Desde que os portugueses pisaram no Brasil, no século XVI, nossa posição no cenário comercial global é a mesma: a matéria-prima sai daqui barata e em estado bruto e volta, cara, como produto acabado. Antes, eram espelhos, ferramentas agrícolas, móveis. Agora, são smartphones, computadores, robôs, máquinas industriais.
A longínqua China é hoje o país que mais importa do Brasil, e a corrente comercial é idêntica à de séculos passados: quase 90% do que vendemos são artigos básicos, como soja e minério de ferro, enquanto 98% do que compramos são itens manufaturados.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, revelou ontem que o governo negocia a criação de uma área de livre comércio entre os dois países. Ele afirmou ainda que deseja um maior fluxo de investimentos, pois o governo se preocupa “se o país está ficando para trás”.
A participação do Brasil na economia global caiu ao seu menor nível em 38 anos, segundo dados divulgados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em abril deste ano. Após ter perdido o posto de sétima maior potência econômica do mundo, deve ceder, neste ano, a oitava posição.
A hora não é mais de se preocupar com possibilidades; é de trabalhar nas certezas, como o fato de que o país precisa crescer até alcançar seu potencial. As iniciativas em discussão pelos países que compõem o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) já são um bom começo.
Se estrangeiros quiserem colocar dinheiro em nossos portos, ferrovias, rodovias e aeroportos, ótimo. O que não podemos é criar mais um mecanismo de perpetuação da posição de simples produtor de matéria-prima, detonando mais a indústria brasileira.