A chegada da Páscoa é momento de esperança, em especial para os trabalhadores. A movimentação do comércio de chocolate gera empregos temporários que, estima-se, chegarão a 41 mil em todo o país, segundo a Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem). Mas a tecnologia, a variação de preços e o achatamento salarial retraem a oferta de vagas.
Especificamente para atuar na produção de ovos, bombons e outras guloseimas, a oferta de empregos temporários encolheu de 8.500 no ano passado para 7.900 na Páscoa deste ano, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Amendoim e Balas (Abicab).
A entidade atribui parte dessa retração a uma mudança de comportamento do consumidor, que tem trocado a compra na loja física pelo e-commerce – que demanda menor quantidade de mão de obra – nos últimos quatro anos. A receita de vendas nos sites, que tinha pouca expressão em 2019, chegou a 6,9% no ano passado e, neste ano, a projeção é que chegue a 16% a 20% do faturamento do setor.
Pesquisa da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) reforça essa tendência ao identificar que só 6,9% dos empresários pretendiam contratar novos funcionários no período.
Pouco ajuda o fato de o preço dos produtos subir mais que os salários. Segundo uma pesquisa do site Mercado Mineiro, o preço médio dos ovos de Páscoa subiu em torno de 35% em relação a 2022. No mesmo período, o rendimento salarial médio dos trabalhadores no Brasil subiu somente 7,5%, chegando a R$ 2.853, segundo levantamento do IBGE.
Para 55,8% dos entrevistados pelo CDL, a disparidade entre custo e renda faz com que um quarto dos clientes deva diminuir os gastos na Páscoa de 2023.
O momento de transformação gera novos desafios, com mudança no perfil da indústria e fraca recuperação do poder de compra das famílias. Por isso é essencial ter uma política econômica que incentive a produção, , reduza carga tributária e simplifique a contratação para que haja o nascimento de uma nova era de emprego.