Cores

Movimento ‘cor não tem gênero’ viraliza na rede

Celebridades reagem à frase da ministra Damares Alves: 'menino veste azul e menina veste rosa'

Sáb, 05/01/19 - 02h00

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A frase “Menino veste azul, e menina veste rosa”, dita pela ministra Damares Alves, da pasta da Mulher, Família e Direitos Humanos, provocou uma mobilização nas redes sociais. A hashtag #CorNãoTemGênero se tornou um dos principais assuntos do momento, com mais de 19 mil publicações no Instagram. Um evento em protesto contra a declaração da ministra está sendo organizado pelo Facebook para o dia 10 de janeiro e já tem mais de 12 mil presenças confirmadas.

Vários artistas e outros famosos, como o casal Felipe Andreoli e Rafa Brites, além de Bruno Gagliasso, Monica Iozzi e Caetano Veloso, também protestaram em suas redes sociais vestindo as cores da polêmica. “Meninas e meninos se vestem como querem!”, disse a atriz Fernanda Paes Leme postando uma foto com roupa azul.

O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro também recorreu às redes sociais para provocar o apresentador Luciano Huck, que criticou a ministra postando uma foto ao lado da esposa, Angélica. O filho do presidente Jair Bolsonaro publicou uma foto do apresentador global carregando seus dois filhos e ironizando o fato de que na imagem o menino veste azul, e a menina, rosa.

Damares, por sua vez, reagiu às críticas e disse que seu objetivo foi, de fato, usar uma metáfora contra a “ideologia de gênero”, referindo-se à sexualidade das crianças. Nesta sexta-feira (4), em uma visita ao Brasília Shopping, a ministra, que vestia uma blusa azul, foi hostilizada por um funcionário. Ela se irritou com a situação e deixou o local.

História

De acordo com a historiadora Jo B. Paoletti, autora do livro “Rosa e Azul: Diferenciando Meninas de Meninos nos EUA”, essa divisão de gênero pelas cores é uma ideia relativamente recente. Um artigo de 1918 da revista “Earnshaw’s Infants’ Department” dizia: “A regra geralmente aceita é rosa para os meninos e azul para as meninas. A razão é que o rosa, por ser uma cor mais forte e assertiva, é mais adequada para meninos, enquanto o azul, que é mais delicado e gracioso, fica mais bonito em meninas”.

De acordo com a blogueira, consultora de moda e professora Melody Erlea, até o século XVIII, uma roupa de criança tinha que ser prática para trocar e fácil de lavar, ou seja, toda criança (inclusive meninos) até mais ou menos os 7 anos usava vestido branco.

“Não se sentia a necessidade social de distinguir crianças pelo seu gênero porque isso era coisa de adulto. Mas, depois, as lojas começaram a incluir cores no vestuário das crianças para que a mãe que tivesse filhos de sexos diferentes sentisse que era necessário diferenciá-los com roupas diferentes”, escreveu em seu blog.

Melody acredita que as cores ainda carregam valores culturais muito fortes porque vivemos em uma sociedade conservadora, em que as cores são formas didáticas de impor limites e diferenciar as crianças por gêneros, e as pessoas “têm medo de perder posições sociais”. E, para desconstruir essa questão das cores associadas aos papéis que se espera das meninas e meninos, é preciso olhar para trás e conhecer a história.

Governo exclui LGBTs de pastas

Mudanças. Após assumir a Presidência, Jair Bolsonaro assinou uma Medida Provisória (MP) na qual os LGBTs ficaram fora das diretrizes do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, da pastora Damares Alves. Além disso, uma cartilha dirigida a homens trans foi tirada do site do Ministério da Saúde, seis meses depois de ser lançada.

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