Jose Reis Chaves

José Reis Chaves é teósofo e biblista e escreve às segundas-feiras

A modernização da Bíblia é para tirar dela as ideias espíritas

Publicado em: Seg, 18/06/18 - 03h00

Lamentavelmente, os tradutores da Bíblia para o português a têm falsificado muito. Isso porque o Brasil é o país mais espírita do mundo, e os adversários dessa doutrina perseguem-na, constantemente. E assim, com o pretexto de modernizarem a linguagem da Bíblia, na verdade, tiram dela seus textos espíritas. Além disso, líderes religiosos fanáticos fazem interpretações absurdas dela.

E eis exemplos: “Amados, não deis crédito a qualquer espírito, mas examinai os espíritos, para ver se procedem de Deus, pois muitos falsos profetas se espalharam pelo mundo” (1 João 4: 1).

João aconselha-nos a examinarmos os espíritos manifestantes, a fim de não darmos crédito às doutrinas erradas dos espíritos ainda impuros. E diz que o mundo está cheio de falsos profetas, os que ensinam erros recebidos desses espíritos. Hoje, os profetas são chamados de médiuns e sensitivos.

Ao nos ensinar que devemos examinar os espíritos, João aconselha-nos a prática do espiritismo, pois o contato com eles é espiritismo. Realmente, a pneumatologia era comum entre os primeiros cristãos. Daí, o espiritismo ser chamado também de cristianismo redivivo. 

E eis a tradução desse texto de 1 João 4: 1 pela Igreja Assembleia de Deus, no seu Novo Testamento: “A Grande Descoberta”: “Mui queridos amigos, não creiam sempre em tudo o que vocês ouvem, só porque alguém diz que é uma mensagem de Deus: examinem primeiro, para ver se realmente é. Porque há muitos mestres falsos por aí”. Veja-se que nem sequer a palavra espírito está na tradução!

Por oportuno, lembremo-nos de que o Espírito Santo da Terceira Pessoa Trinitária, que respeitamos, era desconhecido dos apóstolos e das primeiras gerações cristãs, o qual foi criado, mais tarde, pelos teólogos trinitaristas. Por ele ter tido muita resistência de outros teólogos, foi transformado em um dos dogmas cristãos. E ai de quem negasse um dos dogmas! Em grego, a língua em que foi escrito o Novo Testamento, não está escrito “o” Espírito Santo, mas “um” espírito santo ou bom. Inclusive, são Jerônimo, na sua Vulgata Latina, diz “spiritus bonus”.

Durante 2.000 anos, a tradução de João 3: 3 foi: é necessário “nascer de novo”. Agora: é necessário “nascer do alto”.

Outra tradução nova é: “...visito a iniquidade dos pais nos filhos ‘até’ à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem” (Êxodo 20: 5). Ela quer dizer que o pecado do pai é punido nele, nos seus filhos, netos e bisnetos. Ora, somente paga o pecado seu autor (Ezequiel 18: 20). Esse texto de uma Bíblia mais antiga era: “... porque eu visito a iniquidade dos pais nos filhos, ‘na’ terceira (netos) e ‘na’ quarta (bisnetos) gerações daqueles que me odeiam”. As aspas são minhas. Observe-se aqui que o mesmo espírito do pai pecador, já desencarnado, pode reencarnar num de seus filhos e, com mais razão, num de seus netos ou bisnetos. E, também, na “Vulgata Latina”, temos: “in terciam et in quartam generationem” (na terceira e na quarta gerações). A preposição latina “ad” é que significa ‘até’. Mas a “in” (em) é a que é usada na Vulgata e nas bíblias antigas. Portanto, essa preposição “até”, nas traduções novas, está errada, e isso para ocultar a ideia da reencarnação.

Essas passagens bastam para nos mostrar que, realmente, a modernização da linguagem da Bíblia, na verdade, é tirar dela as ideias espíritas. E há muitos outros exemplos!

PS: Para seminários e palestras bíblico-espíritas deste colunista: (31) 3373-6870 e jreischaves@gmail.com

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