Mais de 120 dias de isolamento deixaram marcas na capital brasileira dos bares, mas as portas continuarão fechadas por um tempo ainda indefinido. As idas e vindas na Justiça nesta semana tiveram como saldo positivo a retomada das negociações, mas a taxa de ocupação acima de 80% nos leitos de UTI frustrou as expectativas dos comerciantes.
Com mais de 16 mil infectados, Belo Horizonte mantém controles estritos contra a proliferação do vírus, sob a orientação de um conselho de especialistas médicos. E as recentes pesquisas não indicam a reabertura de bares e serviços de bufê, equiparados a academias de ginástica no mais alto patamar de risco, segundo a Texas Medical Association.
Contudo, avaliar o momento de permitir a volta desse segmento da economia é como andar no fio da navalha. Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) calculam que o setor responde por 72% do Produto Interno Bruto e mais de 1 milhão de empregos na capital.
As estimativas são que as medidas de restrição levaram ao fechamento de 14 mil empresas e à demissão de 140 mil trabalhadores desde março. Isso sem falar no cerca de 1,03 milhão de empregados (uma parte significativa deles em Belo Horizonte) que estão em casa esperando a flexibilização e considerando que cada dia adicional de fechamento eleva as dívidas das empresas e, consequentemente, o risco de desemprego.
Uma nova rodada de negociação está prevista para a próxima semana, e a torcida é que um cenário epidemiológico mais positivo possibilite avanços. E que, com base no diálogo, consiga-se implantar um protocolo que permita a reabertura com segurança tanto para a economia quanto para a saúde dos belo-horizontinos.