Jose Reis Chaves

José Reis Chaves é teósofo e biblista e escreve às segundas-feiras

O espírito, mesmo pecando, evolui, pois aprendemos errando

Publicado em: Seg, 11/12/17 - 02h00

O projeto de Deus da criação do homem e de todas as coisas é perfeitíssimo. Tudo vai dar certo, no sentido de que não faltará jamais o seu amor infinito, que não cessa jamais, apesar dos contratempos de nosso livre-arbítrio. Aliás, ao dar-nos o livre arbítrio, Deus nos deu o direito de errar, o que lembra o dito popular: “Deus escreve certo por linhas tortas” bem como o texto do excelso Mestre: “A salvação vos parece impossível, mas para Deus é possível” (Mateus 19: 26). De fato, jamais o nosso livre-arbítrio poderia ser motivo de uma condenação irremediável para nós. Podemos ser condenados até por chamar alguém de “raca” (Mateus 3: 7), mas temporariamente, e não por todas as eternidades, como imainou Dante Alighieri. Se em Deus não há um átimo de segundo sem amor por nós, como admitir que Ele poderá condenar-nos por todas as eternidades?

E eis o título de uma coluna minha antiga: “Fizeram uma confusão dos diabos com o diabo”. Segundo o americano Bart D. Ehrman, considerado, atualmente, como o maior biblista do mundo, a Bíblia tem cerca de 400.000 alterações. Também “O Seminário de Jesus” afirma que é verdade apenas 18 % do que a Bíblia diz que Jesus disse. Ademais, como se fala muito, Jesus mesmo não escreveu nada. E, assim, como aceitar, como verdades absolutas, tudo o que dizem que Jesus disse? E a confusão que os teólogos fizeram com os demônios, os diabos, satanás, belzebu, lúcifer etc. é, realmente, uma confusão dos diabos! Assim, pois, como afirmar, com certeza, que Jesus usou a palavra diabo, com o mesmo significado de demônio, se se sabe que, no grego, a língua do original evangélico, “diabolos” (adversário) é apenas um ‘símbolo’ do mal e de um espírito mau, com o próprio demônio (“daimon”), que significa alma ou Espírito humano? Certamente, a confusão com as citadas palavras não é de Jesus, mas dos teólogos e biblistas, desde os primórdios do cristianismo.

E reporto-me a um assunto dessa coluna, no espaço do fórum de religiões que se criou com os comentários, no final das suas matérias, no Portal de O TEMPO. Espaço esse que, como já o dissemos em outras matérias, está sendo considerado por muitos como o maior fórum de religiões em jornais da América Latina, o qual recomendamos, pois, de fato, são interessantes as abordagens religiosas feitas nele pelos seus comentaristas, inclusive do exterior. Nele, muito se aprende sobre religiões. Para os espíritas, então, é uma coqueluche. Os adversários do espiritismo usam a Bíblia para atacá-lo, enquanto que os espíritas, além de usarem também a Bíblia para defendê-lo, usam igualmente argumentos científicos, filosóficos e tudo fundamentado numa fé raciocinada, como é ensinada por Kardec.

Mas por que, mesmo pecando ou errando, os espíritos evoluem? Eles são criados simples e ignorantes, como se fossem neutros ou zero quilômetro. A “Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal” simboliza o momento em que eles recebem a razão e o livre-arbítrio. Daí em diante, eles só progridem moralmente, às vezes, ficando estacionados, por algum tempo. Mas como mesmo que, até quando cometem erros, eles evoluem? Porque acabam aprendendo as consequências dos erros, o que lembra a frase popular: “Errando, aprendemos!”

PS: Correção de dois lapsos meus, na matéria “O Espiritismo está na Bíblia, só não vê quem não quer ver”, de 4-12-2017. No primeiro parágrafo, substituir as expressões “duas razões”, por “dois modos” e “a segunda razão”, por “o segundo modo”.

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