A luta contra a destruição da Amazônia não é mais bandeira apenas de organizações não governamentais e entidades ambientais. CEOs de 38 grandes grupos empresariais brasileiros e de quatro entidades setoriais cobraram ações efetivas do governo em carta ao vice-presidente Hamilton Mourão, presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, bem como ao Senado, à Câmara, ao Supremo Tribunal Federal e à Procuradoria Geral da República.
Os executivos e empresários afirmam que as perdas não se restringem à reputação brasileira, mas a um risco concreto de fuga de investimentos estrangeiros caso não se controle o desmatamento ilegal, que cresceu 55% no primeiro quadrimestre em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados do Fórum Econômico Mundial (WEF).
Desde junho, um grupo de 32 instituições financeiras, que controla ativos avaliados em mais de US$ 4,5 trilhões – o equivalente a dois terços do PIB brasileiro do ano passado –, tem advertido governo e empresas de que ou o Brasil combate efetivamente a destruição da floresta, ou corre o risco de perder capital e sofrer boicotes.
Se, por um lado, a Amazônia é uma reserva gigantesca capaz de minimizar os efeitos dos gases do efeito estufa emitidos por indústrias do globo inteiro, por outro a queima anual de suas árvores lança na atmosfera meio bilhão de toneladas de carbono.
E a prática das queimadas nem sequer é produtiva. A região entre a Amazônia e o Cerrado onde ocorre 88% do desmate para exportação de carne e soja responde por apenas 9% das vendas de grão para a China e 7% para a União Europeia. Ao lançar a carta da economia na mesa, os empresários podem conseguir frear a destruição de um dos bens mais valiosos do planeta.