Pesquisadores dos EUA e do Reino Unido querem provar que o Santo Sudário – uma tira de linho que algumas pessoas acreditam ter sido usada para envolver o corpo de Jesus após sua morte e que traz a imagem de seu rosto – é verdadeiro. A forma escolhida por eles para a comprovação é surpreendente: eles “crucificaram” voluntários.

Nesta semana, os pesquisadores do Centro do Sudário de Turim, nos EUA, e da Universidade John Moores, no Reino Unido, vão apresentar os resultados do estudo em uma conferência de ciências forenses em Baltimore, no Estado americano de Maryland.

No documento, eles afirmam que “esses experimentos representam uma importante utilização de dados médicos forenses, físicos e históricos para fornecer dados sobre a prática de crucificação, usando o Sudário de Turim como uma representação arqueológica possível daquela antiga prática”.

A equipe de investigadores também escolheu cautelosamente cada voluntário. “Eles foram cuidadosamente escolhidos para corresponder, tanto quanto possível, à fisiologia representada pelas impressões frontais e dorsais visíveis no Sudário de Turim”, escreveram.

Com “um protocolo experimental pelo qual mecanismos especiais de fixação do punho e do pé seguramente e realisticamente suspendem os sujeitos masculinos em uma cruz em tamanho real”, os pesquisadores usaram a imagem no tecido para descobrir a mecânica da crucificação.

Em seguida, os pesquisadores aplicaram o sangue e “documentaram e analisaram” os “padrões de fluxo resultantes sobre os sujeitos crucificados simulados”. Nesse etapa, eles levaram em consideração as partes do corpo do Cristo que estavam manchadas com sangue no Santo Sudário e as reproduziram no corpo dos voluntários.

Matteo Borrini, autor da pesquisa, afirmou, em entrevista à revista “Science”, que estará na conferência, onde mostrará suas conclusões. “Fico feliz em discutir isso com eles”, disse. “Pelo menos estamos discutindo algo físico”.

Outras pesquisas. Esse experimento é o mais recente em uma longa linha de testes incomuns no tecido. Outro foi liderado por John Jackson, um físico, em 1978. Ele concluiu que a famosa imagem do homem barbado do sudário – descoberto em 1898 em um negativo fotográfico do tecido – era a de uma “forma humana real de um homem açoitado e crucificado” e não foi produzida por um artista.

A análise apontou que nem a química nem a física poderiam explicar como as marcas foram feitas no tecido, uma área de incerteza explorada por aqueles que escolhem acreditar que foram deixados pelo corpo sangrento de Cristo.

Polêmica. Em 1988, cientistas dataram amostras do Sudário a uma faixa de 1260-1390 d.C., período que coincide com a primeira aparição do sudário, em 1350.

Tamanho. As medidas da peça de linha considerada sagrada têm 4,5 m de comprimento e 1,1 m de largura.

Teoria. No estudo de 1978, o físico John Jackson também sugeriu que as marcas foram deixadas por um corpo que desapareceu e emitiu radiação poderosa.

Outros experimentos incomuns realizados

Um dos experimentos mais incomuns feitos para provar que o Santo Sudário emitiu uma poderosa radiação foi realizado por Giulio Fanti, um engenheiro mecânico da Universidade de Padova, na Itália.

Para testar a teoria, em 2015, Fanti descreveu como ele suspendeu um manequim envolto em linho e depois soprou seus pés com 300 mil volts de eletricidade durante 24 horas. O objetivo era criar uma descarga coronal que ionizava o ar circundante e manchava o material de cobertura. No resumo do trabalho, Fanti escreveu que “centenas de cientistas vão propor hipóteses capazes de explicar parcialmente essa imagem corporal”.

Fanti ressaltou no documento que as discussões sobre a autenticidade do sudário podem chegar à fé. Borrini, do estudo de 2019, um cristão, discorda. “Eu tenho fé. Aqui estamos discutindo autenticidade”.