Esotérico

O uso de óleos essenciais para estimular o retorno do olfato

Fisioterapia olfatória vem sendo utilizada para reverter a anosmia provocada pela Covid-19

Ter, 01/06/21 - 03h00
A otorrinolaringologista Luciane Michel oferece óleos essenciais para um paciente | Foto: Cris Mattos/O TEMPO

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Uma família inteira no Texas estava com Covid-19 e teve anosmia, perda total do olfato. A casa estava se incendiando, e eles não sentiram o cheiro da fumaça. Só se salvaram porque um quarto membro chegou a tempo de chamar os bombeiros. A anosmia, um dos sintomas da Covid-19, vai muito além de um extremo desconforto, pode colocar a pessoa em risco. 

Esse quadro é preocupante. Um estudo realizado pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo com 650 pacientes com Covid-19 detectou que em cerca de 5% dos casos essa perda do olfato pode ser permanente. 

Outro estudo feito na Alemanha concluiu que, quanto antes forem feitos estímulos para o reconhecimento de cheiros, mais rápido pode ser o retorno do olfato.  

Segundo o cientista aromatólogo Fábián László, a perda de olfato ocorre porque no nariz existe uma grande quantidade de um tipo de receptor a que o coronavírus se acopla, a Enzima Conversora de Angiotensina 2 (ECA 2). “À medida que o vírus vai se instalando, ele vai promovendo a destruição desses receptores, ocasionando a perda progressiva do olfato”. 

Ele explica que, logo após a recuperação, o paciente deve treinar novamente o olfato. Uma das técnicas que vêm sendo utilizadas com sucesso é a fisioterapia olfatória. “Ela pode estimular o cérebro a promover a neurogênese na zona subventricular e no bulbo olfatório, regiões responsáveis pela produção de novos neurônios”. 

O cientista ressalta que na zona subventricular, por exemplo, são produzidos cerca de 10 mil a 30 mil novos neurônios ao dia. “É possível induzir o corpo a estimular esses novos neurônios, que migrarão para o bulbo olfatório, em que uma pequena parte se transformará em células neurais ativas. Após chegarem ao nariz, elas vão refazer as áreas onde o olfato foi perdido pela morte de neurônios devido ao ataque da Covid-19”, explica. 

Alguns óleos essenciais são comprovadamente promotores da neurogênese, como lavanda, laranja, turmérico, sândalo-amyris e bergamota, e todos os óleos ricos em linalol. Mas óleos essenciais fora desse grupo, e que têm um cheiro expressivo e intenso, também podem ser grandes aliados nos exercícios de treinamento do olfato. 

“Uma forma simples de fazer esse exercício é colocando duas ou três gotas de algum óleo essencial nas mãos, esfregar e aproximar do nariz, inalando-o ao longo de um minuto. Durante esse tempo, mentalmente, a pessoa deve se esforçar em perceber o aroma. Pode alternar entre três ou quatro tipos de óleos para treinar o olfato, para estimular o cérebro a reconhecer de novo os cheiros e assim retomar a capacidade olfativa”, ensina László. 

Esse exercício deve ser repetido pelo menos duas ou três vezes ao dia. “Não será na primeira vez que quem perdeu o olfato perceberá de imediato o aroma em suas mãos, mas, com persistência e continuidade dos exercícios olfatórios, essa percepção começará a surgir gradualmente, se intensificando”, finaliza o aromatólogo.   

Desde 2009, o otorrinolaringologista alemão Thomas Hummel, professor da Universidade de Dresden, vem utilizando os óleos essenciais para o tratamento de anosmia em pacientes que tiveram traumatismo craniano e infecção do trato respiratório, com bastante sucesso. O procedimento vem sendo realizado por alguns médicos brasileiros para reverter a anosmia gerada pelo coronavírus e que acomete cerca de 80% das pessoas infectadas. 

A otorrinolaringologista Luciane Michel vem utilizando o método do colega alemão e está otimista com o resultado: “Cerca de 80% daqueles que estão fazendo a fisioterapia olfatória recuperam o olfato. Não há nenhum milagre. O tratamento é longo, e os resultados começam a aparecer entre seis meses e um ano. É preciso disciplina e persistência”, aconselha a médica. 

Estimular o olfato é fundamental 

A otorrinolaringologista Luciane Michel explica que o coronavírus ataca as células de sustentação, degenerando os neurônios do nervo olfatório. “A ciência já sabe que determinados óleos essenciais atuam na plasticidade neuronal, provocando uma resposta neurológica eficaz e fazendo com que as pessoas recuperem sua sensibilidade olfativa. Por isso é tão importante estimular o olfato, caso contrário, sua perda será irreversível. Além disso, os óleos essenciais entram pela fossa nasal, chegam ao bulbo olfatório e depois ao sistema límbico, o centro das emoções”, diz. 

Inicialmente, a médica prescreve um tratamento caseiro para que os pacientes se sintam seguros. “Cheirar vigorosamente café, cravo, mel, suco de tangerina Maguari, essência de baunilha e pasta de dente sabor menta. Os óleos que indico são: rosa (floral), cravo (picante), limão (frutado) e eucalipto (resinoso). Começar com um deles, cheirando por 15 segundos e dando um intervalo de 30 segundos. Depois passar pelos outros três e repetir o mesmo procedimento. Fazer isso no mínimo duas vezes ao dia”, finaliza. (AED) 

Óleos indicados para a fisioterapia olfatória  

Hortelã-pimenta 

Alecrim 

Eucalipto-glóbulos 

Pachouli 

Cravo-da-índia 

Café torrado 

Ylang-ylang 

Gerânio 

“A Bíblia dos Óleos Essenciais”, da francesa Danièle Festy, é lançado no Brasil

Pense em um livro completo, apresentando os 79 óleos essenciais mais eficazes na aromaterapia e com aplicações na saúde, beleza, bem-estar, culinária e ambientes. O nome só poderia ser “A Bíblia dos Óleos Essenciais”, um catatau com 784 páginas, com farta informação, como as vias de administração olfativa, interna e cutânea mais adequadas para um máximo de ação e segurança. 

A obra traz ainda respostas para as 22 perguntas mais frequentes sobre os óleos essenciais, apresenta os 28 óleos carreadores mais importantes, os hidrolatos, a indicação dos 15 melhores óleos para massagens, com belíssimas ilustrações, e aborda os cuidados para o cotidiano e uma lista com as principais patologias, de A a Z. 

A autora é a farmacêutica francesa Danièle Festy (1943-2018), que dedicou sua vida à promoção de uma saúde natural e que tinha como meta popularizar remédios simples, naturais e eficazes, que pudessem ajudar as famílias a tratar, no dia a dia, de machucadinhos a problemas crônicos. 

O editor do livro, o cientista e aromatólogo Fábián László, ressalta que o best-seller já vendeu mais de 1 milhão de unidades em todo o mundo. “Essa obra se tornou referência por trazer uma extensa lista descritiva de doenças e os melhores óleos empregados. Trata-se de um material riquíssimo para estudo e consulta não apenas para quem é da área, mas também para leigos. É um livro para a vida inteira, pois é fruto de um conhecimento que já vem sendo estudado há muitos anos”. 

Lançamento  

“A Bíblia dos Óleos Essenciais” 

Danièle Festy 

Tradução de Mayra Corrêa e Castro 

Editora Laszlo 

784 páginas 

R$ 138,00 

 

 

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