esses recursos são provenientes da aplicação dos ativos do FGC, principalmente em operações compromissadas e títulos públicos federais, que garantem liquidez e segurança.
As despesas operacionais do FGC totalizaram R$ 43 milhões no primeiro semestre, alta de 16% em relação ao mesmo período de 2024. Segundo o Fundo, o crescimento dos gastos ocorreu devido à migração dos sistemas para uma infraestrutura em nuvem e despesas com consultorias e serviços advocatícios.
O resultado positivo do Fundo Garantidor chega em um momento de desconfiança do mercado em torno da capacidade de solvência do Banco Master. Nesta semana, o Banco Central vetou parte da compra do Master pelo BRB (Banco de Brasília) e acendeu alertas no mercado, que prevê a possibilidade de uma intervenção da autoridade monetária, ou a liquidação do Master -o que exigiria o acionamento do FGC.
Famoso por oferecer CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) com alta rentabilidade e por adotar uma estratégia agressiva nos negócios, o Banco Master possui 62% de seu financiamento ancorado em CDBs. Para arcar com os vencimentos dos certificados, a instituição terá que liquidar ativos ou ficar sem recursos para pagar os CDBs que circulam no mercado.
O FGC garante até R$ 250 mil por CPF e por banco emissor — o excedente é habilitado como crédito no processo de liquidação.
Investidores que estão enquadrados nesse limite recebem o dinheiro normalmente. O FGC é acionado caso o banco não consiga pagar o CDB que irá vencer, ou em casos em que é decretada intervenção do Banco Central e liquidação extrajudicial de seus associados.
Nesta sexta-feira (5), o presidente do Banco Central Gabriel Galípolo, afirmou que o Banco Master não ameaça a saúde do sistema bancário nacional, considerado por ele um dos mais seguros e solventes do mundo.
No balanço mais recente divulgado pelo Banco Master, a instituição possuía quase R$ 50 bilhões em depósitos elegíveis à cobertura do FGC. O Fundo, inclusive, já liberou uma linha de empréstimo emergencial de R$ 4 bilhões para fazer frente aos vencimentos dos CDBs do Master. (FOLHAPRESS/ DIEGO FELIX)