A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) não enviou representantes para a audiência pública sobre os impactos socioambientais da Stock Car na capital mineira, realizada nesta quinta-feira (29) pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Foram convidados para a reunião os secretários municipais de Política Urbana, João Antônio Fleury Teixeira; de Meio Ambiente, José Reis Nogueira de Barros; de Obras e Infraestrutura, Leandro César Pereira; o presidente da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica, Gelson Antonio Leite; e o superintendente de Desenvolvimento da capital, Henrique de Castilho Marques de Sousa. Outra ausência importante foi a do CEO da Speed Seven, promotora da Stock Car, Sérgio Sette Câmara.

Além do silêncio da prefeitura, duramente criticado em vários momentos da reunião, outro aspecto amplamente destacado foi o impacto do corte das árvores no clima da cidade. O deputado estadual Betão (PT), afirmou que a medida é de uma “estupidez de tamanho jamais visto”, principalmente em uma cidade como Belo Horizonte, “que passa por um crescimento médio das temperaturas em função da grande quantidade de asfalto, de materiais de construção, e que precisa cada vez mais de vegetação”.

A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL) também demonstrou preocupação com as alterações climáticas, avaliando que qualquer processo de substituição da vegetação demora para gerar resultados. “Nenhum dinheiro ou lobby vai reflorestar em pouco tempo, então nossa luta não é somente para reflorestar, por isso quando falamos de compensação ou de mitigação, nossa luta é para não desmatar, porque a árvore que é derrubada hoje só vai estar de volta daqui a 60 ou 100 anos”.

Coordenadora do movimento pelos direitos dos animais, Adriana Araújo falou ainda sobre o risco de aumento dos casos de arboviroses como dengue, zika, chikungunya e febre amarela, além do impacto na fauna local. “Nós temos animais no Hospital Veterinário, nós temos animais de vida livre na mata da UFMG, na Estação Ecológica, no Parque Ecológico, no Zoológico, não vi ninguém sair em defesa desses animais, mesmo sabendo que eles têm uma audição muito mais aguçada do que a nossa”, afirmou a ativista.

Por fim, também foram destacadas algumas garantias previstas no Código Civil, que não podem ser sobrepostas a quaisquer leis municipais, como alertou o advogado e integrante do Arboriza BH. Humberto Gomes Macedo. Ele pontuou que “toda propriedade deve garantir à vizinhança saúde, segurança e sossego, e com as teses jurídicas nós acrescentamos também a sustentabilidade, e como já disseram alguns colegas, e eu vou ratificar, existe na vizinhança a UFMG, que precisa participar do processo para trazer a esfera federal e trazer um equilíbrio maior para essa história”.

A PBH foi questionada sobre os motivos para a ausência na audiência, mas não respondeu ao contato da reportagem.