Raksha Bandhan é um festival mencionado na maioria dos épicos indianos, e sua origem data de tempos mitológicos. A palavra “raksha”, significa “proteção”, e “bandhan”, “atado ou vinculado”.

A próspera mitologia indiana oferece muitas razões religiosas para celebrar o dia. “Este festival é simbólico, representa nosso relacionamento com a pureza. Ele é um símbolo do ser e tem conexão com a alma suprema, com Deus”, explica a indiana Manda Patel, coordenadora dos retiros do The Global Retreat Center, da organização Brahma Kumaris, em Oxford.

Segundo ela, os relatos da tradição oral dão conta de que “um sacerdote hindu andava por sua cidade amarrando um fio sagrado (rakhi) no pulso das pessoas da comunidade, com o objetivo de relembrá-los de seu relacionamento com Deus, de forma que eles pudessem se conectar com Ele, experimentar Sua presença em suas vidas e, dessa forma, vivenciar Sua proteção”.

Com o passar do tempo, o festival transformou-se na simbologia do relacionamento puro entre irmão e irmã. “Atualmente, é a irmã que amarra o fio sagrado no pulso de seu irmão, convidando-o a protegê-la. E o motivo pelo qual ele pode fazer isso é que no relacionamento entre irmão e irmã não há nenhuma outra intenção. Raksha Bandhan significa o compromisso de proteção”, diz a indiana.

A instrutora estará em Belo Horizonte para ministrar palestra especial com o tema “Raksha Bandhan: Celebrando o relacionamento com o divino”, no próximo dia 16 (ver agenda).

Para Manda, o propósito da lei do carma, que coloca as pessoas em um mesmo enredo, como os irmãos, é o de criar ordem em nossas vidas. “Mas também criar um senso de reconhecimento de que há mais do que simplesmente aquilo que nós vemos. De certa forma, tudo o que pensamos, fazemos, sentimos, experimentamos, todas as trocas e compartilhamentos, transcendem o momento no qual ocorrem. A espiritualidade é muito sutil, é vibracional, tem a ver com a energia e vai muito além do tempo, do espaço e das limitações físicas”.

Quando o indivíduo reconhece essa verdade, ele assume um nível de responsabilidade muito grande por suas ações e pelas contribuições nas vidas das outras pessoas e para o mundo. “A filosofia do carma faz com que você se conscientize disso. E é importante assumir responsabilidade, pois somente dessa forma poderemos, de fato, fazer escolhas em nossas vidas e tomar decisões que sejam positivas e com o reconhecimento de que elas têm efeito de longo prazo”, ensina Patel.

A indiana ressalta que as pessoas vivem focadas no passado e no futuro, esquecendo-se de viver o presente. “Isso acontece porque nos lembramos das experiências de dor, que têm maior impacto em nossa psique, bem como em nosso corpo físico. As memórias dessas experiências de dor ficam, de certa forma, travadas no corpo, e não apenas emocional e mentalmente. Por isso, continuamos nos lembrando daquelas experiências, porque elas criam certas reações químicas em nosso corpo, que se torna dependente delas”, observa a instrutora.

Ao mesmo tempo, diz ela, “pensar sobre o futuro desencadeia o mesmo processo, uma vez que não desejamos recriar aquelas experiências. Quando aprendemos a focar o presente, estamos reconhecendo que o passado ficou lá atrás e que tudo está constantemente mudando e se movendo. Nada permanece o mesmo”.

Manda diz que a energia do festival de Raksha Bandhan convida a uma reflexão sobre os tempos atuais de desesperança. “Nossa atitude interna deve ser de quietude, paz, estabilidade, esperança e de conexão para que possamos manifestar essa vibração dentro e fora de nós, e não permitir que a negatividade do mundo nos afete. Dessa forma, poderemos contribuir a partir de um espaço de poder e estabilidade e construir força interior, clareza e energia para mantermos a esperança em nós e levá-las para outras pessoas também”, finaliza.

 

“Somos seres espirituais, como Deus”

Raksha Bandhan é um nó sagrado. Onde há santidade, há paz e felicidade. “Na jornada em direção à pureza interior é preciso estabelecer um bom relacionamento com Deus. Para isso, temos que nos reconhecer como seres espirituais e assim, de certa forma, somos como Deus. Não somos Deus, mas temos as mesmas qualidades que Ele: paz, amor, poder e verdade”, ensina a indiana Manda Patel.

Para ela, “quando o indivíduo passa a considerar-se um ser espiritual, separado do físico, as qualidades que estão dentro de si emergem, e ele passa a viver sua vida com base nessas qualidades, e, então, um relacionamento é formado”.

Manda defende que a relação com Deus é parecida com a que temos como humanos. “Quando temos um relacionamento com uma pessoa, pensamos nela, gostamos de passar um tempo juntos, queremos saber o que ela pensa, sente, enfim, conhecê-la melhor. As pessoas constroem relacionamentos com quem têm sintonia. Então, você tem que criar sintonia com Deus e passar um tempo com Ele”, diz.

Abrangência

História. O festival é tipicamente hindu, mas, hoje em dia, pessoas de diferentes religiões também celebram a data como forma de fortalecer o vínculo de amor entre irmãos.

Agenda

A palestra “Raksha Bandhan: Celebrando o relacionamento com o divino” acontece no próximo dia 16, às 18h30, na rua Industrial José Costa, 587, Nova Granada. Entrada franca.

Traduzido por Patrícia Carvalho