Consumo

Manifesto minimalista ganha a internet, e grupos se multiplicam

Veja lista de sites que ajudam quem quer começar a se desapegar e viver uma vida 'minimalista'

Dom, 24/09/17 - 03h00
A representante comercial Andressa Forzza diz que passou a ser mais feliz sem cartão de crédito e empregada doméstica | Foto: Douglas Magno

A internet é a maior propagadora do minimalismo atualmente. Em sites e redes sociais, é possível encontrar desde depoimentos até grupos de pessoas que integram o movimento.

No site Vida Minimalista, por exemplo, há o “Manifesto Minimalista”. Nele, a fundadora Camile Carvalho diz que a ideia é “não se deixar levar pela correnteza. É comprar sem culpa, mas com consciência, sabendo que aquilo que se está adquirindo é realmente útil e necessário. É saber que, para tudo o que temos em casa, há uma finalidade. É não deixar objetos e roupas estagnados num canto, acumulando poeira, enquanto há tantos que precisam. É viver com menos preocupações”.

Outro site com conteúdo exclusivamente sobre o “suficiente na vida” é o Sou Minimalista. O próprio endereço eletrônico é descrito como o lar do minimalismo, com ingredientes para viver uma vida simples, focada, com curadoria e significativa.

Ali há, inclusive, cursos de como se tornar um adepto. Em um deles, a proposta é aprender, em 30 dias, as etapas para simplificar. Em outro, o desafio é viver intensamente, ao combinar práticas e regras que ajudam a construir o modo de viver intencionalmente, com um plano de ação para viver com propósito. Grande parte dos endereços virtuais utilizados como canal de comunicação para divulgar a prática convida o público visitante a experimentar esse vivência e compartilhá-la.

Redes sociais

Ainda segundo Marcelo Mocarzel, além dos blogs e dos sites especializados na prática minimalista, as redes sociais são as principais fontes de encontro entre os adeptos, bem como de troca de experiências e divulgação do movimento. “A era digital trouxe à tona várias ferramentas para o compartilhamento de novas ideias e comportamentos sociais. As redes sociais, nesse contexto, aproximam e unem toda essa network de adeptos. Seja por meio de grupos, páginas ou perfis pessoais”, explica.

Nesse sentido, o pesquisador diz que “a grande sacada” dos minimalistas da era virtual é se aproximarem mais dos capitalistas clássicos descritos pelo estudioso Max Weber. “O capitalismo não é o problema para eles, mas sim esse capitalismo selvagem ancorado na ostentação e no desperdício”, finaliza.

Minientrevista

Felipe de Souza
Psicólogo

Como a psicologia vê o minimalismo?

Um movimento que preza o “quanto menos, mais”. Em vez de acumular e acumular (vemos como temos coisas desnecessárias quando precisamos fazer uma mudança de casa), o minimalismo defende que as pessoas deveriam ter o mínimo. Dizendo dessa forma pode parecer que perderíamos, certo? Porém, para o minimalismo, o que perdermos é o peso psíquico de ter demais. Ao deixarmos tantas coisas irem embora (seja para o lixo, seja para doação, seja para venda para terceiros), ficamos mais leves, mais em paz, mais felizes.

Nesse sentido, qualquer pessoa pode ser minimalista?

Sim. O minimalismo leva em consideração a característica de cada pessoa. Então ela vai adequar o movimento de acordo com sua realidade. No final, o mais importante é se sentir satisfeito com aquilo que é necessário para você.

Existem dicas para quem deseja experimentar essa prática?

Comece dando uma olhada no seu guarda-roupa, nas suas gavetas, nos seus armários e separe tudo em três itens: objetos que você não usa e nunca vai usar; objetos que você usa às vezes; e objetos que você usa sempre e são úteis para você. Antes de comprar qualquer coisa nova, pergunte-se: isso vai ser útil de verdade? É só para ter? Para satisfazer uma falta? Apenas por consumismo? E, por último, fique sempre atento para áreas de compras que podem ser particularmente tentadoras. Para uma pessoa, podem ser sapatos. Para outra, itens de cozinha. Para outra, pode ser tecnologia, livros etc. A pergunta se isso vai ser útil ou é apenas consumismo deverá resolver a maior parte das dúvidas em novas compras. É preciso perceber que o objeto vai dar uma alegria momentânea, nada além disso. 

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