Sem unanimidade

Eventual apoio ao ex-presidente Lula divide o diretório estadual do PSB

Há socialistas que defendem outras alternativas para as eleições presidenciais, mesmo com negociações com os petistas

Por Gabriel Ferreira Borges
Publicado em 19 de outubro de 2021 | 04:00
 
 

Um eventual apoio do PSB à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto em 2022 divide mandatários locais. Ainda que o presidente do PSB, Carlos Siqueira, negocie uma composição majoritária com os petistas, há socialistas que defendem outras alternativas para as eleições presidenciais, desde o apoio a uma hipotética terceira via até uma candidatura própria. Atritos passados entre ambas as legendas ainda ressoam no PSB.

Conforme o jornal “O Globo”, Siqueira e Lula reuniram-se em 5 de outubro para discutir eventual apoio em 2022. Entretanto, como contrapartida, o presidente do PSB teria exigido ao petista apoio aos candidatos aos governos de Pernambuco, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Acre, Rio Grande do Sul e São Paulo. Em 2018, por exemplo, após acordo, o PSB declarou neutralidade no primeiro turno diante das candidaturas de Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT). O Aparte tentou contato com a Executiva nacional do PSB, mas sem sucesso. 

>Questionado sobre as tratativas, o presidente do diretório estadual do PSB, deputado federal Vilson da Fetaemg, por meio de assessoria, preferiu não comentar, alegando que “será uma decisão tomada pelos diretórios nacionais do PSB e do PT”. Em Minas, conforme apurou o Aparte, haveria uma divisão. Ao passo que uns defendem apoio a Ciro, outros sustentam apoio a Lula.

Há ainda aqueles que argumentam por outra alternativa. “Eu, por exemplo, defendo uma candidatura própria. O PSB tem quadros de relevância nacional, como o deputado federal Alessandro Molon e o Márcio França, que já se dispôs a concorrer”, admite o vice-presidente, deputado estadual Professor Cleiton.

Ele ainda faz referência a uma candidatura “outsider”. “Como seria a de Joaquim Barbosa, em 2018, caso não tivesse desistido. O PSB chegou a convidar a empresária Luiza Helena Trajano para se filiar ao partido”, complementa. Cleiton explica que há uma mágoa muito grande em relação ao PT devido ao descumprimento do apoio à candidatura de Eduardo Gomes em 2014. “Pelo menos em primeiro turno, eu descartaria apoio a algum candidato, porque criaria uma amarra, o partido perderia independência”, defende.

Embora também reivindique por independência, o deputado federal Júlio Delgado, por exemplo, aponta para um eventual apoio a uma terceira via. “Defendo a unificação dos (candidatos) que estão mais centralizados, que têm um pouco mais de apelo para ser terceira via, como o governador Eduardo Leite (PSDB), o senador Rodrigo Pacheco (DEM) e a senadora Simone Tebet (MDB)”, afirma. De acordo com Júlio, uma terceira via reunificaria o país. “Nem Lula muito menos Bolsonaro têm capacidade para distensionar essa corda. Se me couber um papel interno, mesmo como dissidente, vou trabalhar para consumar essa via”, disse. 

O deputado federal aponta que muitas pessoas teriam ido para o PSB para já consumar durante o primeiro turno o apoio a Lula. “Eu preferia ter uma outra opção para fugirmos da polarização entre Bolsonaro e Lula.”, pontua. Questionado se os nomes apontados seriam do deputado federal Marcelo Freixo e do governador do Maranhão, Flávio Dino, Júlio confirmou. “São dois excelentes quadros. A vinda deles foi unanimidade, uma aceitação tremenda. Mas a gente não pode, em função deles, tomar uma alternativa que não seja ir mais longe ainda.”

Outros quadros do PSB estão mais à margem da discussão de eventual apoio a Lula. O deputado federal Emidinho Madeira, por exemplo, conforme apurou o Aparte, pode deixar o partido. Emidinho foi até São Roque de Minas, na região Centro-Oeste, para acompanhar a visita do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nesta segunda-feira (18) em meio ao lançamento do programa Jornada das Águas. Questionado, o deputado, por meio de assessoria, afirmou que é da região e tinha agenda em Piumhi, próximo a São Roque de Minas. A respeito das negociações entre PSB e PT, Emidinho preferiu não se manifestar.