É notório, desde sempre, que os homens que desenvolvem em si a força interior do espírito, mais que a força exterior na materialidade, passaram a ser credores da simpatia, devoção e amor dos melhores entre os homens. Alguns alcançaram as multidões, outros grupos seletos eternizando sua passagem, e continuam a ser cultuados, respeitados, invocados e venerados. 

Quem possui o coração, a alma, o amor de alguém o possui também por inteiro, o seu corpo e tudo que lhe pertence, pois nada explorará, apenas dará alento em qualquer ocasião. 

Essa lei cósmica e sublime não é de apenas um credo, uma filosofia, trata-se de uma regra universal, insubjugável, onipresente em todas as pessoas “santas” que transitaram neste planeta. 

Não são as armas que conquistam o coração e a alma, ou farão indissoluvelmente a relação entre seres sencientes, apenas a suavidade e energia do amor, da benevolência, da não violência e da não agressividade. Essa forma de viver, paradoxalmente, é privilégio de poucos homens da atual geração. Ainda vivemos uma era marcada pela predominância dos violentos, dos dissimulados, dos demagogos, que pregam o contrário do que lhes é próprio, exploram a ignorância e não se importam com o sofrimento de seus semelhantes. Infelizmente, a falsidade submete, ainda nestes dias, o intelecto débil, a verdadeira maioria, e predomina numa humanidade “adolescente”, analfabeta funcional, não amadurecida e, por isso, frágil. 

O medo, a ignorância, o egoísmo, como ensinou meu guru, predominam, influenciam, mas não realizam, e nunca realizarão, avanços evolutivos, nem cativarão o respeito que o amor consagra. Podem os violentos e dissimulados conquistar a terra pela força de armas e pelas carnificinas, mas nunca “possuirão” a terra, menos ainda os homens da terra. O verdadeiro “possuidor” é aquele que conquista as almas e o coração, não aquele que com o engano rouba a confiança, o voto, a boa-fé. 

Para possuir de verdade, deve haver correspondência natural, espiritual, consensual. Pode-se acorrentar um corpo, um bem material, um grupo, uma cidade, mas até esse predador, em sua débil sensibilidade, não conquista a alma, apenas ilude os sentidos físicos. A única forma de sucesso é bilateral e consciente, como duas partes de uma louça que se reencontram e encaixam, perdidas que estavam na eternidade. 

Nenhuma posse unilateral é duradoura, sólida, abençoada cosmicamente. É um patrão de algo escravizado. 

Se, no campo espiritual, apenas quem desenvolve sua sensibilidade cultua a divina presença que se abriga em qualquer ser vivo, não paira dúvida de que vivemos uma época ainda moralmente primitiva a determinar a sociedade. O tempo gerará a evolução; no curto prazo cabe contribuir com exemplos, ações, bons pensamentos, injetando positividade, ao contrário do que fazem essas redes de ódio, desabridas ou dissimuladas, que sacodem negativamente a sociedade. Que pregam o confronto, que conspiram para o “quanto pior, melhor”, insensíveis ao oceano de injustiça, de desespero, de miséria e sofrimento injusto e injustificado que castiga os mais frágeis. 

O tempo que se gasta em criticar, em condenar, aviltar e plantar cizânia, fosse em mínima parte usado para resolver problemas que afetam nossos vizinhos e precisam apenas de um simples gesto, se as crianças e os adolescentes fossem respeitados com o bom exemplo de pai e de adultos, não estaríamos lamentando. Se em mínima parte o tempo gasto em cobrança de direitos fosse despendido na aplicação dos deveres morais do Homem, com H maiúsculo, rios de lágrimas seriam poupados.