O eneagrama é um mapa representado por uma figura geométrica constituída por um círculo, um hexágono e um triângulo que, segundo pesquisadores, é utilizado desde 4.500 a.C. na Mesopotâmia como um mapa cósmico ou símbolo geométrico de leis universais. Esse conhecimento esteve guardado durante milênios por algumas escolas místicas e foi preservado pela tradição sufi até ser trazido ao Ocidente pelo russo George Ivanovich Gurdjieff, no início do século XX.
O médico psiquiatra chileno Claudio Naranjo, com vasto conhecimento sobre a personalidade humana e profunda vivência no campo terapêutico, aplicou o eneagrama ao estudo do caráter humano e, aliando-o ao trabalho psicoespiritual, criou a psicologia dos eneatipos.
Quem apresenta o método é Pedro Ramos, discípulo e colaborador internacional de Claudio Naranjo e diretor do Instituto Gestalt de Vanguarda Claudio Naranjo. “A palavra ‘caráter tem sua origem etimológica no termo grego ‘kharakter’ que significa marca, ou de ‘kharáttein’ que significa gravar. Ou seja, caráter é aquilo que foi marcado ou gravado no indivíduo, termo usado na psicologia como sinônimo de personalidade”.
Assim, o eneagrama descreve o caráter ou a personalidade em seus diferentes aspectos e nuances. “Isto é, em seu conjunto de crenças e padrões de comportamento que, somados, formam um sistema complexo e estruturado, que é a personalidade, que tem um núcleo emocional que chamamos de paixão e um núcleo intelectual que chamamos de fixação”, ensina Ramos.
Ele explica que, juntos, esses núcleos formam os dois pilares centrais desse edifício, a partir dos quais derivam muitos outros comportamentos. “O eneagrama é um mapa da psique que revela, de forma clara, profunda e objetiva, as paixões humanas que nos aprisionam e atuam em nosso inconsciente, movendo nosso comportamento e nos submetendo a padrões de pensamentos e tendências emocionais. Ele ajuda o buscador a se orientar em seu processo de desenvolvimento pessoal. Propicia o autoconhecimento necessário para que o indivíduo possa lidar com os desafios e as dificuldades inerentes ao caminho, propiciando clareza, consciência, profundidade e um sentido de responsabilidade sobre sua própria vida. Ele revela a prisão a que estamos condicionados e mostra o caminho possível na direção de uma vida mais livre, criativa e consciente”, explica o especialista.
Dentro do eneagrama, a personalidade individual está revelada em nove eneatipos. “Cada um possui um conjunto de padrões de comportamento e seu próprio sistema de crenças que circula em torno de uma paixão dominante. As paixões são conhecidas na tradição cristã como os pecados capitais: a ira, o orgulho, a vaidade, a inveja, a avareza, o medo, a gula, a luxúria e a preguiça. Cada eneatipo possui seu ‘vício emocional’, ou seja, uma tendência a sentir e pensar de determinada maneira, como uma forma de apego emocional”, ensina Ramos.
No entanto, diz ele, essa maneira de sentir e lidar com as emoções foi condicionada e se tornou automatizada, gerando comportamentos e respostas repetitivas e limitadas frente ao ambiente e às experiências atuais.
“São comportamentos condicionados, forjados em nosso passado, mas que oferecemos como respostas a situações atuais. Essa condição caracteriza a neurose humana, que nos impede de viver plenamente o momento presente com o potencial que nos é oferecido desde o nosso nascimento”, observa.
O eneagrama descreve os tipos de personalidade em nove grandes grupos, e cada um corresponde a um dos pecados capitais, somado à paixão do medo e da vaidade, que não foram contemplados na visão cristã clássica. “No entanto, temos uma tipologia ainda mais completa quando contemplamos a visão sobre a influência das paixões nos instintos, dando origem a uma subtipologia em cada grupo de personalidade. Podemos então dizer que a tipologia mais completa se refere a 27 tipos de personalidade. No entanto, quando falamos de um tipo de personalidade, estamos fazendo referência a uma tendência neurótica de repetir padrões e agir de forma inconsciente que todos têm em maior ou menor grau. E aqui não estamos nos referindo à totalidade da pessoa que, em sua individualidade, caracteriza algo único e reflete a riqueza da diversidade humana”, aponta Ramos.
AGENDA: O Instituto Gestalt de Vanguarda Claudio Naranjo realiza, no próximo dia 20, palestra gratuita ministrada por Pedro Ramos sobre o eneagrama da personalidade. De 28 a 31 de março acontece o workshop introdutório. Informações: (31) 3166-7736 e (31) 99336-3802.
Cara a cara com a dinâmica infantil
A psicologia dos eneatipos identifica os tipos de personalidade, permitindo o autodiagnostico. “O indivíduo é levado a uma profunda autoanálise, que incide não apenas sobre seu comportamento e padrões de pensamentos e emoções, mas também sobre as motivações inconscientes que movem esses comportamentos e atitudes”, ensina Pedro Ramos.
Dentro da psicologia dos eneatipos, “conhecer tais motivações nucleares, ou seja, desvendar a dinâmica de sua programação infantil, abre uma profunda compreensão de sua própria história e oferece grande perspectiva de caminhada a ser feita na direção do aperfeiçoamento”, comenta o instrutor.
O eneagrama possibilita um contato mais profundo consigo, gerando autoaceitação e aceitação das diferenças. “Ensinando sobre as diferentes perspectivas do olhar, ele amplia nossa visão sobre a vida e aponta caminhos possíveis para o desenvolvimento de recursos e habilidades a serem adquiridas, específicas para cada tipo de personalidade”, finaliza Ramos.