Algumas pessoas queixam-se de dor nos testículos após serem expostas a um longo período de excitação que não evoluiu para a ejaculação. O problema, embora não seja universal, é comum, principalmente entre adolescentes e jovens adultos, como explica o andrologista e urologista Yuri Lobato. 

O especialista detalha que o distúrbio, popularmente chamado de “blue balls”, é provocado pela congestão da próstata ou pela vasocongestão, uma condição temporária em que há acúmulo de fluido na região dos testículos e da próstata. “Essa dor, quando mais intensa, pode se irradiar para outras regiões do corpo, provocando sensação de desconforto nas costas ou mesmo dores de cabeça”, informa. 

Lobato explica que, quando causada pela congestão de esperma, a simples ejaculação é suficiente para solucionar o problema. “No máximo, pode ser indicado o uso de um analgésico, se a dor for mais forte”, assegura, lembrando que o quadro, embora não seja raro, não é regra. “Nem todas as pessoas vão vivenciar episódios de dor causados pela ausência de ejaculação apesar de uma longa exposição a um estímulo erótico”, descreve. 

O urologista alerta que, apesar de não ser grave, é importante, diante de episódios de dor na região testicular, que se busque ajuda médica. “Se é a primeira vez que acontece, deve-se procurar um profissional para avaliar o quadro, pois o diagnóstico do ‘blue balls’ vem pela exclusão de outros distúrbios mais graves, como inflamações e tumores, sendo necessária a realização de exames para que essas hipóteses sejam descartadas”, expõe. 

Além do “blue balls”. Veja outras condições que podem gerar dor nos testículos: 

Litíase renal. “Até mesmo a litíase renal, condição mais conhecida como “cálculo” ou “pedra nos rins”, pode gerar dor nos testículos. Isso acontece, geralmente, no período de expulsão do corpo estranho (o cálculo renal), quando há cólica que se irradia para algumas regiões do corpo, entre elas, potencialmente, o saco escrotal”, informa Yuri Lobato. 

Doenças inflamatórias. O profissional acrescenta que a dor pode ser sintoma de doenças como a orquite, inflamação dos testículos, e a epididimite, inflamação do epidídimo, estrutura localizada no interior dos testículos e responsável por coletar e carregar o esperma. O problema pode ser provocado por traumatismo e por infecções causadas por bactérias ou vírus.  

Podem gerar o quadro a caxumba, quando adquirida na puberdade, Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), como a gonorreia e a clamídia, e bactérias associadas a infecções renais. Além de ficar com a região dolorida – desconforto que pode se irradiar para virilha e abdome–, a orquite provoca outros sintomas, como febre, dores, vermelhidão e inchaços localizados, que aumentam com o passar dos dias. 

O tratamento geralmente inclui recomendação de repouso, inclusive sexual, uso de medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios e, no caso de origem bacteriana, antibióticos. 

Tumor. Lobato lembra que o câncer testicular também pode, em alguns casos, gerar quadro de dor. Tumores no órgão são considerados raros, correspondendo a 5% do total de casos da doença entre homens, conforme dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), ligado ao Ministério da Saúde. Segundo a entidade, quando detectado precocemente, o índice de cura é alto, enquanto o de mortalidade é baixo. 

“Apesar de raro, (o tumor nos testículos) preocupa porque a maior incidência é em homens em idade produtiva – entre 15 e 50 anos. Nessa fase, há chance de ser confundido, ou até mesmo mascarado, com orquiepididimites geralmente transmitidas sexualmente”, detalha o Inca, informando que, entre os sinais da doença, o mais comum é o aparecimento de um nódulo duro, geralmente indolor, aproximadamente do tamanho de uma ervilha. “Mas deve-se ficar atento a outras alterações, como aumento ou diminuição no tamanho dos testículos, endurecimentos, dor imprecisa na parte baixa do abdômen, sangue na urina e aumento ou sensibilidade dos mamilos”, acresce, reforçando que, caso sejam observadas alterações, o médico, de preferência um urologista, deve ser consultado. 

O tratamento inicial é sempre cirúrgico, e o tratamento posterior poderá incluir radioterapia, quimioterapia e/ou controle clínico. O mais comum é ocorrer a retirada completa do testículo afetado, mas a função sexual ou reprodutiva do paciente não é alterada, desde que o outro testículo esteja saudável. 

Torção. Por fim, Lobato lembra que as dores nos testículos podem indicar quadro de torção do órgão. “O fenômeno, que é incomum, ocorre quando há uma rotação testicular, de forma que o cordão que fornece sangue para o saco escrotal é torcido”, informa. Ele situa que o problema ocorre geralmente após atividades intensas, pequenas lesões na região ou depois de dormir. A disfunção é mais recorrente em pessoas que tiveram má formação do órgão, que, por isso, não têm fixação interna adequada. 

Os sintomas incluem dor súbita e intensa e inchaço no testículo. Pode-se verificar também o encurtamento e rigidez do escroto. O urologista alerta que o quadro exige atendimento emergencial, sendo necessária uma cirurgia corretiva no prazo máximo de seis horas após o episódio. Com tratamento rápido, geralmente é possível salvar o testículo. Uma espera mais longa pode afetar a fertilidade.