Editorial

Lições da pandemia

Retomada das aulas presenciais e decisão do Colégio Militar

Por Da Redação
Publicado em 22 de setembro de 2020 | 03:00
 
 

A retomada das aulas presenciais no Colégio Militar de BH acirra o dilema que envolve a reabertura das escolas. Apesar das recomendações contrárias das administrações municipal e estadual, os estudantes começaram a retornar na manhã de ontem, de forma escalonada, à instituição administrada pelo Exército.

O aspecto do contágio é a primeira grande preocupação. Na semana passada, o secretário municipal de Saúde, Jackson Machado, disse que há um consenso das instituições internacionais de que a volta pode ser considerada segura para os alunos do ensino médio quando o patamar é de até 20 casos de coronavírus para 100 mil habitantes. Infelizmente, hoje, a capital ainda está em 160 casos para 100 mil habitantes. Mesmo com os cuidados anunciados, os indícios de que uma segunda onda de infecção atinge a Europa Ocidental mostram que, por mais recursos de que se disponha, a pandemia é capaz de resistir.

Outro ponto que não se pode negligenciar é a decisão de ontem da 3ª Vara Federal esclarecendo que a questão vai além de se a suspensão de aulas vale apenas para professores civis ou para todos: “É preciso prever e minimizar eventuais impactos negativos aos direitos das pessoas atingidas e particularmente das populações mais vulneráveis”. Há que se perguntar que lição os alunos vão tirar quando uma instituição, baseada na disciplina e na formação, atenta-se apenas à parte da lei que lhe interessa.

A pandemia já deixou marcas na educação dos jovens brasileiros que não se sabe quando serão superadas. É essencial que se combatam o quanto antes os seus efeitos, inclusive preparando o retorno às aulas presenciais. Mas isso deve ser feito com base no consenso e na observância dos preceitos da pedagogia, da medicina e do direito. Essa é a grande lição que se pode dar às novas gerações: a de uma cidadania responsável.