A cada 45 minutos, um brasileiro tira a própria vida. No mundo, acontece um suicídio a cada 40 segundos. Ao todo, estima-se que um milhão de vidas poderiam ser salvas com a abordagem e acolhimento adequados ainda nos primeiros sinais de alerta. O assunto, ainda cheio de tabus, motivou a Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) a lançar a cartilha “Setembro Amarelo – mês de prevenção ao suicídio”.
Nem sempre o pensamento de autoextermínio está ligado a algum transtorno mental, como depressão ou esquizofrenia, diz a psiquiatra Tatiana Mourão-Lourenço, professora do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG e responsável pela revisão técnica da cartilha.
“Estudos mostram que algumas pessoas podem chegar a ter a ideação suicida ao longo da vida, mas se isso se torna repetitivo, ou seja, passa para as etapas do planejamento, e a pessoa não <CW-14>encontra soluções para algumas questões, aí já se trata de um quadro mais sério”, afirma.
Por muitos anos, o assunto foi visto com preconceito e tinha pouca divulgação. “Existia o medo para não se glamourizar e colocar o suicídio como uma possibilidade de saída. O objetivo hoje é mostrar que o suicídio não é a saída, mas que existem outras formas de se abordar os problemas”, explica a psiquiatra.
Em geral, as pessoas que vão cometer suicídio dão sinais, afirma Tatiana. Por isso, o material é destinado a profissionais de saúde, pessoas em sofrimento psíquico, amigos e familiares, ou qualquer pessoa que busque informações sobre a prevenção ao autoextermínio, e está disponível online.
“Essa divulgação (cartilha) ajuda a identificar esses sinais e mostra que há possibilidade de buscar ajuda. Em geral, quem vai tentar o suicídio transmite algumas mensagens, algumas nem sempre vão ser identificadas, mas quando se passa a falar sobre isso a pessoa até sente um certo alívio de poder conversar”, enfatiza.