A pouco mais de dez dias do primeiro turno das eleições, a pesquisa do Ibope que foi divulgada anteontem traça um quadro mais concreto da sucessão, desenhando com nitidez a situação que os eleitores brasileiros vão encontrar num segundo turno.
O presidenciável Jair Bolsonaro permaneceu com os mesmos 28% de intençoes de voto da pesquisa anterior, enquanto o segundo colocado, Fernando Haddad, pulou de 19% para 22%. Em terceiro lugar, Ciro Gomes estacionou em 11% dos votos.
Com isso, a possibilidade de vingar uma terceira via parece improvável, a não ser que os votos prometidos aos demais candidatos se transfiram para Ciro por vontade do eleitorado, ou os 18% daqueles dos indecisos e dos que votarão em branco ou vão anular.
A pesquisa apurou também a taxa de rejeição a cada um dos candidatos. Bolsonaro tem a maior rejeição: 46%. Haddad é rejeitado por 30% dos consultados. Esses altos índices – os maiores da série histórica do Ibope desde 2002 – vão definir o segundo turno.
Bolsonaro não ganharia as eleições disputando o segundo turno com Haddad, Ciro e Alckmin. Perderia nos três cenários e só empataria com Marina. Os dois líderes têm os menores índices de intenções de votos no primeiro turno dos últimos 16 anos.
Em eleições anteriores, esse índice costumava beirar os 40%. A taxa de indecisos e de votos brancos e nulos não passava de 10%. O quadro eleitoral, hoje, é outro: além da pulverização, aumentou o número de eleitores desalentados com o pleito.
Esse quadro pode mudar, mas pouco. A próxima pesquisa, a ser divulgada amanhã, pode ou não confirmar uma tendência. A cada momento fica mais próxima a hora em que candidatos e eleitores terão de tomar uma decisão vital para os destinos do Brasil.
De tudo emerge uma certeza: a de que o vencedor será eleito contra a escolha real da maioria dos votos dos brasileiros.