A pandemia de coronavírus impõe desafios que só poderão ser superados com a ação coordenada de União, Estados e municípios e uma gestão segura e unificada. O crescimento explosivo dos casos de coronavírus já é um duro teste, mas encontra diante de si o complicador da severa desigualdade nas áreas de saúde e social no país.

Pelo menos sete Estados brasileiros têm menos de um leito de UTI por 10 mil habitantes. E a distribuição desse recurso, na prática, acompanha riqueza da Unidade Federativa. Das instalações do tipo no país, 30.137 estão em São Paulo (mais do que em todo o restante do Brasil somado), e a maior parte se localiza em hospitais da rede particular.

Em Minas Gerais, apesar de existirem mais de 3.000 leitos de UTI, na maioria operados pelo SUS, estima-se que 2,6 milhões de pessoas vivam em cidades onde não há tal recurso. São localidades como Vespasiano, Frutal, Januária e Almenara, com mais de 100 mil habitantes.

Minas também dispõe de mais de 6.200 respiradores, equipamento essencial no tratamento de pacientes graves da Covid-19, menos de três por 10 mil habitantes. Esse índice está dentro da recomendação da OMS, mas, novamente, nem todas as cidades contam com o recurso para uso imediato.

Essa desigualdade também se reflete dentro dos grandes centros, nas mais de 13 milhões de pessoas que vivem em comunidades carentes. Um levantamento do Data Favela aponta que sete em cada dez não terão como manter as famílias no isolamento, pois vivem de trabalhos informais.

São problemas cuja solução é impossível sem cooperação, independentemente de divisas geográficas e administrativas, e que, se não enfrentados solidariamente, perpetuarão a desigualdade e levarão ao fracasso do combate à pandemia.