Era só para ser um cineminha… O caso de Niwana Barbosa da Silva, 26, viralizou na última semana, mas não foi por um motivo muito legal. Ela conheceu uma garota em um aplicativo de encontro e a convidou para sair. A estudante de fisioterapia, que nasceu em Natal, mas mora em São Luís há 16 anos, se ofereceu para pagar os ingressos e o lanche. Até aí tudo bem, é o que ela costuma fazer.

Porém, o inusitado aconteceu: a garota, não satisfeita, começou a passar diversos produtos no caixa. Macarrão instantâneo, cinco barras de chocolate e pacotes de biscoito água e sal eram alguns dos itens da “cesta básica” da garota. “Eu não tava acreditando naquilo, bicho”, escreveu a estudante na internet.

Niwana ficou tão espantada com tamanha cara de pau que compartilhou a história nas redes sociais. A publicação viralizou e alcançou mais de 160 mil curtidas em apenas dois dias no Twitter. Ao constatar que a conta do “supermercado” da crush daria algo em torno de R$ 300, e que a garota se fez de boba quando o atendente perguntou qual seria a forma de pagamento, Niwana perdeu a paciência, deu as costas e foi embora. Essa é a lembrança de seu pior date.

Ao G1, a estudante contou que ficou traumatizada com o caso, já que nunca havia passado por algo tão constrangedor. Ela admitiu estar com receio de marcar outro encontro - não com a mesma garota, é claro. “Estou com receio de conhecer pessoas. Eu ainda nem acredito que isso aconteceu comigo. Sabe quando você acha que já viu de tudo? Bem, o ser humano mostra que não”, disse Niwana Barbosa.

Outro caso - este mais grave - que ganhou repercussão nos noticiários na última semana foi o de uma idosa japonesa, que pagou cerca de R$ 160 mil (ou 4,4 milhões de ienes) a um golpista que afirmava ser astronauta. Os dois trocavam mensagens desde junho. Dizendo-se apaixonado e prometendo casamento, o homem dizia que precisava do dinheiro para voltar à Terra. No perfil dele no Instagram, é possível ver fotos do espaço. A mulher caiu na lábia do enganador e perdeu muito dinheiro.

Esses dois episódios acabam mostrando que todo cuidado é pouco ao querer engatar um relacionamento com alguém que acaba de aparecer na sua vida, seja pelas redes sociais, seja por algum aplicativo de paquera. Segundo a psicóloga Erika Miranda, antes de tudo é fundamental não culpar a vítima.

Há pessoas muito habilidosas e especialistas em sacanear o outro. Elas acabam driblando qualquer suspeita que possa recair sobre seus ombros. Por outro lado, Erika diz que deixar a ingenuidade de lado e tomar uma boa dose de cautela não faz mal a ninguém.

“O primeiro ponto é entender o que a pessoa quer e se o aplicativo vai ser o caminho para alcançar isso. Outra questão importante é o cuidado em saber com quem nos relacionamos, em quem vamos depositar nossa confiança. No entanto, tudo em excesso é perigoso: se a pessoa vai com muito medo, nem consegue usar o aplicativo”, observa a psicóloga.

Carência afetiva e emocional, expectativas exageradas, idealizações fora da realidade e autoestima fragilizada são alguns fatores que podem levar uma pessoa a cair em algum golpe. Vale ressaltar que existem armadilhas e ciladas que acabam virando piada na internet, como o caso da estudante Niwana Barbosa, mas há outros episódios que, infelizmente, chegam às manchetes policiais.

“A idosa japonesa teve um trauma e um grande impacto financeiro. Tudo isso pode gerar transtorno de ansiedade, depressão, síndrome do pânico, afastamento social, medo. Muitas pessoas, após caírem em golpes, não conseguem mais se relacionar com ninguém”, pontua Erika Miranda.

Psicóloga em formação na Terapia do Esquema, Laís Ribeiro recebe muitos pacientes com demandas e dúvidas sobre relacionamentos. A especialista salienta que, geralmente, o golpista passa a ser o que a outra pessoa idealizou: “Ele faz o papel daquilo que estão esperando. O abusador se transforma, veste o personagem para fisgar a vítima”.

Para evitar que algo prazeroso se torne um terreno cheio de armadilhas e manipulações, Laís aconselha ouvir sempre familiares e amigos, que conseguem ver a situação sob uma outra perspectiva, mais imparcial e objetiva. Outra dica da psicóloga é: ao menor sinal de enrascada, é fundamental reconhecer o que está acontecendo.

“A pessoa não precisa sair do relacionamento para só então fortalecer o lado saudável. Antes disso ela pode, sim, buscar ajuda para trabalhar a parte mais vulnerável”, afirma Laís Ribeiro.