De volta às aulas

Reaprendendo a conviver fora do virtual nas escolas

Crianças e jovens voltaram à escola mais intolerantes e desorganizados

Por Maria Irenilda
Publicado em 19 de janeiro de 2023 | 06:00
 
 
Convívio escolar foi interrompido por quase dois anos e escolas tiveram dificuldades na retomada Flávio Tavares/O Tempo

O convívio escolar interrompido pelos quase dois anos de ensino remoto ou híbrido, por conta da pandemia, prejudicou não somente o aprendizado pedagógico como também gerou lacunas psicossociais em estudantes de todas as idades. Com o retorno às aulas presenciais, em 2022, foi possível observar uma mudança de comportamento dentro da sala de aula. 

Na percepção de educadores, 73% dos estudantes apresentaram dificuldade de relacionamento com colegas. Observaram também que 92% dos alunos não conseguiram se concentrar nas aulas. Os dados são de uma pesquisa realizada pelo Instituto Península, que ouviu cerca de mil professores de todas as regiões do país, no primeiro semestre de 2022.

A diretora do Bernoulli Go, Fernanda Queiroga, viu de perto essas alterações de conduta. “Alunos mais agitados, com dificuldade para focar, fazer registros, organizar seus pertences e até a própria mesa de trabalho. Dificuldade de respeitar regras, horários e combinados. Todos comportamentos que não eram tão comuns em nosso segmento, mas que apareceram com muita intensidade e frequência”, relata a diretora, que classifica as reações como uma espécie de efeito colateral da experiência online. 

Privação social

A educadora observou que os efeitos da privação do convívio social, impostos pelo isolamento, tiveram impactos ainda maiores no público infantil, com idade entre 6 e 11 anos. “Grande parte das crianças constroem ferramentas socioemocionais com convívio no espaço escolar. Como não puderam vivenciar, ficaram sem desenvolver importantes habilidades”, destaca Fernanda.

O retorno à escola marcou a retomada de um aprendizado em recomeços. Em alguns casos, do marco zero. “Precisaram reaprender a ocupar esse espaço, tanto do ponto de vista de como se comportar e se portar, assim como se relacionar com os pares e todos os integrantes da comunidade escolar”, acrescenta a diretora do Bernoulli.

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