O inferno é bíblico, mas não pode ser interpretado literalmente como vem acontecendo, geralmente, desde o início cristianismo.
Como os autores da Bíblia são da época mitológica, e eles habitavam o Oriente Médio, uma região fortemente influenciada pelos poderosos povos antigos mitológicos da Grécia e de Roma, os autores bíblicos receberam deles as influências da mitologia. Um exemplo disso na Bíblia é o inferno. E esse nome, em grego “Hades”, é também o próprio nome do deus ou rei dos infernos. Mais tarde, o Plutão da mitologia romana, deus dos mortos, identifica-se com “Hades”. E há outros nomes para o inferno: Geena, Seol, Ínferos, Tártaro etc.
Quem fosse para o inferno, é como quem fizesse uma viagem sem volta, quer dizer, sofreria lá para sempre, ou como se diz eternamente, sem a mínima esperança de, um dia, sair dele. E o pior de tudo isso é que, de todos os seres existentes, só Deus é incriado, o que equivale dizer que o inferno foi criado, e o seu criador seria nada menos do que o próprio Deus! Assim, o inferno interpretado literalmente criou uma das maiores polêmicas entre os teólogos cristãos. Aliás, desde os primórdios do cristianismo, esse inferno nunca deixou de ser polêmico entre os teólogos cristãos. Alguns dos antigos padres da Igreja, entre eles são Gregório de Nissa, irmão de são Basílio e bispo de Nissa, não aceitavam a eternidade do inferno. Também são Gregório Nazianzeno, doutor da Igreja e bispo de Constantinopla, segundo alguns teólogos, teria pensamento semelhante ao do seu xará, bispo de Nissa. E esses dois santos bispos são tidos como dos mais respeitados teólogos das primeiras gerações do cristianismo primitivo.
Realmente, o inferno bíblico interpretado literalmente como um local geográfico de terríveis sofrimentos, que jamais têm fim e criado por Deus, destoa com o conceito que se tem de Deus segundo a própria Bíblia. O evangelista João define Deus como amor (1 João 4: 8). E como se sabe, o próprio Jesus ensinou que Deus é Pai Dele e de todos nós. Como, pois, atribuir a Deus esse tal de inferno? A crença literal nele transforma Deus no maior carrasco torturador cósmico. Além disso, se o Mestre dos mestres diz que a cada um será dado segundo suas obras, para um indivíduo receber uma pena de tempo sem fim, ele deveria ter também cometido pecados durante um tempo sem fim, o que é impossível. E assim também, essa pena seria totalmente injusta, pois seria infinitamente maior do que os pecados da pessoa. Ademais, injustiça é uma coisa que jamais podemos atribuir a Deus, que é um Ser infinitamente perfeito. Os teólogos tentaram justificar a existência do inferno com o argumento de que as ofensas feitas a esse Ser infinitamente perfeito merecem também penas infinitas, o que é um erro, pois Deus não sofre com os nossos pecados. Eles são contra a lei de Deus, mas quem sofre com eles é nosso semelhante e, por consequência o autor dos pecados, pois colhemos o que semeamos.
Aonde formos e onde estivermos, nós encarnados ou desencarnados levamos conosco o nosso céu, ou nosso purgatório ou nosso inferno, ou seja, sempre colhendo o que semeamos. Assim é que o Inferno bíblico e mitológico interpretado literalmente, o Inferno é de uma teologia ao contrário, fazendo de Deus o rei do universo das torturas, quando na verdade Deus é o maior Ser cósmico de bondade existente!
PS: Agora em DVD “Nos Passos do Mestre”. Direção de André Marouço.http://www.mundomaior.com.br/