Sexo

Estudo: Mulheres levam, geralmente, menos de 15 minutos para chegar ao orgasmo

Pesquisa apurou também que somente 31,4% das mulheres alcançaram o orgasmo apenas com a penetração

Por Da Redação
Publicado em 29 de julho de 2022 | 03:00
 
 
Mulheres que usam maconha chegam com mais facilidade ao orgasmo Foto: Engin Akyurt / Pixabay

Contrariando o senso comum, um estudo publicado pelo periódico científico “Journal of Sexual Medicine”, ligado à Sociedade Internacional de Medicina Sexual, apontou que o período de excitação necessário para que mulheres alcancem o orgasmo não é tão dilatado quanto se imagina. Na verdade, em média, elas levam menos de 15 minutos para chegar ao clímax. O tempo exato, segundo a investigação, é de 13,41 minutos, podendo variar 7,67 minutos para mais ou para menos. 

A apuração, conduzida por pesquisadores do Instituto de Ciências Médicas Shripad Hegde Kadave, na Índia, ouviu 645 mulheres de 20 nacionalidades. As voluntárias, todas elas cisgênero, tinham entre 30 e 40 anos e estavam em relacionamento monogâmico heterossexual. Além disso, foram excluídas do levantamento aquelas que apresentavam qualquer tipo de disfunção sexual e comorbidades clínicas, como diabetes, hipertensão, asma e doença psiquiátrica. Também foram eliminadas do estudo mulheres cujos parceiros apresentavam alguma disfunção sexual. 

A ginecologista e obstetra Verônica Campos, pós-graduada em sexologia, avalia que os dados encontrados pelos estudiosos estão em consonância com outras investigações científicas sobre o orgasmo feminino. Ela elogia o recente interesse científico pelo tema. “Esse recente interesse da ciência pela saúde sexual da mulher advém das novas ondas do movimento feminista, que coloca a mulher como sujeito, dando a ela voz e resguardando seu direito ao prazer”, pontua. 

A especialista lembra que a sexualidade é considerada uma área do conhecimento em saúde. “Entendimento que está alinhado às diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu a saúde sexual como um dos pilares da qualidade de vida”, destaca, criticando, por outro lado, a persistente carência em relação a apurações que mirem pessoas heterocis divergentes. “Além disso, já está bem estabelecido que transtornos da sexualidade repercutem negativamente em vários parâmetros da saúde física e mental, constituindo um problema de saúde pública devido à alta prevalência, ao impacto na qualidade de vida, às implicações legais, ao risco social e ao número de pessoas envolvidas. 

Dessa forma, fica claro que esse recente interesse pela saúde sexual feminina é algo necessário”, reforça, citando que a pesquisa em questão ratifica uma queixa comum no universo feminino: a ausência de orgasmos. Conforme o inquérito, 17% delas admitem nunca ter chegado ao clímax sexual. 

Outro dado relevante apurado pelos pesquisadores pode ser mais um instrumento para conscientização de que o sexo não precisa estar restrito à penetração genital. “O corpo oferece uma infinidade de estímulos prazerosos para nos restringir apenas a essa modalidade”, aponta, sublinhando que, no estudo, 68,6% das participantes relataram que precisaram de práticas e manobras adicionais como lamber, beijar e morder certas partes do corpo – coxa, mamilos, dentre outras. 

Posições específicas também favorecem que se alcance o ápice do prazer. “Ademais, vale ter atenção especial deve ser dada ao estímulo do clitóris – órgão feminino com uma concentração incrível de terminações nervosas que apresenta apenas a função de nos conceder prazer”, aconselha. Penetração não é sinônimo de prazer Orgasmo feminino: o importante é o estímulo. 

Em debate

A ginecologista Verônica Campos ainda alerta que a crença de que as mulheres precisam de um longo período de estimulação e, sobretudo, de muito sexo penetrativo para ter um orgasmo contribui para que a experiência erótica delas não seja prazerosa. Um pensamento que, aliás, alimenta uma série de queixas no atendimento clínico. 

“A queixa sobre o tempo longo de penetração costuma estar relacionada a um estímulo feminino insuficiente ou inadequado. Como a pesquisa apurou, somente 31,4% das mulheres alcançaram o orgasmo apenas com a penetração, e as demais formas de estímulo feminino são extremamente importantes. Agrava o problema o fato de que, se aquela relação não está prazerosa, a capacidade de lubrificação íntima fica prejudicada, levando à dor durante a penetração”, comenta, advertindo que o incômodo ou dor na relação deve ser investigado por um profissional habilitado. 

Por fim, a sexóloga pondera que o conhecimento consolidado sobre o orgasmo masculino e feminino pode ajudar casais a realinhar expectativas, reduzindo as chances de frustração e de desconforto ocasionados por crenças falsas sobre o sexo. “O orgasmo masculino demora em torno de 7 minutos, ou seja, cerca de metade do tempo necessário às mulheres. Ter clareza desse fato é importante para se desmistificar o orgasmo simultâneo entre casais, uma expectativa irreal alimentada pela indústria cinematográfica”, critica.