'deveres espirituais'

Casamento de líder religioso de 63 anos com menina de 12 gera indignação

Caso aconteceu em Gana, onde a idade mínima legal para o casamento é de 18 anos

Por Agências
Publicado em 03 de abril de 2024 | 15:02
 
 
Imagem do anúncio de casamento entre Gborbu Wulomo e a menina Foto: Reprodução / Imprensa de Gana

O casamento de um líder religioso animista de 63 anos com uma adolescente provocou uma onda de indignação em Gana e protestos pedindo a prisão do sacerdote neste país da África Ocidental. 

O religioso, Nuumo Borketey Laweh Tsuru XXXIII, também conhecido como Gborbu Wulomo, casou-se com a jovem no último sábado (30) em uma cerimônia tradicional, perto da capital, Acra. 

A polícia e as autoridades afirmaram inicialmente que a menina tinha 12 ou 13 anos, mas as autoridades tradicionais envolvidas na cerimônia afirmam que ela tem 16. 

Em Gana, a idade mínima legal para o casamento é de 18 anos. "Parece que estamos entendendo várias coisas. Por exemplo, que a idade de 12 anos que fomos levados a acreditar é falsa. A menina tem quase 16 anos... Ainda é menor", declarou o ministro dos Assuntos Religiosos, Stephen Asamoah Boateng, em entrevista a uma emissora de rádio local. 

Fotos e vídeos do casamento foram publicados nas redes sociais, o que gerou forte indignação entre internautas e ativistas pelos direitos das crianças. 

"O Estado deve agir imediatamente", disse à AFP Nana Oye Bampoe Addo, ativista e ex-ministra ganesa da Igualdade de Gênero, Crianças e Proteção Social. "O que acabou de acontecer é um crime e é ilegal", acrescentou. 

O Ministério Público abriu uma investigação e indicou que uma "infração penal" pode ter sido cometida. Para defender o casamento, o porta-voz do sacerdote, Mankralo Shwonotalor, garantiu que os cônjuges não terão relações sexuais até que a jovem tenha idade legal para fazê-lo, ou seja, 16 anos. No entanto, ele não especificou a idade da menina. 

"Não é uma cerimônia de casamento. Não há nada de sexual nisso. O líder já tem três esposas regulares. Este é um papel tradicional de ajudar o sacerdote em seus deveres espirituais", disse o porta-voz por telefone. 

Segundo ele, os direitos da adolescente, que continua frequentando a escola, não foram violados. Ela e sua mãe foram colocadas sob proteção policial logo após a cerimônia.

(AFP)